"Pobre Brasil, um pais condenado a dar certo" Autor desconhecido.
Expansão e crise da produção agrária.
A produção
agrária no Brasil atual e no passado obedeceu às peculiaridades de cada região,
com comportamentos diferentes, bem como sua população, desenvolveu-se de
maneira própria e independente com o objetivo exclusivo das exportações. Esse
fato compara-se a diferentes unidades com o intuito de formar um todo, por isso
essa diferença agrária que caracteriza a economia brasileira.
Café
Este é
considerado o primeiro e o mais soberano de todos os produtos brasileiros, este
status foi adquirido por ser o primeiro gênero primário do comercio
internacional, fato esse devido graças às grandes plantações do produto pelas
mãos estrangeiras de imigrantes, principalmente dos italianos. São Paulo foi o
estado que mais se beneficiou com o regime republicano visto que a onda
imigratória neste local revelou-se um complexo e perfeito sistema laboral de
trabalhadores que vinham dos mais variados recantos do mundo.
Este processo
cafeeiro foi à mola propulsora da prosperidade paulista, rendendo a capital os
“louros” dos lucros graças aos dois milhões de trabalhadores estrangeiros que
trabalhavam nas plantações de café devido a sua notável capacidade de
persistência e esforço de organização. Apesar de todo esse sucesso, nem sempre
foi assim, esse processo ocorreu através de ondas irregulares devido às
dimensões do país, por isso seu crescimento não foi uniforme. O oeste paulista
foi a “bola” da vez, mesmo sendo inicialmente uma região desértica,
transformou-se ma Meca de novas culturas, na parte oriental que fazia parte com
RJ e MG, o processo já havia sido iniciado no período do império,
posteriormente sobraram apenas às ruínas do que foi o império senhorial com
seus casarões e antigas residências em ruínas, no lugar das imensas plantações
de café agora restava apenas pasto para o gado miserável e ralo.
Fora das
fronteiras paulistas, o estado capixaba apresentava semelhança com São Paulo,
fato ocorrido por usarem vastas áreas virgens até então, mas isso não duraria
muito tempo, pelo fato de não terem a pujança do estado paulista. No norte
brasileiro, além da BA, PE e CE, essa cultura não sobreviveu ficando como
cultura alternativa devido às carências do solo e do clima não ser propicio
para o cultivo bem como para os trabalhadores que estavam acostumados com o
clima europeu. A geografia
paulista tinha tudo haver com o que era necessário para se plantar café, assim
o trabalhador estrangeiro ficaria mais a vontade para produzir de maneira
consciente o seu papel em relação ao cultivo da lavoura.
Esse progresso todo ocorreu graças ao trabalho livre dos imigrantes, fato esse explicado no contexto social, visto que agora eles não seriam mais escravos de alguém e sim trabalhadores que receberiam pelos serviços prestados. Existiram vários fatores anteriores a esse apogeu que favoreceram a cultura cafeeira, como por exemplo, o inicio da República, lembrando que o café demorava em média cinco anos para começar a produzir, inicialmente ocorreu o declínio do preço formando estoques intermináveis, a situação ficaria pior com a desvalorização da moeda.
Esse progresso todo ocorreu graças ao trabalho livre dos imigrantes, fato esse explicado no contexto social, visto que agora eles não seriam mais escravos de alguém e sim trabalhadores que receberiam pelos serviços prestados. Existiram vários fatores anteriores a esse apogeu que favoreceram a cultura cafeeira, como por exemplo, o inicio da República, lembrando que o café demorava em média cinco anos para começar a produzir, inicialmente ocorreu o declínio do preço formando estoques intermináveis, a situação ficaria pior com a desvalorização da moeda.
A maior causa
para que isso acontecesse foi à própria produção excessiva do café, associadas às
oscilações do mercado e do clima, fato este que causou a destruição de milhares
de quilos do produto em 1925, essa crise perdurou por vários anos. Sua colheita
era feita por um período de aproximadamente quatro meses, assim o mercado
ficaria com excesso de produção, o preço despencaria, assim o produto não seria
vendido, e tardamente o preço subiria. Estes eventos
levaram a obrigação de criar a Comissão do Café do Estado de São Paulo, esse
órgão ditaria o controle absoluto do produto no mercado cafeeiro. Como a
historia é cíclica, o mesmo ocorre anos depois na economia do país no advento
da primeira guerra mundial, desorganizando o comercio mundial e retraindo os
mercados de consumo, mais uma vez o preço dos produtos diminuiriam associados
às geadas de 1918 que devastaram com os cafezais paulistas.
Com o término da
guerra, o preço do produto sobe novamente, devido às atividades européias
voltarem paulatinamente ao que eram antes do flagelo. Antes da guerra o
comercio obedecia à ordem natural de negociações, a guerra mudaria todo esse
cenário, fazendo vir à tona os interesses capitalistas dos grupos concorrentes formando
grandes trustes financeiros que agora operavam sem concorrentes de mercado. São Paulo se
protegeria dessas manobras políticas através do Instituto do Café como órgão
controlador do café exportado procurando manter o equilíbrio entre a oferta e
procura. Entre suas obrigações, o instituto regularia o café em armazéns da
maneira que bem entendesse, operacionalizando-o de acordo com a demanda do
mercado. Esse dispositivo evitaria o destino que o café teve em 1906.
Esse fenômeno
causaria o acumulo do produto em estoques infindáveis, e a cada ano a situação
piorava cada vez mais, o produto acabou se tornando refém de si mesmo graças às
medidas desastrosas do instituto, com isso as dividas ser tornaram exorbitante
e o desfecho final veio com a quebra da bolsa de NY em 1929 derrubando o preço
do café em mais de 30%, assim os financiamentos escasseariam, piorando o que já
estava ruim, a ruína do café era iminente.
Borracha.
Paralelo a
bonança do café no sudeste brasileiro, a borracha representou o mesmo significado
no norte do país, o produto era obtido da seringueira, muito comum nos trópicos
americanos utilizado pelos indígenas na confecção de calçados, mantos, etc. A
historia da borracha tem inicio com a inglesa Priestley em 1770 quando
observaram que a borracha apagava os traços de lápis.
Em 1823 Charles
Mackintosh dissolveu a borracha criando roupas impermeáveis, a grande sacada da
borracha, porém, ocorreu em 1842 quando a americana Goodyear e a inglesa
Hancock combinaram a borracha com enxofre, flexibilizando o novo produto
inalterável as temperaturas, tornando o produto utilizado em larga escala nos
aros das rodas dos veículos pela indústria. A extração do
produto na floresta brasileira era feita com mão de obra pela escassez dos
habitantes da região, com a crise nordestina de 1877 a 18890 ocorreu uma
onda migratória para o norte, esse crescimento continuaria ininterrupto por
mais de 20 anos. A região de maior produtividade do produto seria a bacia do
baixo Amazonas.
A exploração
desordenada da borracha nas florestas brasileiras entraria em conflito com a
riquíssima borracha boliviana que já ocupavam esse território através da
presença de militares; iniciou-se o conflito entre brasileiros e bolivianos que
posteriormente foram resolvidos através do pagamento de 2.000.000 de libras
esterlinas pelo estado brasileiro aos bolivianos, com isso receberiam terras
que configurariam o Território do Acre. Todo o processo
de obter o material era rudimentar e escasso, caracterizando uma indústria de
selva tropical. O trabalhador construiria sua choupana na beira da estrada, e
no inicio de cada dia, recolheria a goma permanecendo isolado durante semanas,
e quando havia o contato através do transporte fluvial, recebia os gêneros
alimentícios para seu consumo.
Nas folgas ele
se dirigia ao vilarejo mais próximo que geralmente pertencia ao dono da
exploração e praticamente gastava seu dinheiro com bebidas e mulheres, acabando
com seu salário já minguado. As dividas eram infindáveis, pois ele começava
trabalhar tendo que pagar pelo rudimentar machado, faca e tigela para recolher
a goma; era comum a divida com seu patrão por causa da viajem ao local de
trabalho, pois já chegava devendo sem ter recebido. Essas dividas
dificilmente eram pagas pelo fato delas sempre ultrapassarem o valor do salário
a ser pago, outro fator que tornava essa divida impagável era o preço dos
produtos absurdamente caros, além do patrão com seu hábil jogo de enganar o
seringueiro analfabeto, ludibriando-o totalmente. Esse era o habitat do
trabalhador, rústico, sofrido e altamente explorado.
Em relação às
seringueiras, nada era feito para a proteção e conservação das plantas, pelo
fato de tudo ser exaustivamente usado, a floresta desaparecia rapidamente,
esgotando as reservas paulatinamente, tornando-as cada vez mais escassas e
dispersas, de difícil acesso, a ruína era anunciada em curto prazo. Esse modelo
de produção não faria frente aos métodos utilizados pelos orientais que não
tardamente substituiriam o nosso produto nos mercados mundiais. O ápice da
borracha brasileira ocorreu em 1912, depois disso, foi somente queda; outro
fator que contribuiu para isso foi o contrabando das sementes para Londres e
semeadas no jardim de Kew, depois transportadas para as colônias inglesas do
Ceilão e Singapura, dando origem as gigantescas plantações na Malásia que
posteriormente desbancariam as produções da America.
Era
relativamente fácil entender a lógica do ciclo da borracha americana sendo
desbancada pela borracha produzida na Ásia, pois os meios de produção eram
altamente avançados se comparados com os daqui, as técnicas adotadas pela
Inglaterra, França e Holanda fizeram o Brasil passar por um mero produtor
devido a sua precariedade de extração frente ao comercio industrializado
europeu. O colapso da
borracha era anunciado há tempos, mas mesmo assim, enquanto durou foi erguida a
bela Manaus em plena crise, bem como Belém do Para e o “longínquo” Acre. A
representatividade máxima dessa empreitada foi à construção do teatro municipal
de Manaus, considerado um misto de imponência e mau gosto, centro encontro da
então elite regional e internacional; passado o período da borracha, pouco ou
nada sobrou, restando apenas às ruínas das cidades abandonadas que se desfaziam
aos poucos como os sonhos de quem trabalhou por lá, dando boas vindas a mata
que agora ocupara seu lugar novamente. Esse episodio é mais um elemento de
nossa controversa economia.
Cacau
Foi um produto
produzido em pequena escala se comparado ao açúcar e a borracha, abrangia áreas
desde o Amazonas até o sul da Bahia, tido como o lugar perfeito para o seu
cultivo. A exportação desse produto representou o a maior fonte de riqueza do
período no vale amazônico. O consumo do chocolate no século XX através da sua
industrialização atingiu a sua máxima em países consumidores como os EUA e a
Europa. No Brasil o vale
amazônico seria o grande centro de produção do cacau, sendo a sua primeira
extração datada oficialmente em 1825 para a Inglaterra, o período coincide com
o da borracha. Isso não foi uma mera coincidência, em termos de mão de obra,
foram utilizado o mesmo processo de mão de obra imigrante nordestina.
Essa produção
era bastante disputada com as regiões, sobretudo da África em São Tomé, apesar
do desenvolvimento brasileiro ser maior e o consumo mundial aumentar
vertiginosamente, era considerado uma época de prosperidade. A Bahia foi
beneficiada com esse bem estar, depois de um longo período de decadência e
estagnação do ciclo açucareiro, responsável por elevar Salvador a capital da
colônia e uma das principais cidades das Américas.
Açúcar
Foi mais uma das
atividades agrárias de nosso país, lembrando que não representavam o conjunto
republicano até 1930, representava apenas o medíocre papel da insignificante
expansão econômica. Essa produção não representaria ainda a principal atividade
da economia colonial em especial nas regiões do litoral nordestino e carioca,
locais de maiores concentrações populacionais, sendo que essa produção se
destacava por ser de exportação e não para o consumo interno.
Depois de seu
declínio como os mercados estrangeiros, não restou alternativa a não ser o
mercado interno, agora mergulhado em crises abissais, por causa da falta da
estrutura brasileira nas regiões que se praticava essa monocultura insistente,
sem diversificar a economia a procura de outros meios para garantir novas
perspectivas, fato esse que condenou novamente a estagnação. Existiram
fatores que contribuíram para esse declínio, podendo ser citados novamente a
concorrência européia com sua colônias espalhadas pelo mundo todo, fato esse
superado pelo uso de novas tecnologias e outras circunstancias mais favoráveis
como clima, localização, maiores investimentos. O Brasil perdeu seu mercado
externo restando-lhe novamente o consolo do mercado interno, fato esse tido como
possível solução a médio prazo para a crise nas regiões praticadas por essa
monocultura, esse episodio permitiu respirar temporariamente, mesmo em
condições precárias até o desenvolvimento da cultura cafeeira no sudeste.
Essa solução
temporária permitiu-lhes diversificar outras culturas alimentícias para
compensar em partes a perda dos velhos mercados; a situação piorou com as
sucessivas crises do café em
São Paulo , o estado então começou a produzir a sua cultura de
alimentos, que agora era desvantajoso para o nordeste. Como o estado paulista
crescia paulatinamente, ele foi obrigado a produzir a sua base alimentícia,
decretando a ruínas as regiões antes produtoras, assim, a economia açucareira
encerraria o seu sistema de distribuição e seria obrigado a criar um órgão que
desse acessória a eles, por causa desses fatos, foi criado o Instituto do
Açúcar e do Álcool, responsáveis agora pelo controle dos preços no mercado.
A indústria
açucareira sempre foi inferior se comparada a dos outros países, fato esse
motivador e vitorioso a economia internacional, a remodelação dos engenhos era
árdua, penosa e lenta, por cauda dessa lentidão, os engenhos foram obrigados a
criar os chamados engenhos centrais, responsáveis pela moagem da cana de açúcar
em grandes quantidades, esse fato garantiu por parte do governo mais apoio e
incentivos como medidas de baixo juros e auxílios financeiros. Embora fossem
medidas paliativas, o açúcar teria o mesmo destino da borracha, novamente
iniciou-se o processo de liquide dos engenhos, eles não poderiam concorrer com
a indústria açucareira, fato este responsável pela vendas da cana unificando-a
a produção agrícola, o controle agora era feito pelos usineiros que se
aproveitariam das seguidas crises para comprar os velhos engenhos. O tempo foi
responsável pelo desaparecimento dos engenhos agora comandados pelos usineiros,
as antigas propriedades não existiam mais, restando apenas as ruínas e o nome
que eles um dia foram.
Pequenas propriedades
A fase moderna
da republica caracteriza-se pela partilha das grandes propriedades fundiária e
rural e o aparecimento crescente das pequenas propriedades quase inexistentes
no passado; no inicio de nossa colonização era exatamente o oposto por causa da
economia de exportação em larga escala como o açúcar, borracha, algodão e
cacau. Fato esse
resultado da nova tendência econômica de pequenos pedaços de terra para
produzir, isso propiciou o imediato progresso agrário, necessitando da mão de
obra européia, posteriormente foi utilizada a mão de obra asiática em sua
maioria pelos japoneses. Os trabalhadores brasileiros se disponibilizariam aos
pequenos proprietários, pelo fato dessas terras não terem a grande
responsabilidade de ter que obrigatoriamente produzir, agora não eram mais
subordinados a mais nem um patrão, eles eram os patrões e esse ambiente pequeno
era o ideal para o seu desenvolvimento.
Esses m“micro núcleos” se fizera presentes em regiões como o Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e o Paraná, em São
Paulo eles sofreriam concorrência com os imigrantes; a
política de colonização voltaria no inicio do nosso século com as levas de
imigrantes italianos, posteriormente os países de onde essas pessoas
descenderiam criariam medidas restritivas a essa corrente migratória. O lucro agora
era voltado para a produção cafeeira das camadas sociais que se livraram do
trabalho e se estabeleceram por conta própria, esses fatos tiveram a sua
relevância na distribuição dessas pequenas propriedades, principalmente em São
Paulo. Outro fato importante para esse episodio de pequenas propriedades foi o
afastamento da concorrência dessa cultura, pois nesse período de crises, o
progresso dos pequenos loteamentos agora eram prioridade ao seu progresso
ativo.
Esse movimento
embora lento fosse ganhando terreno sem obstáculos abrangendo áreas cada vez
maiores, esse processo porem no interior do Brasil em São Paulo , por exemplo,
a propriedade fundiária rural não era a favor desse estimulo trazido pelos
imigrantes europeus, que não se “aclimataram” com nossa temperatura tropical. A pequena
propriedade estabeleceu uma estrutura agrária com pequenas bases resultando
ocupações modestas nos povoados, ou seja, os posseiros, ocupantes sem títulos
as terras até então abandonadas. O processo de
retalhamento das terras deram lugar aos minifúndios, garantindo as famílias a
sua manutenção como proprietário através da produção de gêneros essenciais a
sua subsistência, sendo que essas pequenas porções de terra começavam a
representar percentualmente a sua importância na economia brasileira.
A maior parte
desses alimentos era de consumo em particular nos centros urbanos, por isso
essas propriedades se caracterizaram como responsáveis por preencher o passado
de nossa historia sobre tudo no período das exportações, agora era o
estrangeiro que ajudava na manutenção dos produtos alimentares. Esse fato
ocorreu por que grande parte dessa mão de obra era oriunda de recém egressos de
estados servis e sem tradições camponesas, despreparadas e que não apresentavam
inicialmente qualquer responsabilidade de produção. Assim, sem
qualquer obrigatoriedade eles “deram a volta por cima”, trabalhando eficazmente
na nova economia, como parte de seu viver restabelecendo vínculos com a terra e
através dessa progrediram e produziram lucros ao nosso país.
Referencia:
Senhor leitor, todas as imagens foram retiradas do site de pesquisa Google, não se sinta ofendido se por ventura, uma das imagens postadas for sua, a intenção do blog é ilustrar didaticamente os textos e não plagiar as imagens. Obrigado pela compreensão. TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RECONHECIDOS.
Mr. reader, all images were taken from the Google search site, do not feel offended if perchance, one of the images posted are your, the blog´s intentions is to illustrate didactically the text and not plagiarize images. Thank you for understanding. ALL RECOGNIZED COPYRIGHT.
Nenhum comentário:
Postar um comentário