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sexta-feira, 2 de junho de 2023

O historiador e a cultura popular

História de classe ou história do povo? – Déa Fenelon

Dea Fenelon inicia seu trabalho com questões sobre a realidade social incompreendidas pela construção das perspectivas das transformações tidas como capazes de orientar através da pratica social, o que percebe-se é o desencantamento, desesperança e cansaço, pois são anos que a sociedade brasileira atravessa para chegar à chamada transição democrática; a sensação é de que os brasileiros vivem suas agruras lentas e angustiantes do tempo para o forjamento dessa constituição, que a todo o momento sofre ataques como, por exemplo, o arrocho salarial, desemprego, inflação, tão complicada que já não há mais tentativas de tentar compreende-la. 

Esses fatos nos colocam diante da crise da modernidade ou do rompimento utópico, tem-se a impressão de vivermos sob uma ruptura que nos é revelada como um mal estar da modernidade, pois ela trata de algo indefinível, pois não traz evidencias de uma realidade concreta. Segundo Walter Benjamin, é preciso criar um conceito sobre o presente para que ele preencha o conceito histórico, nesse sentido, haverá a inversão da relação passada e presente, assim, os problemas, lutas e experiências históricas de outros momentos politizarão a historia transmitida e produzida. 

Há uma definição de presente que permite atribuir ao passado uma direção, orientando-o ao futuro que ser quer construir, por isso a importância da historia e seu desempenho em produzir conhecimento ora pela difusão, ora pela transmissão. Sempre que fazemos uma critica a produção, esta é feita sob o prisma da ultima apresentação, por sua vez, nos reservamos nesta, o ensino da historia como atividade paralela ou secundaria, pois, a reclamação segundo Dea, é a angustia sofrida pelos professores através das discussões diárias nas escolas, diante da precariedade assustadora do contexto escolar, e da falta de experiência para esses profissionais lidarem com a realidade da instituição e do ensino a ser ministrado.

As intenções e objetivos escolares ainda estão por assim dizer turvos, não há uma clareza de quem ensina historia em relação a sua pratica social e o compromisso a ser desempenhado. A pratica com o trabalho é um desafia a ser cumprido, sendo justamente essa adversidade a força propulsora que se atingir o objetivo, assim se faz presente a todo o momento que se repense o desejo real em relação aos problemas que por ventura surjam, sendo na sua maioria das vezes incompreendidos formalmente, desqualificando assim o profissional, e prejudicando o grupo como um todo. A intenção é tornar o dialogo sadio, e aberto as posições naturais, debatendo a troca de experiência, que ainda não é consenso entre os historiadores, assim percebe-se o desejo e realização da pratica docente. 

Existem historiadores que não falam de suas teorias e concepções, e quando isso acontece, buscam nas dificuldades conceituais o fato, questionando-o, mas nunca se baseando em pressupostos documentais; ao término dos estudos, produz-se a historia organizada, linear e dialética, baseada na contradição do conflito, visando objetivar o resultado da transformação do verdadeiro conhecimento. Fenelon destaca ainda, o ensino e a aprendizagem de História como exercício de pensar o desenvolvimento num todo das qualidades e capacidades cognitivas para contestar valores e perceber o que se pode mudar naturalmente, justificando essa mudança; por isso a necessidade do ensino ser fundamental quando acompanhada de uma posição presente as concepções fundamentadas para produzir história e delas criar novas abordagens.

As diferenças também devem ser destacadas, sendo importante reconhecer que ninguém deve deter o monopólio do conhecimento, pois o caminho a ser percorrido para a construção e transformação deve ser trilhado por todos, isto quer dizer, um projeto baseado na construção democrática e social. Fenelon cita ainda Hobsbawn, pois ele diante de indagações desenvolvia impasses que dirigiriam interesses a temática trabalhada em todos os seus desdobramentos na formação histórica e social brasileira por exemplo.  Existe entre os historiadores, os que vivem fazendo currículos escolares, para o publico, isto torna-se relevante, mas pode ocorrer confusão no mundo acadêmico, além das áreas sociais; cabe perguntar-se então se a historia praticada tem contribuído ou distanciado a população, mesmo preservando e conservando a sua memória. 

Para os historiadores, o objetivo é a transformação, a mudança, o movimento e perceber isso, saber como acontece, ter conhecimento do por que disso a partindo dessa premissa, dar novas direções as mudanças ocorridas. A historia tem feito seu papel em relação ao tema, abrindo caminho aos historiadores nas suas diversas abordagens e concepções, apesar das dificuldades do esforço de tornar isso claro, mas ela contribuí para alargar o campo das atividades que serão estudadas, objetivando assim, a compreensão e articulação das temáticas sociais, mesmo sendo um objeto de pouco estudo, mesmo restritos, esses objetos nos revelam questões da Historia Social como experiências vivenciadas. 

A tradição da luta operaria das classes, por exemplo, foi um movimento que caracterizou por muito tempo a produção historiográfica para os historiadores sociais simpatizantes do marxismo, porém isso acabou por distorcer a experiência dos diversos grupos formadores dessas classes; o proletariado brasileiro também identificou-se com o mito da historiografia, identificando-se fortemente com a mão de obra imigrante, por isso a perda de elementos formadores do mercado assalariado. 

Havia preocupações em acompanhar dentro da linha de trabalho, os feitos das lideranças frente ao proletariado através do exame de vivencia das pessoas, da cultura, família, tradição, festas, das vivencias em torno da sociedade com suas características, definindo-a socialmente através de seus desdobramentos num esforço coletivo de construir elementos hábeis de moradia, alimentação e diversão através das particularidades de cada um, assim o homem se torna “dócil” e “domesticado” frente ao mundo racional e capitalista. 

Thompson dizia que a experiência social significava a retomada desses períodos, sempre trabalhando as temáticas relegadas ao esquecimento como forma de repensar a construção das classes. Deve-se ressaltar ainda que a luta de classe, antes de tudo, é percebida culturalmente com o modo de vida desses trabalhadores, definindo-os assim, como o campo de forças na luta de seu discurso. 

A historia social acaba lidando assim com elementos que não foram trabalhados por outras especializações, assim, reconhece-se o sentimento e valores dados como não imponderáveis, valorizando reflexões por causa da importância dada a discussão das mudanças sociais, ainda mais quando se refere à moral, pois ela sempre explorará o campo das contradições, segundo Marx, por isso, projetos alternativos de organizar esses valores sociais. 

Portanto, a historia social representa a rebeldia de alguns historiadores por ser vista por alguns deles como historia com política deixada de lado, por isso a critica da historia ser construída de cima para baixo, colocando ênfase em outros sujeitos, sendo eles os mais visados reis, políticos e pessoas com cargos “importantes” responsáveis pelos grandes atos históricos, tornando-os assim heróis ou vilões. A idéia proposta é afastar a historia social como supérflua pela fato dela apresentar sua diversidade, tornando-a leve se comparada a historia economia e política, tornando-se, por conseguinte social e menos anticapitalista. 

São problemas teóricos e metodológicos a serem combatidos, pois há a questão da teoria explicita e definida como marxista nesse universo social e político, com interesse em reconhecer as diferentes interpretações e superações, até mesmo as criticas destinadas as abordagens dimensionadas da historia social. Na historiografia francesa, a coerência é seguida pela valorização e quantificação de noções totais e estruturais, o resultado disso, é o reforço das idéias estáveis e continuas das tradições que remontam a Escola dos Annales. 

A luta pelo desenvolvimento da Historia das Mentalidades caracterizou o desdobramento das perspectivas a passagem justamente dessa nova historia francesa; ocorreram algumas tentativas de historiadores das mentalidades inglesas também interessados nas classes operarias, porém, sua fragilidade teórica incorpora os conceitos sociais como tradicionais e modernos, tendendo a explicações funcionalistas, afastando-se assim das suas abordagens. 


A critica existencial ocorre por causa da historia das mentalidades aparentemente não se preocupar com questões teóricas fundamentadas em explicações, negando, por tanto, a idéia do processo de mudança; a historia social não tem como lema buscar modelos elaborados e explicativos, alias, nem outra teoria pode ser pensada como capaz de dispensar a investigação empírica sobre a realidade. Não é a questão de forçar a reflexão não tendo nada a ver com a realidade, nem como algo pronto e acabado para servir como modelo. As correntes teóricas ganham importância pelo fato de atenderem e responderem ao silencio ou inquietação, assim, ela começa a ter valor no seu próprio trabalho teórico, sem ficar parado esperando os fatos acontecerem, por isso a importância fundamental para a Historia Social ser periódica. 

A classe se define com sua própria luta, pois convivem com sua historia, sendo ela sua definição possível, no caso dos brasileiros, faltam estudos históricos mais profundos em diversos campos da sociedade como no caso da religião e praticas religiosas, por exemplo, são questões que abordam a configuração religiosa da igreja como instrumento de controle social, principalmente sobre os pobres, despossuídos. 


Faltam estudos ainda que trabalhe as divisões espaciais e urbanas, bem como as comunicações do país, a cultura, as diversões, os locais de diversão e outros espaços alternativos, como a questão da criminalidade e os crimes cometidos, esse fato explica a ligação entre criminalidade de organização de mercado de trabalho. Ainda dentro do campo da carência de estudos, pode-se citar o surgimento da burocratização das instituições como a policia, por exemplo, e outras atividades que se faça a necessidade de punição através da vigilância em prisões, asilos, delegacias. 

Por isso, a necessidade de se compreender a cultura baseada em experiências e contradições sociais desenvolvidas; o desafio é como entender e enfrentar essas concepções já prontas da cultura popular, portanto, iniciaríamos assim uma tentativa de reproduzir a historia popular ou a historia do povo.



Dea Fenelon coloca ainda que as classes operárias pré industriais eram passivas da adequação aos subprodutos culturais distribuídos “generosamente” pela burguesia como prática de proposta de valores, isso era o reflexo da importância e influencia de como esse processo ocorria, sempre destacando o poder de persuasão da cultura dominante, por isso a necessidade de acompanhar a moralização da classe operária, bem como a desmoralização dos pobres e reeducação do povo. 


Toda essa dinâmica gira em torno das relações entre o popular e as classes, não ficando somente na identificação e unificação hegemônica ou até mesmo nas manipulações, mas nas lutas, nas contradições, essas sempre foram questões difíceis de trabalhar, por isso as grandes tentativas de elaborar projetos de dominação para o “bem do povo” assim, através da cultura desses povos, serão construídos os caminhos democráticos para o social.

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REFERÊNCIA:

FENELON, Déa R. O historiador e a Cultura Popular: história de classe ou história do povo?

quinta-feira, 1 de junho de 2023

HISTÓRIA E CULTURA: Carlo Ginzburg.

Carlo Ginzburg

O historiador italiano Carlo Ginzburg nascido em Turim, em 1939 é descendente de uma família judia, é especialista em estudos sobre os processos da Inquisição no período compreendido entre os séculos XV e XVII; no Brasil ficou conhecido pelos trabalhos publicados: O queijo e os vermes, Os andarilhos do bem, Mitos, emblemas, sinais. Conhecido professor na Universidade de Bolonha e UCLA, no Brasil palestrou na Unicamp, USP, UFRJ, onde concedeu a Alzira Alves de Abreu, Ângela de Castro Gomes e Lucia Lippi Oliveira onde discorre a entrevista que fala de sua vida, formação, influencias das próprias obras e a relevância dos temas historiográficos.

Alzira Alves inicia a entrevista pedindo para que Ginzburg fale de suas origens familiares e culturais. Ele começa dizendo que seus pais eram intelectuais, seu pai Leone Ginzburg havia nascido na Ucrânia (Odessa) e se mudou para a Itália ainda pequeno, quando adulto foi professor de literatura russa, em 1932 não jurou obediência ao regime fascista e se demitiu; em 1934 tornou-se um opositor ao regime e em Turim foi preso por dois anos.

Abrizzi
Com o inicio da guerra, ficou visado e foi transferido para o interior do país, nesse ínterim Ginzburg desfrutava de sua infância na cidade de Abrizzi. Em 1943 com a destituição de Mussolini pelo rei, seu pai voltou a Roma ocupada por nazistas, por causa de sua luta antifascista, foi preso e morreu em uma prisão alemão dois anos depois na capital italiana. Sua mãe Natalia Ginzburg era filha de um importante histologista e a paixão dela era escrever romances.

Vindo, portanto de uma família de intelectuais, admitia o privilegio cultural, mas pelo fato de ser judeu, sofreu perseguição na guerra, isso lhe traz lembranças sofridas sobre esse período; em seguida Alzira Alves lhe questiona onde ele havia feitos seus estudos, ele responde que iniciara seus estudos em Turim, depois Roma na Universidade de Pisa, era semelhante à Escola Normal Superior da França, essa escola oferecia dentre as disciplinas ensinadas: matemática, física, letras e humanas.


Universidade de Pisa
Na Universidade de Pisa, ele cursou letras e filosofia onde realizou sua dissertação de história. Depois, Lucia Oliveira lhe questiona o porquê estudar história: Ginzburg responde que essa escolha remontava a sua infância quando ele sonhava em ser escritor por influencia de sua mãe, depois queria ser pintor e na pintura mostrava seu amor pela arte; na Escola Normal em Pisa, começou a pensar em trabalhar na história da literatura.

Nessa mesma escola conheceu um historiador medievalista chamado Arsênio Frugoni, era autor de um livro sutil e inteligente que tratava sobre um herege queimado pela Igreja Romana no século XII, por isso o interesse pela literatura. Ao conhecer os Annales, seu primeiro contato ocorreu com Marc Bloch no seu Os reis traumaturgos, até então um livro não muito conhecido, posteriormente com a introdução de Le Goff e com a reedição de Gallimard é que o livro virou uma obra prima. Entre seus percalços, Ginzburg trabalhou como tradutor do livro: Características originais da história rural francesa, embora hesitante seguisse com a tradução do livro.

Depois de Bloch, leu ainda Frederico Chabod, um historiador italiano que tratava da história religiosa de Milão no século XVI e as primeiras reações da Reforma Protestante; nesse livro, o autor revela o contato com uma minuta oficial com frases cujo verso falava sobre a predestinação rabiscada, onde revelava alguém, um funcionário anônimo talvez, por ventura ser o autor daquelas frases, desenhos obscenos ou pelas palavras soltas.

Alzira Alves
Alzira Alves lhe pergunta então se esse foi o motivo dele estudar história, ele automaticamente responde que sim, um ano depois ele escolheria outro tema para seus estudos, decidindo então pelas feiticeiras e não pelas perseguições sofridas por elas; sua escolha na época parecia pouco usual, mas fora o tema escolhido por ele. O autor fala ainda que não se deva ter vergonha de ser um ignorante diante de algo novo, pois, o interessante esta justamente em não saber sobre novos assuntos e para isso não se deve temer o desconhecido, afinal, segundo ele, o verdadeiro perigo estava quando a pessoa teria adquirido o conhecimento pleno e se tornado competente. 

Em um questionamento, perguntam - lhe se ele sofreu algum tipo de influencia religiosa, prontamente Ginzburg responde que não, embora seu pai não fosse religioso e sua mãe não fosse religiosa velada, seu avô era positivista, portanto, nunca teve educação religiosa, mesmo depois que Mussolini obrigou as escolas italianas a ministrarem a religião católica.

 

Alzira Alves pergunta ainda porque a religião foi importante para seu projeto, ele diz que foi importante por que estudou os fenômenos religiosos e estes são ligados à história; Ângela Gomes lhe questiona novamente sobre o motivo de pesquisar as feiticeiras, ele diz mais uma vez da relevância de estudar os fenômenos religiosos, pois a idéia de trabalhar com marginais hereges podem estar ligados ao fato dele ser judeu, por isso a escolha pelas feiticeiras e seu histórico de perseguição, destacando o fato deste não ser sua pesquisa e sim elas. Outro elemento que contribuiu para a escolha foi à fascinação que as fadas exerciam sobre ele, esse era um elemento profundo diante da escolha, afinal quando criança, sua mãe sempre lhe contava historias de fadas. 

Bernadetto Croce

Lucia Oliveira pergunta sobre a citação de Croce, e se Vico também serviu de influencia nos anos de estudo para sua formação, Ginzburg diz que sim, esse foi um grande clássico para ele, clássico esse redescoberto no inicio do século XIX, posteriormente ele cita Pavese a respeito da utilização de suas metáforas que o fascinavam ainda mais e do modo como ele era influenciado por Vico.

Ainda na esposta, o autor fala do livro Dialoghi con Leuco e seu contexto sobre o dialogo dos personagens mitológicos aqui retratados como seres vivos; depois cita Tolstoi e sua Guerra e paz, March Block novamente, e Dostoievsky como os que se destacaram por mais tocá-lo. Fez menção também sobre Aby Warburg, descendente de uma família rica alemã e sua história onde constava ser o filho mais velho e teria dito ao irmão mais novo que ele poderia ficar com todas as prelazias e riquezas de direito de um filho primogênito, desde que ele tivesse todo o dinheiro para comprar o livro que quisesse. 

Fritz Saxl
Fonte: https://www.babelio.com/

Em 1929 morreu no dia do racha da bolsa de Nova Iorque, seu sucessor Saxl, também apreciador de artes, transferiu a biblioteca para Londres, já como sinais do flagela nazista, provavelmente isso tenha ocorrido nos idos de 1931, a biblioteca existe até hoje na capital inglesa. Continuando com seu relato, Ginzburg diz que em 1964 ganhou uma bolsa de estudo e foi morar um mês em Londres, depois de um exaustivo trabalho, voltou para a Itália carregado de livros, ele diz que tanto em seu país como no Brasil, seu trabalho foi percebido pelo publico através dos Annales, esse elemento foi sem duvida um dos marcos mais importantes para ele.

Bill Mont

Na capital inglesa foi estudante de Cantimori que lhe mandou falar com um velho conhecido seu, nada mais do que Eric Hobsbawm, pelo fato dele ser tímido, esse encontro não ocorreu naquele dia, mais tarde o próprio Hobsbawm escreveu sobre seu primeiro livro Os andarilhos do bem. Dando continuidade a entrevista, Lucia Oliveira lhe pergunta como era a inserção dele com os intelectuais no mercado internacional, Ginzburg responde dizendo ser uma pergunta bem colocada, pois isso iria além de sua pessoa, e cita Os andarilhos do bem como exemplo, de 1966, onde saiu um resenha no Times Literarty Supplement assinado anonimamente por Hobsbawm, depois venho Bill Mont, um historiador americano que também trabalhou com feitiçaria, historia espanhola, inquisição dentre outros estudos no seu trabalho da Biblioteca de Humanismo da renascença; o Queijo e os vermes também foi elogiado por Braudel.

Ainda segundo o Ginzburg, os temas históricos são justificados por eles mesmos, através de suas abordagens especificas, dizendo que quando se escreve um livro sobre determinado assunto no caso citado da Revolução Francesa, ele pode ser bom ou ruim, sem a necessidade de justificar a idéia de escrevê-lo. A historia muda se for escrito no caso um livro sobre algum, por exemplo, o moleiro do século XVI, o personagem deve ser justificado na sua abordagem, isso significa mudanças profundas ao historiador do fato, a necessidade de justificá-lo por tanto, é por si só uma explicação que já existia no contexto, por isso das conseqüências históricas produzidas por ele serem abordadas regionalmente, podendo assim ter suas obras transcritas em vários idiomas.

Delio Cantimori

Seus livros estão ligados a essas transcrições, diferenciado-se de escritores que tendem a escrever para o publico profissional, isso significa uma linguagem para entendedores do assunto, quem não sabe do que se trata, pode perder detalhes importantes sobre o assunto abordado, dentre esses atores ele cita Cantimori, por apresentar uma leitura cheia de “meandros”, Ginzburg por sua vez diz que sua leitura se diferencia por ser escrita para profissionais e para o grande publico em geral. Essa idéia significa um fim em si mesmo, afinal, ele pode dividir com pessoas que não sejam do meio idéias, resultados, pesquisas além do caminho a se percorrer, desse trabalho a pesquisa segundo o autor pode ser mais prazerosa do que o próprio trabalho.

Ângela Gomes agora lhe pergunta se a inserção de seus livros teria sido mais fácil no meio intelectual que tenderia a valorizar a história das mentalidades, da história social, o autor diz que pelo fato de ter trabalhado com temas que não falassem necessariamente da história nacional, sob certos aspectos foram otimizados na tradução de seu livros, ainda mais se tiver a oportunidade de viajar, de conhecer a pluralidade de outras culturas, do espaço físico sempre foi algo que não passou despercebido por ele.

Só do fato de saber que tanto no Japão ou no Brasil existem ilustres desconhecidos, para ele, isso é lindo, o que torna seu trabalho ainda mais atraente, pois as pessoas estão realmente ligadas com seu trabalho, daí a necessidade de controlar o que esta escrevendo. Nessa jornada, ele cria efeitos, controla as leituras, lê sempre o que esta escrevendo, quando no Brasil, percebe essa diferença, através da reconstrução de seus livros com os elementos de nossa terra, outro detalhe que para ele é fundamental é a comunicação não ser perfeita, isso o deixa mais feliz a ponto de realizar suas viagens por causa do fascínio que isso lhe proporciona.

 

Alzira Alves agora lhe pergunta sobre seu ultimo livro: Storia Noturna. Ele diz que é de longe o livro mais longo até então escrito por ele, demorou em torno de 15 anos, com intervalos, destacando que não foi um livro simples de produzir e de escrever, mesmo tendo toda a paixão pela pesquisa, o livro aborda o problema do sabá histórico e morfologicamente, dividindo-o em partes, onde a primeira parte é histórica, onde o sabá é visto como reunião de feiticeiras pelos inquisitores, juízes, essa reunião é vista como um complô na perspectiva histórica de entendê-las do por que delas serem vistas como hostis a sociedade, a segunda parte é a morfológica, onde ele tenta compreender o vôo mágico e a metamorfose dos animais e há ainda uma terceira parte, onde é feita a comparação entre as duas operando suas convergências através das conjunturas eurasiáticas, e sua relação histórica devidamente documentada.

Alzira Alves para finalizar, diz que gostaria de ouvir dele sobre a evolução da história na Itália, e se realmente estria ocorrendo hoje essa renovação, ele diz que é uma questão difícil de responder, pois o fascismo sempre esteve presente na vida dos italianos e representeou o fechamento intelectual de toda uma geração, para a sua geração, isso foi aliviado com as expectativas das viagens feitas.


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Referência:

GINZBURG, Carlo. Entrevista a Hermes Araújo. Revista Projeto Histórico nº 10.

Eric Hobsbawm por Margarida Maria Moura e Gerson Moura


Eric Hobsbawm
Eric Hobsbawm é um famoso historiador inglês, muito conhecido no Brasil, tendo como legado uma vasta bibliografia com temas concernentes a historiografia baseado na síntese social, político e cultural que procuram responder ao rigor documental e metodologia precisa; sua formação é marxista, mas estudou ainda antropologia, economia, ciências humanas e políticas. Seus temas trabalhados compreendiam o banditismo social, campesinato, política teórica e metodológica, relações intenacionais e as grandes revoluções liberais da Europa do século XIX.

Por interesse na America Latina, visitou o Brasil varias vezes a convite de instituições acadêmicas para conhecer de perto nossa historia e seus problemas. A entrevista aconteceu em fevereiro de 1989, onde o assunto foi sua formação acadêmica discutindo os problemas historiográficos, voltados para as relações históricas e as ciências sociais. 

Hobsbawm é questionado sobre quando começou seu interesse por historia, ele diz que isso ocorreu na universidade, “namorando temas abordados por Marx”, desde os tempos da escola de Berlim antes de ir morar na Inglaterra, leu também Engels, frisando seu interesse pela concepção materialista; reclama do ensino alemão e apesar desse ensino antiquado, conheceu um professor entusiasta que lhe emprestou alguns livros e sugeriu eu ele se candidatasse a uma bolsa de estudos em Cambridge, ganhou a bolsa e lá foi estudar.

Em seguida foi questionado sobre as tendências ensinadas e quais as pesquisas históricas ensinadas naquele tempo em Cambridge, ele diz que naquele tempo não havia uma corrente clara, havia sim uma revolta contra o modo que as aulas eram ministradas, o que se ensinava era a historia da Inglaterra através dos triunfos da democracia e liberdade, não havia quase nada que tratasse da historia européia ou d álem mar.

Michael Postan
Ele fala de um professor seu de economia, Michael Postan, um professor russo com uma infância radical, considerado antimarxista, era um dos únicos na universidade com escritos e conhecimento sobre Marx, historia marxista e teoria social marxista na Rússia; ele diz que aprendeu muito com esse professor que por sua vez procurava os jovens brilhantes da época. Na verdade o que aconteceu com esses jovens naquele período foi um programa de auto educação que colocava a disposição livros, revistas, fontes históricas a sua disposição.


Além disso, foi questionado se houve outro campo histórico em que ele havia se interessado, ele diz que estudou ainda História constitucional (do sistema político britânico) além da história política e institucional da Europa. Depois perguntam-lhe quando ocorreu a mudança dos estudos com temática inglesa para a nova historia? Hobsbawm diz que isso ocorreu depois da Segunda Guerra Mundial, antes da guerra seu interesse era por economia, mas como historiador ele já tinha estabelecido os horizontes a serem seguidos, a mudança ocorreu realmente nos idos de 50, quando seus amigos se tornaram pesquisadores e professores.

Lawrence Stone
Depois ele foi solicitado se possível a mencionar nomes e influencias que motivaram essas mudanças, ele menciona Lawrence Stone em Oxford, depois ele diz que foi influenciado pelo fato de nunca ter conseguido entender direito a História Antiga Clássica de Roma e Grécia, e ainda pelo fato de atrair pessoas com interesses variados, sendo até mesmo marxistas, depois da guerra a disciplina História esteve nas mãos de historiadores sócias bastantes criativos, isso não aconteceu antes da guerra. Foi influenciado ainda pela revista Past and present nos anos de 50 e 60, o contexto internacional também ajudou, visto que depois da guerra o contexto histórico foi dominado pelos annales franceses.

Ato contínuo, questionaram a ele se haveria semelhanças entre a história social e econômica da Inglaterra e França no sentido desenvolvimentista e colaboracionista entre historiadores marxistas e não marxistas, Hobsbawm diz que havia diferenças, na França os historiadores marxistas não apresentavam relevância pelos papeis que representavam, não se sabia se eles eram marxistas ou comunistas, na esquerda britânica isso ocorreu antes dos annales parecido com a francesa, no caso inglês isso ocorreu com Marc Bloch e na França com Le Roy Ladurie. 

Posteriormente foi questionado a respeito dos intelectuais franceses quando deixaram o partido comunista, ocorreram algumas crises, o mesmo teria acontecido com a Inglaterra? Hobsbawm responde que no território inglês, isso não ocorreu de maneira significativa, mesmo os que deixaram o partido, eles continuaram sendo esquerdistas, já na França isso foi diferente, pessoas que eram militantes simpatizantes de Stalin mudaram de ideologia ao viés da história, na Inglaterra a maioria dos historiadores marxistas se tornaram anti marxistas.

Em seguida foi perguntado qual a relação e contribuição das ciências sociais ao trabalho do historiador, ele respondeu que inicialmente a historia estava enraizada nas ciências sociais e se beneficiou delas, mas a historia é tida como uma disciplina generalizante as explicações; a historia não pode generalizar e tratar somente de fatos específicos, pessoas, não havendo um padrão que afirme a evolução disso. Os cientistas da década de 90 assim como ele pensavam dessa maneira por causa da generalização das ciências sociais.

Adiante, Hobsbawm foi perguntado se a climetrics ainda exercia influência nos EUA, ele respondeu que já não era tão forte assim, afinal a tecnologia agora era quantitativa e qualificativa, ou seja, tudo girava em torno do método e não os conteúdos em torno da teoria. Havia também a sociologia, mas como modernizante não era útil, embora houvessem tendências até mesmo na filosofia e outras ciências que negavam a existência de uma realidade objetiva, traduzindo em termos objetivos, essa tendência ganhava terreno na antropologia social.

Depois foi perguntado se poderia além de idéias métodos e técnicas que derivassem das ciências sociais, ele respondeu que sim, elas poderiam prover idéias e modelos, porém ocorreriam mudanças na evolução histórica mundial não sendo isso autoria dos historiadores pois, eles se especializaram e ficaram ansiosos em ter que sair de sua especialidade; os modelos surgiram de pessoas não oriundas de historiadores profissionais, mas cientistas sociais. 


Depois foi perguntado sobre um artigo onde ele disse que deveriam usar técnicas de outras ciências já desenvolvidas, bem como procedimentos estatísticos observando em profundidade aos métodos psicanalíticos, ele responde que toda técnica usada teria sua relevância e deveria ser tentada; na antropologia o conceito de sociedade era complexo e interativo, tudo estava interligado na reprodução da sociedade atual visando a próxima geração. 

Posteriormente falou-se da antropologia dizer que o conceito de etnicidade, comunidade e cultura era resultante justamente desse impacto, foi questionado se isso era correto, o detalhe era saber se estavam falando de palavras ou modelos, sabendo que as comunidades eram importantes para o lugarejo onde se encontravam e se destacavam por ser extremamente organizadas.                                                                                         

Os historiadores econômicos e sociais estudam os problemas do campesinato e suas mudanças na modernidade, mas isso foi aprendido com os cientistas sociais e antropólogos nos trabalhos de campo; era necessário visualizar as ciências voltadas para o mesmo tipo de questionamento a partir de outros ângulos.

Thompson era o exemplo disso, pois ele próprio havia sido lido por sociólogos e antropólogos, por isso a questão era de ligá-las a si pelas próprias questões. Depois Hobsbawm foi questionado dos problemas históricos e as ciências sociais em estudar o futuro, isso seria possível? A resposta foi de que o que estava em questão era a maneira como o problema deveria ser enfrentado, isso ocorria nas outras ciências, pois deveria haver esse confronto do conhecimento e da evolução global, isso ocorre na sociedade moderna, pois cada um sabe o seu lugar no contexto bem como essa hegemonia não ocorrer da mesma maneira. O mundo precisa segundo Hobsbawm ser conquistado a partir de uma base regional precisa, buscando respostas aos problemas nas questões propostas pelos antropólogos, sociólogos e economistas, por exemplo.

Hobsbawm é questionado sobre os campos e subcampos da história social, percebendo-se uma ausência institucional nas próprias áreas desses campos, perguntam a ele qual é a opinião dele a respeito disso, ele responde que a profissionalização é uma premissa dessa área e cresce a cada dia, pois é preciso publicar ou perecer, ou seja, tem-se a necessidade de publicar periódicos de tempos em tempos para ser notado.

Depois ele é interrogado a respeito de que modo surgiriam problemas decorrentes dessa especialização histórico social, mais uma vez ele responde que existe uma razão para ser critico em relação a especialização crescente na historia social, sendo que existem dois conceitos distintos nesse campo da história social, um estuda os aspectos particulares da vida e o outro estuda a história da sociedade, com particular interesse em saber como a sociedade muda e qual a sua origem, para saber diferenciá-la do passado.

O autor percebeu que para cada pequena parcela pesquisada, a problemática era articulada com seus problemas na historia, isso não quer dizer que era alto inútil, segundo Hobsbawm, mas estabeleceria no seu campo de estudo os fatos que lhes fossem de seu interesse, assim, tentaria explica-los. Pela resposta dada, o entrevistador pergunta se essa não seria a tendência atual, ele responde que não, a tendência especializada era crescente, mas se contrapunha a interdisciplinaridade, cada campo tem a sua especialização, todas as áreas podem se comunicar e desse encontro pode haver as respostas para as perguntas relativas a cada área de estudo em questão.

O entrevistador diz que isso está mais para uma questão de filosofia, em relação aos temas importantes ou não, ele então cita o exemplo do campesinato no Brasil, dizendo que há 15 anos isso não seria a realidade atual é diferente? A resposta dada é que os tempos mudam e o que tem que acontecer acontece por um motivo exatamente no seu devido tempo, fato esse da história ter se desenvolvido tão rapidamente, como no exemplo, das classes operarias, eles tinham consciência dessas mudanças.

Ele diz que o assunto escolhido é feito pela razão de sua dificuldade em entendê-lo, por isso a objetividade em compreender o assunto e enxergar nele a existência da proposta escolhida. O entrevistador em seguida pede a ele para fazer uma relação entre o conceito “pré-polêmico” em relação ao campesinato da atualidade, Hobsbawm diz que as pessoas não são de modo políticas, mas eram políticas antes da invenção da terminologia: institucionalidade política, do cenário moderno, do teatro, do drama, esses termos praticamente não existiam antes do século XVII até as grandes revoluções; como não existia um padrão e cada política operava de maneira diferente e limitada.

Posteriormente foi indagado se o período “pré-político” significava político de outra maneira, a resposta foi afirmativa pelo fato do assunto ser controverso, Hobsbawm diz que a cultura tem a sua utilidade no campo antropológico no sentido de totalidade de idéias, valores e comportamentos, já a mentalidade não necessariamente, salvo os casos em que ela se aproxima da antropologia no sentido cultural, pois assim o termo parecera descritivo.


Ele pensa que as pessoas devem se explicar mais, em relação a comportamento, em relação do por que delas serem e agirem assim, qual o motivo delas pensarem desse ou daquele jeito, bem como suas limitações de pensamento e ideologias; ele cita os indígenas andinos sobre o mito da volta de seu império, o que motiva eles a terem esse pensamento? Poder-se-ia simplesmente dizer que eles são assim e que não se esquecerem de seu antigo império. É como a devoção do que um santo representa para o crente da sua localidade, se a pessoa possuir algum problema, rezará para resolvê-lo, com o problema solucionado, o penitente fará o sacrifício de maneira especifica e compensatória como forma de agradecimento, como explicar essa crença então?

Para finalizar a entrevista, perguntam a Hobsbawm como ele acompanhava o crescimento do marxismo em universidades americanas e a crise do mesmo na Europa Ocidental, ele responde que isso é um subproduto da radicalização dos estudantes e intelectuais do fim da década de 60 do século passado, pois, alguns deles mesmo com o declínio do movimento, foram para a universidade e continuaram atuantes naquele espaço, por isso que a nova geração vem introduzindo o marxismo nas universidades americanas. A crise na Europa Ocidental é produto da própria crise, pois esta acontecendo há muito tempo, afinal o marxismo foi tido como teologia oficial e o pensamento de Marx originalmente não seguia esse tipo de idéia, por isso dele não ser mais tão eficaz e competente como proposto inicialmente.

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Referência:

Hobsbawm, Eric. Entrevista em Estudos Históricos nº 06, Rio de Janeiro. 1990.

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Formação da cultura brasileira

 

O branco, o índio e o negro são produtos de uma construção cultural e social.







Cultura: são sentidos e significados e pelo fato dela ser dinâmica, os comportamentos sociais mudam com o tempo. São os antropólogos que primeiro falam em cultura, é ela que formula o conceito de cultura, os historiadores fazem isso muito tempo depois, é um fenômeno que se refere a um corpo social, não existe cultura individualmente, mas em um grupo social. A cultura tem mais de um significado: uns pensam como cultivo, outros como acumulo de conhecimento; todos os sujeitos tem cultura, por que a cultura são os sentidos e significados que todos nós damos aos nossos comportamentos sociais.

Sendo assim a cultura esta em todo lugar, em casas, casamentos, fenômenos religiosos, no que comemos nos papeis de gênero, esta no conhecimento de espaço. A cultura também nos da identidade, nos pertencemos a um grupo, no caso, no meu; o fenômeno cultural me aproxima do sujeito do meu grupo e nos afasta do sujeito do outro grupo.

Etnocentrismo: ao olhar a cultura do outro, a nossa cultura será sempre o parâmetro do outro: preconceito racial, genocídio, etnocidio, é olhar com desprezo. Aculturação não se usa mais, pois isso é negação, há sim uma ressignificação, no sentido religioso, não é o sincretismo. Usa-se mais a palavra “dupla pertença”.

 

 

 

 



A cultura é social e dinâmica , por exemplo, a certidão de batismo até a república era o documento oficial, através desse documento é que ele tiraria os outros documentos. Com a república, surgiram novas oportunidades para emitir novos documentos, mas eram extremamente caros. Muitas crianças não tinham sobrenome, o registro civil era registrado com o prenome somente, nem nome nem sobrenome. As repartições públicas exibem símbolos cristãos, mas como Estado laico não deveriam proceder dessa maneira. A igreja hoje ainda está atrelada ao Estado brasileiro.

História da cultura de Peter Bourke: a academia francesa é antropofágica, ela trabalha somente os autores locais, diferente dos brasileiros, temos os clássicos, por exemplo: “eu lhe cito porque tu me citas”.

 

 

 


Construir casa não é cultural, a maneira como se constrói é que é cultural cultura é um fenômeno que só pode ser entendido socialmente, toda cultura se modifica, o processo histórico é que o modifica, são os processos que fazem essas mudanças, por exemplo, os conflitos sociais. A cultura também é modificada, não é pelo contato que a cultura se dinamiza, o que faz a mudança não é o contato, mas sim a mudança interna do grupo.

O processo histórico independe do processo histórico de cada grupo, são aspectos forjados, construídos dentro da ciência antropológica, para discutir isso, o primeiro passo deve ser multidisciplinar, é preciso ter a visão da trabalhar a categoria cultura, essa atividade é multidisciplinar, porém é preciso pensar na historia como idéia de cultura.

A memória só pode ser pensada a partir da idéia de cultura, pois memória é construída dentro dos sentidos e significados, por exemplo, se for trabalhar a greve dos professores, deve-se trabalhar a greve dos professores, por que é memória, é a construção de como se vê a greve e esse acontecimento. A definição de cultura quem forjou foi à antropologia, as outras áreas da ciências foram entendendo e se apropriando desse conceito como se fosse pequenas gavetas:



 

 


Para a historia trabalhar com a categoria cultura, ela teve que se modificar, teve trabalhar com novos sujeitos, novas temáticas (não as tradicionais do materialismo). Independente de algumas características históricas pode-se trabalhar a cultura, a partir de determinadas características teóricas, como existem algumas características que me impedem de trabalhá-las, pois ela não está em tudo.

O que é verdade? Não existem duas verdades de duas realidades, não se trabalha a verdade e sim o que é verdade, pois na história fez-se erros e acertos; a história da cultura não trabalha com fatos. A história não faz toda a mudança e sim os sujeitos, é possível fazer a crítica sobre a ideologia do trabalho do historiador; o historiador pode trabalhar com qualquer corrente histórica, a ciência esta baseada no pensamento positivista.

Os historiadores se baseiam em duas questões para construir seu objeto de estudo, o recorte espacial e temporal, deve-se ter o cuidado quando se faz alguma crítica, muitas vezes por puro preconceito.

O que é cultura e qual o lugar da história da cultura? Quando se estuda a história da cultura não se estuda e sim a história do sujeito, a revolução não está na ciência histórica e sim em quem faz a revolução histórica; a historia trabalha com o tempo passado, a antropologia trabalha o tempo presente.

Qual o olhar a se aplicar ao objeto de pesquisa? Não existem temas e sim o olhar sobre o tema, para construir o objeto de pesquisa é preciso saber qual o campo cientifico para trabalhar o recorte; a teoria não explica a realidade, ela aponta métodos e técnicas. Estuda-se a teoria para buscar caminhos. Entende-se métodos como um caminho para trilhar, pensar teórica e tecnicamente um conjunto de dados.

 A escolha: o autor fala de um sujeito que faz determinadas escolhas acadêmicas, ele fala dele mesmo, falando que vem da área da geografia, mas tratava de relações espaço tempo. Em geografia não havia muitos autores discutindo isso, em historia isso era diferente, pois a maioria dos estudos eram voltados para a economia, comércio, relações econômicas e sociais, voltado para aquilo que conhecemos como infra estrutura, por isso faz leituras e estuda sistematicamente outro grupo de estudiosos voltados para a vida cotidiana, fora das relações econômicas.

A escolha na verdade são escolhas na área acadêmica com determinada visão teórica, por determinada temática, por atores, trabalhando as escolhas, todos esses trabalhos são assim; por que se chegou a esse tema? Onde está e onde quer chegar?

A história cultural para Duby faz-se sobre diversas escolhas, principalmente quando há a relação orientador-orientando, o orientando trabalhará a sua idéia, o orientador por ter mais experiência, terá uma idéia diferente do orientando, nesse ínterim é necessário ter um respeito mútuo para o orientador resgatar o sujeito para o caminho acadêmico, nem sempre será o caminho certo, por isso a relação será complicada, por isso a sensibilidade. A escolha do orientador tem que ter a proximidade com o tema, muitas vezes as escolhas são feitas por simpatia, quase nunca dá certo, o tema sim tem que ser próximo ao orientador bem como a escolha teórica; existem dois parâmetros, o tema e a teoria, o caminho dará o caminho teórico metodológico.

 A história continua. Duby no meio acadêmico destaca-se por ser um dos principais medievalistas da era contemporânea. Ele aponta para algumas questões como:

1º O que ele define como material? Provavelmente seriam os dados da pesquisa empírica e formal, na direção mais exata, na busca intensa de arquivos, atentando-se para as novas possibilidades de fontes; é o historiador da cultura trabalhando as fontes do período medieval, as fontes eclesiásticas ao passo que trabalha as fontes tradicionais com novas fontes e sujeitos.

Tem-se que olhar diferente sobre as ações, cabendo ao historiador da cultura buscando novas definições sociais; trabalhar arquivos que fazem parte das agruras do contexto, isso faz parte do oficio do historiador. Faz–se várias manobras para tentar descobrir informações sobre o período temporal da pesquisa, a escolha de estudar a história da cultura tem essas problemáticas no que refere a documentação.

Não se usa mais dados de fontes primarias (mais importantes) e secundarias (fontes menos importantes), todas as fontes tem o mesmo grau de importância, todas elas são importantes sobre todos os tipos de parâmetros. Quando se trabalha um tema, se possível, deve-se ir ao lugar da pesquisa para estudá-la, isso se chama marco de referência, trabalhando, por exemplo, uma rua de 100 anos atrás.

Ao ler um documento da vida cotidiana do mosteiro, nem tudo nos parece verdadeiro, real, afinal isto faz parte da vida interna de um sujeito, que para nós nos parece distante, todo registro é ideológico, o registro é a memória do sujeito, guardamos somente o que nos é interessante, senão é descartado. O historiador não precisa estar treinado para fazer a crítica, para o historiador a busca de dados é imprescindível através do documento, as evidencias vem das leituras teóricas, tudo está baseado de algo que a fonte, o dado e a pesquisa proporcionam.

O tratamento do material é a análise do documento, havia a preocupação da veracidade do documento, se ele era verdadeiro ou falso, com isso criticava-se a fonte, fazendo a biografia da fonte, quem produziu? Qual era sua finalidade? Por que e para que o documento foi produzido? Em um jornal, por exemplo, busca-se o editorial, quem assina esse jornal? O que o documento do jornal queria dizer? Quais as disputas de poder que estão por trás disso? É preciso criticar a fonte para fazer um bom trabalho, por isso é necessário conhecer o documento; a objetividade esta no pesquisador e no pesquisado.

Para que período, qual a nomenclatura, se chamou escravo, por exemplo, no Brasil? Africanos são escravos nascidos na África, negros são escravos nascidos no Brasil, negro da terra era como se chamavam os índios. Não basta ter o documento, é preciso entender o documento, tem-se que entender o documento através da caligrafia, deve-se identificar o sentido da frase através das palavras, para entender o sentido do documento. Não basta transcrever o documento, deve-se fazer a leitura analítica do documento para a compreensão da sociedade, entende-la no documento.

Sevicias: em processo família, processo crime, alguém é acusado de mau trato, são condenadas a pratica do vício. Estar a própria sorte é ser levado ao vício.

Comparação (esta em desuso) ou associação (possível)?

 

 

 



“O senhor tem cultura, mas é muito democrático”. Ter cultura não significa ter conhecimento formal para nos ocidentais, ter cultura neste caso é acumular conhecimento formal, isso significa sinônimo de democracia. Ser democrático é se colocar na mesma situação do sujeito.

Tradição: é um costume que dura no tempo e passado de alguém para alguém, é um aspecto de uma cultura dentro de um determinado grupo que se mantém com o tempo, é um aspecto de identidade de um dado conjunto social, que se identifica com esse aspecto e mantém por um longo tempo, não necessariamente intacto, ele está o tempo todo se modificando. O sentido com o tempo vai mudando, mesmo tendo a essência duradoura no início de seu sentido.

A história da África pode ser contada a partir dos mitos do candomblé, a partir da historia africana, essa história reflete a história de um determinado lugar, é a história do lugar, o que muda é o sujeito, podendo ser Deus ou semí Deus, a diferença se dará não a partir da crença, mas da maneira que o sujeito pensará. No judaísmo não há santos, mas heróis são personagens diferentes com sentidos parecidos, o Buda, por exemplo, esta encarnado em vários lugares, mas cada lugar conta a sua história de reencarnação de sua história. Não se fala das qualidades dele, mas em contra posição dele em relação aos outros.

A tradição pode ser objetiva ou subjetiva, onde o sujeito fala de si na sociedade, a pessoa se identifica a partir de um objeto, essa tradição pode ser identificada a partir do seu patrimônio ou do patrimônio; o caboclo, por exemplo, é uma figura misteriosa. A identidade da tradição fica em um grupo e posteriormente ela é dada a outro grupo com sentido totalmente diferente, esse é um padrão, mas com sentido diferente.

Não é pelo fato de que a tradição muda que a cultura também muda, busca-se uma memória que não é nossa, mas não se pode dizer que isso não faz parte dessa sociedade; a tradição sofre mudança, mas sem as pessoas perderem a identidade em relação à cultura, por exemplo, vatapá: três tipos de feijão-branco, preto, fradinho.

Quando não se entende a cultura, ocorre uma visão cristalizada, as tradições das cidades também acompanham essas mudanças, o sujeito muda a realidade da cidade de acordo com os movimentos naturais; o comércio tende a se adaptar a realidade vigente. A tradição esta na cultura, é uma forma de identificar o aspecto da realidade, é o que dá aspecto a vida da gente de maneira cultural.

Toda relação social estão relacionadas com a cultura: nascer, estudar, construir a visão de mundo, adotar uma perspectiva religiosa, são ações pensadas, são escolhas do sujeito, pois a cultura não nos dá uma possibilidade de viver e sim multiplicidades; o indivíduo tem múltiplas disciplinaridades, ela não é o único fator de dizer o sujeito como ele deverá ser ele faz escolhas multiculturais dentro do corpo social, ele por sua vez é sempre disputa social de poder.

A alteridade é o oposto ao etnocentrismo, a sociedade se olha sempre “olhando” o bem e o mal, a realidade não é tão dicotômica assim, se nos identificamos com nossa cultura, a outra será ruim, todas as outras formas de viver não prestam. Em alguns momentos o etnocentrismo se exacerba, nesse momento ele vira preconceito, ocorre então o problema de rejeição da cultura dos outros culminando em crimes, genocídios, etnocidio, etc.

Alteridade é um exercício, precisamos olhar para os outros e reconhecer as diferenças, ninguém é mais ou menos ignorantes do que os outros é preciso se colocar no lugar do outro para perceber essa diferença. Discurso da negação é quase como uma afirmação, é fazer uma afirmação de um estado social diferente do seu.

Cultura como ruptura – José Américo Peçanha. Para o autor existe dois momentos: antes e depois com sentidos produzidos pela produção humana a partir da Grécia antiga baseada na filosofia centrada no ser dotado de razão.

Doxo: esta relativo a idéia de Deus.

Episteme: é a idéia de ciências, por exemplo, Descartes.

Hoje se pensa a partir do pluralismo, não se olha a cultura como unificada: não existe uma cultura baiana, uma cultura do ocidente e sim os vários aspectos que forma a cultura, pois ela é mutável por conta dos processos históricos que uma sociedade vive. É a cultura que nos dá a diferença de outras sociedades e sujeitos, não sendo melhores, e sim diferentes, nem melhores do que nossa cultura, assim fazemos um exercício constante de alteridade, vivem de forma diferente, mas não melhor nem pior do que a nossa.

Essa visão não significa um olhar atemporal ou intemporal, são diferentes, pois passam por processos históricos sociais diferentes, pois a relação de poder da sociedade são diferentes, podendo ou não coincidindo os olhares sobre o mesmo objeto: os conceitos de família, sociedade, religião são diferentes.

É preciso entender a sociedade em todas as suas bases estruturais, é preciso se colocar no lugar do trabalho de quem faz esse trabalho; isso é enquadrado em teoria, metodologia e técnica. É necessário ainda os parâmetros de cientificidade para a história? O que torna a historia um senso comum? No recorte, por exemplo, trabalha-se o espaço temporal, geográfico e o sujeito, baseado nisso, o que me torna um historiador? O que torna a história uma ciência?

1º É preciso criar um objeto cientifico, por exemplo, trabalhar o samba de roda, o que o historiador quer saber sobre o samba de roda?

2º Como se analisa esse objeto? Qual o meu recorte teórico de análise? Quais as categoria de análise da história social? Como fazer essa teoria com a fonte que se está usando?

A idéia hoje de cultura é de ruptura no sentido de dialética (materialismo histórico). 

A ciência não está para arrumar conhecimento, mas para desarrumá-la, para compreendê-la. A cultura se modifica tal qual todos os processos de mudança da sociedade o tempo todo, por exemplo, as diversas formas de resistências, são estratégias de poder na relação de poder.

Cria-se então estratégias de ruptura, isso também acontece em relações de gênero, houve a mudança pelas lutas e rupturas nas diversas sociedades, isso se construiu em diferentes sociedades. Os processos históricos empurram os marcos históricos, as ações sociais tem a manifestação dos sujeitos sociais, a composição imprime a sua marca.

Em sala de aula vê-se essas mudanças com componentes contemporâneos com mudanças que imprimem marcas em todo o lugar que a gente vá tudo é feito pela ação, ruptura provocada por todos nós. Na verdade a unidade ocorre na ruptura, há a confusão, o conflito que as temáticas aparecem, a cultura nos dá um rol de possibilidades, por exemplo, as culturas alimentares, os aspectos que se vive dentro dessa sociedade.

São significados diferentes, são rebeldias possíveis com rupturas que nos fazem andar sempre pra frente, são as transformações, as evoluções do pensar cientifico: sujeitos primitivos e civilizados, nesse sentido é necessário evoluir no pensar cientifico. Não existem termos para dizer se a cultura é mais ou menos evoluída, que termos usa-se para fazer essas comparações? São culturas diferentes, nem melhores nem piores, diferentes com certeza.

Multiverso cultural: antropologia e materialismo histórico (marxismo) através das dialética.

Dialética: é um envolvimento dentro do corpo social (sociedade) que representa a contestação, os conflitos, as disputas, as relações nos vários aspectos nas relações sociais. O materialismo histórico fala das lutas de classe, a dialética não é um movimento uniforma, pelo contrário, é um movimento disforme, com significados, maneiras, comportamentos diferentes, não há um processo de dialética e sim os processos de dialética.

A dialética nunca será de uma espiral, mas um movimento que vai para todos os sentidos, sem revés, sem centro de gravidade, o processo dialético é justamente aquele que provoca as rupturas, por exemplo, é possível entender o processo de escravidão sobre a relação de cultura. É uma dialética que transforma a vida social. São disputas inerentes dos que vivem em sociedade.

Negros da terra: indígenas.

Negros: são os nasceram no Brasil ou na África.

Verdade: cada vez que se aproxima do sujeito humano, menos verdade o fato se torna, o que ocorre na verdade são verdades em construção.

Por que as religiões cristãs imputaram ao orixá a figura do diabo? Para os orixás africanos essa dicotomia não existe, um deus especificamente foi tomado como o representante do diabo, pois ele menos tem a idéia do bem ou do mal, na mitologia ele não se apresenta bem definido como Deus ou Diabo.

Na sociedade ocidental se baseou nas idéias judaico cristas essa idéia, foi uma dicotomização que não conseguimos resolver na sociedade ocidental, por exemplo, o branco e preto, o bom e o mal, o querido e o odiado. Por que o moderno não pode conviver como o antigo?

Teoria do evolucionismo cultural: a sociedade se constituiu a partir do pensamento ocidental, toda a América tem esse pensamento judaico cristão, hegemonicamente a América como um todo pensa assim, bem como na África e Ásia.



Tempo: é um marco cronológico, são marcos universalizadores, por exemplo, 4 de julho de 1776...

Temporalidade: são construções feitas dentro das relações culturais e sociais, por exemplo, houve várias lutas antes do dia 4 de julho, cada acontecimento marcou o seu tempo e as temporalidades e as relações de tempo dos sujeitos que viveram aqueles acontecimentos. A esses eventos é dado uma marca de tempo, a temporalidade é a luta, a logística, o desejo de vencer e lutar.

O tempo é uma dinâmica construída diferentemente, na sua construção social e cultura, por exemplo, os escravos enganavam os seus senhores com o tempo; a noção de tempo é uma construção cultural, por exemplo, qual o tempo de lazer, de trabalhar, de dormir? Quando se reconhece a temporalidade, por exemplo, no meu tempo ... Qual a idéia de tempo? Ela ocorre através da ruptura da temporalidade, trabalhando as múltiplas historias, divergindo o tempo todo resultado das diferenças dos sujeitos entre embates, valores, argumentos, ...

A história natural do trabalho deve ser pensado naturalmente com as bases materialistas, pois o historiador esta se especializando em objetos específicos, é preciso ampliar esse olhar, pois é preciso ampliar o olhar histórico, pois existem aspectos de subjetividades: experiência vivencia e cotidiano.

A história progressista não é a positivista, ela sai do materialismo histórico provocando outra idéia. A história social não abandona as características que dão face ao materialismo histórico para a história, baseada em algumas categorias do materialismo histórico, mas não se trata a história somente a existência do material, pois o materialista busca sua manutenção da infraestrutura: economia e manutenção social do sujeito.

A idéia da manutenção do sujeito trabalha-se a objetividade, esse sujeito diz que falta subjetividade; as condições materiais da subsistência movem a sociedade, nós adquirirmos necessidades matérias desde que nascemos impostas socialmente através do sistema social e econômico em que vivemos; o materialista histórico trabalha buscando essa materialidade.

Quais os significados dos trabalhos em conjunto?

Quais as relações interpessoais utilizadas para essa construção?

A história social da às condições sociais ao sujeito. História social não é a mesma coisa que história cultural, a história social traz para si a idéia de cultura.


A política das relações de poder e sua ideologia (toda e qualquer idéia coletiva que coage os sujeitos sociais), a ideologia é sempre uma disputa de poder: o Estado nos impõe vários discursos, idéias e nos coage, nos obriga a fazer. O próprio Estado se omite em muitas coisas que deveria fazer e não faz, a história social parte do princípio da dialética enquanto a história cultural parte da perspectiva do consenso.

Enquanto a questão no Oriente Médio se baseava no petróleo, na América Latina era baseada no mercado próximo; as disputas étnicas são culturais para que vire material, por isso a dominação de um grupo sobre o outro, há uma disputa cultural, étnica. Num regime comunista não existia a superestrutura cultural.

A representação é uma categoria dentro da história cultural, não se usa ela dentro da história social, não se deve confundir aspectos teóricos com aspectos sociológicos; as fontes e os problemas criados conduzem a um problema teórico. Quando trabalhamos materialismo histórico trabalha-se somente o objetivo traçado. Deve-se ter o cuidado de questionar corretamente as fontes, saber trabalhá-las não em hipóteses e sim em questionamentos; o documento da igreja contém o ideário da igreja somente. 

Dedico essa postagem a brilhante antropóloga e professora Neivalda Oliveira, ao qual eu muito aprendi sobre a construção e o papel do homem na sociedade enquanto indivíduo cultural.

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