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Há muitos textos históricos que pouco falam em seus registros sobre a escravidão, e em se tratando da escravidão das fronteiras gaúchas, menos ainda; as informações que se obtinha a respeito do assunto vinham dos registros policiais ou de depoimentos de viajantes pelo qual relatavam a truculência da policia institucionalizada através dos trabalhos servis desta província meridional constituída pelos ditos “urbanos” e os escravos.
A história gaucha é contada com orgulho, mas ainda peca quando se trata da participação do escravo (negro) e sua arquitetura urbanística, o autor tenta em sua obra mostrar a luta desta classe tão oprimida, revelando a crueldade pelo qual foram submetidos aos olhos das elites e como historiador, tenta mostrar através da arquitetura como os escravos faziam parte deste cotidiano. Outros historiadores também participaram dos relatos da história dos negros e da arquitetura colonial no que diz respeito à realidade gaúcha da época, como Francisco Riopardense e Günter Weimer, sobre as transformações do lado sul das fronteiras meridionais, Maestri por sua vez, opta pelo estilo neoclássico urbano no final do período imperial a nova realidade que esta por vir; o autor procura mostrar como esses escravos viviam nas ruas e povoados e sua relação com a arquitetura.
Esse estilo pesado, monolítico, da sociedade colonial era intencional, pois através desse estilo de arquitetura era revelada a imponência do senhor do local, isso significava o poder despótico dele sobre tudo e todos.
“Aqueles que negam a
liberdade aos outros, não a merecem para si mesmos. ” Abraham Lincoln
O sobrado e o cativo.
Há muitos textos históricos que pouco falam em seus registros sobre a escravidão, e em se tratando da escravidão das fronteiras gaúchas, menos ainda; as informações que se obtinha a respeito do assunto vinham dos registros policiais ou de depoimentos de viajantes pelo qual relatavam a truculência da policia institucionalizada através dos trabalhos servis desta província meridional constituída pelos ditos “urbanos” e os escravos.
A história gaucha é contada com orgulho, mas ainda peca quando se trata da participação do escravo (negro) e sua arquitetura urbanística, o autor tenta em sua obra mostrar a luta desta classe tão oprimida, revelando a crueldade pelo qual foram submetidos aos olhos das elites e como historiador, tenta mostrar através da arquitetura como os escravos faziam parte deste cotidiano. Outros historiadores também participaram dos relatos da história dos negros e da arquitetura colonial no que diz respeito à realidade gaúcha da época, como Francisco Riopardense e Günter Weimer, sobre as transformações do lado sul das fronteiras meridionais, Maestri por sua vez, opta pelo estilo neoclássico urbano no final do período imperial a nova realidade que esta por vir; o autor procura mostrar como esses escravos viviam nas ruas e povoados e sua relação com a arquitetura.
Os escravos se dividiam em urbanos
(“domésticos”) e os rurais, nas residências mais ricas existiam escravos para
realizar todos os tipos de serviço, isso havia virado prática nas casas da
elite provinciana gaúcha, eles eram os pés e mãos dos seus senhores. Dentre as
atividades, as mais freqüentes era a de pegar água, enterrar lixo, limpar a
casa, fabricavam sabão, velas, cigarros, manteiga, preparavam as carnes, com a
farinha de mandioca preparavam a goma para as roupas dos patrões, além de seus
banhos.
Os dejetos inicialmente eram
jogados no rio Guaíba e eram carregados pelos “tigres”, escravos carregadores
de fezes através de recipientes de ferro chamados de cabungos; os “cabungueiros” eram açoitados se derramassem o material
no chão, no final da década de 1870, eles foram substituídos por carroças
puxadas por burros. Posteriormente, por causa do lixo abandonado nas vias
públicas, o governo gaúcho criou uma lei que obrigava os donos dessas casas a
enterrarem o lixo em seus quintais, proibindo-os de jogarem em locais de
circulação de pessoas.
A polícia local somente
permitiria aos negros terem seus negócios se não fossem fixos, ou seja, eles
tinham que ser ambulantes, pois não era permitido que negociassem longe de seus
senhores, somente poderiam fazer isso com a autorização do mesmo ou sob ordem
judicial, eles jamais poderiam comercisalizar à noite, pois sua presença era
proibida depois de determinadas horas. As municipalidades ditavam como o negro
deveria se comportar perante a sociedade, proibindo sua aglomeração em casas de
negocio, tabernas, botequins, armazéns, etc...
A polícia proibia ainda festas e lazer entre eles como os fandangos, batuques e “zungus” (dança de negros), a impressão que se tinha era de que essas autoridades locais eram ignorantes em relação às festas profanas e religiosas dos escravos gaúchos. Outra atividade da policia era pagar os “capitães do mato” na captura dos negros fujões.
A polícia proibia ainda festas e lazer entre eles como os fandangos, batuques e “zungus” (dança de negros), a impressão que se tinha era de que essas autoridades locais eram ignorantes em relação às festas profanas e religiosas dos escravos gaúchos. Outra atividade da policia era pagar os “capitães do mato” na captura dos negros fujões.
Introdução
A colonização brasileira
ditou a sociedade colonial deste 1532 até 1888, isso pode ser visto na obra de
Gilberto Freire em Sobrados e mucambos, nesta obra o autor revela o
relacionamento dessas moradias pelos escravos. Posteriormente nos anos sessenta
do século XX apareceram mais obras que tratassem da escravidão brasileira,
infelizmente o mesmo não aconteceu com estudos sobre a arquitetura. Na época tudo
era voltada para o modernismo, como a nova capital Brasília.
Falava-se menos ainda sobre
as artes em ambientes escolares, essas disciplinas eram vistas como
marginalizadas, o mercado imobiliário foi outro fator que reduziu a
participação do governo em preservar antigos casarões por causa da expansão
imobiliária, na verdade tudo isso fazia parte de um plano econômico inexpressivo
do governo que não tinha interesse em preservar o legado arquitetônico
histórico.
A nova ordem era preservar
as fachadas, seus interiores ficariam ao bel prazer de quem fosse proprietário
desses imóveis para fazer as transformações que quisessem; os fatos políticos
sempre falaram mais alto do que os urbanísticos por exemplo.
Durante três séculos o
Brasil foi um país escravista, havendo basicamente os senhores e os trabalhadores
escravos, para essa ordem existir, era necessário uma rigidez por parte desses
proprietários em relação aos negros, isso se estendeu até 1888 com a abolição
da escravatura. Os hábitos negreiros foram introduzidos também na vida
domestica de seus senhores, a partir de 1808 com a vinda da família real ao
Brasil, nesse ínterim, ocorreram mudanças nas esferas da então colônia; em 1831
com a abdicação de D. Pedro I, essas transformações sociais e ideológicas foram
ainda mais presentes na sociedade brasileira que caminhava para a construção do
novo Estado brasileiro.
Todo tipo de mudança era
debatido nas mesas de negociação, ironicamente o mesmo não ocorria quando o
assunto era a expressão arquitetônica, esse novo estilo neoclássico era visto
como uma arma de modernidade para se livrar de uma vez por todas do jugo
português, ocorria à ruptura da arquitetura colonial. O estilo colonial segundo
Werneck Sodré representaria o rude, o imperfeito, por relembrar o estilo
semicolonial dos ditames europeus.
A missão francesa contribuiu
com sua influência para o estilo neoclássico do Brasil colonial, essas
transformações aconteceram nas esferas ideológicas e estéticas, explicadas
posteriormente pelo contexto econômico, e político. A arquitetura brasileira
passou por duas grandes tendências: a continuidade da estrutura escravista e as
transformações depois da independência.
Na colônia a administração
urbana era feita pelos portugueses com seus estilos, sobre tudo o senhorial,
através da sua hegemonia rural, para isso era necessário um política rígida
social e austera; as principais residências se encontravam no campo, essa
representação espacial era mais importante do que se tivessem casas na cidade,
pois sua residência no campo era tida como símbolo de poder. A arquitetura
açucareira era desenvolvida para a época, afinal apresentava casas de até
quatro pisos, com varias salas (6) e muitos quartos (22); eram tão refinadas
que esse tipo de luxo só era encontrado em edifícios e repartições públicas.
Algumas obras públicas como
o Palácio dos Governadores, em
Ouro Preto , o Paço do Rio de Janeiro, o Paço Municipal e a
Cadeia de Ouro Preto foram influenciadas pelo iluminismo português, na America
hispânica, isso se fez presente nas obras arquitetônicas publicas representando
o domínio ibérico sobre as classes astecas, incas e maias, produtoras também de
uma magnífica arquitetura monumental. Na America portuguesa as primeiras
construções ocorreram com os jesuítas, o colégio Inaciano da Bahia tinha
oitenta cubículos, por exemplo, eram inicialmente construções sem imaginação,
pouco arejadas, com uma arquitetura carregada.
Esse estilo pesado, monolítico, da sociedade colonial era intencional, pois através desse estilo de arquitetura era revelada a imponência do senhor do local, isso significava o poder despótico dele sobre tudo e todos.
A diferença entre as
residências dava-se pela quantidade e não pela qualidade, os sobrados dos ricos
falavam por si, os menores igualmente por causa de suas precariedades. A
maioria das construções giravam em torno da praça central e da igreja ou ao
lado desses sobrados, todas as construções tendiam a serem pobres esteticamente
e visualmente, eram técnicas que denotavam a rusticidade patronal, isso se
fazia também no estilo decorativo dos sobrados coloniais, sendo sóbrias, tendo
como enfeites alguns cachorros nas partes mais pesadas do telhado.
As construções do meio da
quadra da praça central possuíam telhado de duas águas, as de esquina tinham
três ou quatro águas, tudo era muito rústico, esses telhados eram de madeira ou
de ripas de galhos de coqueiro, o assoalho era feito de tabuão largo, todo essa
arquitetura foi chamada de colonial brasileira.
Com a vinda da família real,
o Rio de Janeiro passa a ser a capital do império lusitano, com isso ocorreram
mudanças na estrutura social da cidade, mudando o antigo estilo colonial para o
novo estilo moderno da família; residências foram reformadas, prédios
construídos, ergueram a Capela Real, a Real Biblioteca, o Real Museu, o Horto
Real, o Observatório Astronômico, a Academia Real, etc. Mesmo o estilo
português ser considerado um dos mais atrasados da Europa, para o Brasil isso
significou o inicio de uma arquitetura moderna e refinada.
A permanência da família
real no Brasil ditava uma nova realidade, onde as rendas não mais eram
destinadas a capital Lisboa, mas permaneceriam aqui, com essa mudança toda a
estrutura colonial mudou novos imobiliários, objetos, materiais de construção
deram um novo significado a realidade vigente. Muitos desses materiais vinham
da Europa, ao chegarem aqui, eram redistribuídos para o resto do território, no
Rio Grande do Sul eram descarregados pelo porto da cidade de Rio Grande,
manufaturas como sal, telhas, caibros para a fixação de ripas, fechaduras,
piche, vidros, etc.
Muitas tecnologias da época
foram ocupando o lugar de tecnologias obsoletas como treliças, balcões, rótulas
e muxarabis (treliças de madeira que serviam para
suavizar a claridade). Essa inovações faziam parte do projeto de Marques de
Pombal de modernizar e padronizar o império luso cinqüenta anos antes. O vidro
era a representatividade plena dessa modernidade, pois substituiu as fracas velas
e lampiões, com isso a vida libertava-se da ditadura do nascer e pôr do sol.
Quando o Brasil
foi elevado a Reino Unido em 1815,
a coroa portuguesa solicitou o envio de uma missão
cultural francesa chefiada por Joaquim
Le Breton com a tarefa de fundar a Escola Real de Ciências, com ele vieram
artistas de primeira ordem para mostrar um Brasil diferente a partir daquele
momento.
Com a morte do
conde Barca, a missão foi fadada ao fracasso, pois as intrigas contra os
franceses aumentariam, dificultando seus projetos arquitetônicos, piorariam
ainda mais com a Revolução do Porto em 1822 que iniciaria o processo de
independência do Brasil concluída em 1823, ou seja, eram tempos difíceis para
construções e para as artes. Em 1835 Montigny assumiria a direção da Escola de
Belas Artes (inspirada no neoclassicismo francês), não obteve apoio das elites
escravistas, pois era acusado de arruinar os proprietários das residências com
os preços que ultrapassavam altos custos orçamentados.
Montigny trabalhou
a iluminação em suas obras, arejando cantos e alcovas (pequeno quarto interior
onde está o leito), reorientou a localização para a construção dos edifícios,
obrigou o recuo das ruas, fez arborizações em logradouros públicos, os
primeiros terraços apareceram em sua gestão. Foi no período de sua
administração que se formaram diversas gerações de arquitetos, cabe ainda a ele
o titulo de um dos principais neoclássisistas do Brasil, estima-se que esse
período neoclássico tenha durado de 1810 a 1880. (70 anos)
Dentre a
arquitetura do neoclássico brasileiro destacam-se o teatro São João em Salvador
e Rio de Janeiro, eles eram a representatividade do teatro lisboeta São Carlos,
inspirado no teatro Alla Scalla em Milão. A Associação
Comercial Baiana fora inspirada no neoclassicismo inglês sobre tudo no norte de
Portugal, em geral, o estilo neoclássico ficou restrito ao acabamento das
fachadas dos prédios e casas. Esse estilo foi sendo substituído paulatinamente,
no caso das fachadas o que imperava agora eram as platibandas ornamentadas por
ânforas, estatuas de louças todo representado por formas mitológicas gregas.
Toda essa nova
decoração nada tinha haver com o Brasil, seu povo, sua fauna e flora, nesse
sentido havia uma comparação com os senhores de escravos da época com os
escravos da antiguidade, eles nada representavam para contribuir
arquitetonicamente com esse estilo. Nos EUA, foi adotado o estilo neoclássico
inglês no período da independência; no Brasil as fachadas abertas de vergas
retilíneas ou arco abatido foram substituídas por janelas e portas de arco
pleno, com bandeiras de ferro vazado em estilo de flores.
O que imperava na
arquitetura agora eram frontões triangulares sobre as fachadas, utilizavam-se
para corrigir a quebra harmônica das fachadas que possuíssem um numero impar de
janelas, as pilastras eram delineadas sobre as paredes, o capitel era
requintado pelos estilos jônicos, dórios ou coríntios.
O estilo neoclássico fez
bastante sucesso no Brasil imperial por causa da tendência de seus senhores em
relação à estética e uniformidade do período, pois eles precisavam impor sua
autoridade e através desse estilo eles reafirmavam sua ideologia,
senhorialismo, unidade de classe e autonomia nacional. As paredes de pedra ou tijolo agora eram
pintadas e revestidas com cores suaves, as janelas eram enquadradas em pedras
aparelhadas em arco pleno com rosáceas e vidros coloridos.
A linguagem artística e
arquitetônica era a Greco romana, pois representava paradoxalmente a republica,
a democracia e a aristocracia, o mundo grego era democrático e republicano,
pois não tinham representantes de sangue nobre, o mundo Greco romano era
aristocrático, pois a elite se auto concebia títulos sobre os inferiores, com
sua racionalidade superior.
O estilo neoclássico
representava simbolicamente uma sociedade aristocrática construída por escravos
sob o paradigma de uma nação independente; Gilberto Freyre lembrava novamente
esse disparate pela forma como essa aristocracia se vestia e pelos objetos
utilizados por eles como correntes de ouro, anéis, bengalas, chapéus de sol,
etc. De forma geral, o estilo neoclássico se fez presente pelas fachadas
frontais que passava para a cidade urbana o seu status social, expressando
nelas suas riquezas, poder e refinamento aristocrático dos que podiam ter esse
tipo de capricho.
Referência:
MAESTRI, Mario. O sobrado e
o cativo: a arquitetura urbana no Brasil: o caso gaúcho/ Mario Maestri. –
Editora Passo Fundo: UPF. 2001. Capítulo I Pp: 27 – 156.
Senhor leitor, todas as imagens
foram retiradas do site de pesquisa Google, não se sinta ofendido se por
ventura, uma das imagens postadas for sua, a intenção do blog é ilustrar
didaticamente os textos e não plagiar as imagens. Obrigado pela compreensão.
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