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terça-feira, 24 de maio de 2011

Estoicismo no período helênico



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“Não basta conquistar a sabedoria, é preciso usá-la.” Cícero


A importância do estoicismo tem como proposta uma nova forma de pensamento que abalou os alicerces da filosofia do mundo antigo e grego, afinal os novos rumos do comportamento humano passariam a ser definidos dos ideários desses pensadores que se preocupavam com a conduta e como o cidadão “de bem” se comportaria perante a essa nova forma social de conduta perante a sociedade e pertinente a isso, nos alicerces do Estado.

O cidadão passa a conhecer o novo significado de moral e não abre mão de seus princípios, o estoicismo foi uma forma de pensamento que passou a formar a opinião moral, pois era uma filosofia que trabalhava a honestidade, dessa forma, contribuiu para a construção do pensamento humano.

O processo do pensamento grego marcou o pensamento ocidental e esse encontro foi uma espécie de simbiose, uma universalização do pensamento clássico da nação do direito; nesse contexto foram estudados as várias formas de pensamento e a razão de suas dificuldades diante da natureza humana, motivo esse da dificuldade de se entender a mentalidade humana. Esse rigor com a conduta moral e social, correspondeu a fase do esgotamento da democracia grega.

A intenção estóica era interferir na conduta dos governantes ao passo que o império romano se auto proclamava “senhor do mundo” , afinal eles não passavam de “copilador dessas idéias”, por que não havia ninguém a altura dessas idéias capaz de produzir um pensamento clássico para a república romana, baseado nessas peculiaridades ocorreu o processo da universalização da concepção helenística junto as religiões introduzindo dessa maneira a matriz ateniense com seu pensamento grego na história das reflexões como a moralidade e o rigor da conduta.

O paradigma da república romana foi o estoicismo, onde muito tempo fez uma proposta de leitura que conservava os componentes sociais e passaram a defender com lisura e honestidade a nova república e o que ela representaria para o mundo baseado nesse novo tipo de pensamento.


Estoicismo no Período Helênico

É conhecido como o período pela qual a filosofia e a cultura grega foi enfraquecendo e perderam seu poder de igualdade política e social, fatos oriundos da morte de Alexandre, o grande, estendendo-se até o império romano em 323 a C.

A organização política grega desfez-se lentamente por causa dessas intrigas. Logo após a sua queda, a filosofia era o principal reflexo a situação presente, pois não oferecia mais seus conhecimentos para melhor compreender a razão humana, a filosofia existente nas escolas estava voltada para confusões voltadas em acusações ao homem e para se desculpar de sua desorganização, tentando achar nisso paz para si mesmo.

Platão e Aristóteles eram contra essa linha de pensamento que estudava o homem na sociedade e na natureza, isso se dava, pois aos problemas éticos e faziam divergir e explorar a filosofia de seu interior, afinal o interesse era voltado para seu cotidiano.


Todo esse contexto foi importante para o aparecimento do cosmopolitanismo, onde as pessoas se reuniam nesse espaço que congregava diferentes nacionalidades distantes, todas reunidas por esse espaço; o patriotismo antes fundamental para a formação do Estado grego agora já não era mais tão importante assim, e por causa da maneira classista de pensar, suas fronteiras já não eram o suficiente para conter as idéias, atravessando suas cercanias e, por conseguinte, fazendo os outros povos usufruírem de suas idéias e filosofia, dessa mistura, foram aumentando consideravelmente o número de pensadores e filósofos oriundos de todas as partes que não fosse à Grécia.

O estoicismo era mais que uma filosofia, era uma reputação, pois representava os anseios sociais e os fundamentos de igualdade e tranqüilidade, advindos dessa organização cosmopolitana, pois seu objetivo era alcançar a universalização, todos esses fatos foram lentamente ao longo dos tempos substituindo o poder antes representado pela Cidade-Estado.

Isso significava a imposição do novo espírito romano na política por causa de seu comércio marítimo e a universalização das cidades junto às práticas do conhecimento e por fazerem das necessidades uma ferramenta possível aprimorando o conhecimento. O Circulo de Cipião era formado por grandes generais renomados e representantes do partido aristocrático, onde Publio Cornélio¹, Publio Emiliano² e outros com menos importância de destacavam também, porém não menos importantes do que eles para a estruturação do estoicismo.

Este conselho foi tão importante, a ponto de ser considerado o inicio da jurisprudência do direito romano; o estoicismo era visto com muito rigor em relação à funcionalidade das coisas e este deveria ser o tratamento dado a tudo, principalmente quando se tratasse da esfera pública e quais seriam as suas verdadeiras intenções para o atendimento do povo, ou seja, uma lei que atendesse o anseio de todos.


Foram essas questões que deram novos rumos as interpretações da lei romana para o comportamento ideal em relação à adequação na postura perante o Estado, reformulando o significado de fraternidade entre seus cidadãos, pois apresentavam semelhanças com a justiça, propondo então, não haver mais diferenças entre raça, posição social e riquezas, fazendo alusão até mesmo ao Estado para que reestrurasse sua posição em relação à moral do povo, sem cobrar ou exigir e nada de ninguém, todo esse contexto seria incorporado ao novo ideal político do povo europeu.

O estoicismo na época de Cícero³ falava por todos os homens educados, baseado na idéia majoritária de que o homem seria uma grande família, tendo como laço principal a relação comum, inspirada nas premissas da lei de Deus, se não fosse assim, o homem agiria de acordo com sua natureza selvagem e estaria em permanente estado de guerra com seu irmão.

Cícero foi um grande pensador e seus feitos se faziam presentes no mundo das idéias, dessa forma ele colaborava com a idealização da política, relegando suas obras publicadas e lidas na integra por quase todos os representantes do poder até os últimos momentos do regime republicano.

O pensamento ciceriano se preocupava com a pontuação de um “apodrecimento” a uma moral ultrapassada, onde a “tradicional virtude romana de servir” o público voltaria a restaurar a constituição republicana, sob o comando de Tibério Graco4.

Políbio defendia a constituição onde apresentava variantes boas e ruins, da monarquia a tirania, da mudança da aristocracia a oligarquia e depois se transformando finalmente na democracia. Cícero afirmava ainda que a lei natural formulasse o conhecimento da lei universal sob o jugo de Deus para garantir a razão do homem como principal fundamento para sua legitimização ao estado natural; Sêneca era dividido pela comunidade civil, ora era um pensador do povo ora como membro do Estado representante da razão por causa da ética, isso significava dizer que essa dualidade era importante para o avanço e separação de interesses que prendiam o homem ao mundo espiritual e mundano.

O Estado segundo ele, não representava a moral plena e por causa disso, citava o homem como feliz e inocente na existência de uma “cidade de ouro”, a pratica da virtude se daria pela ignorância sua em relação ao mal e o que ele representaria. Platão foi reconhecido por causa de suas idéias em relação à queda do socialismo sob o regime despótico e imperial de Nero.

O comunismo cristão foi reforçado pelos princípios de Sêneca, onde ele afirmava que o homem estava atrelado a sua natureza primitiva era esse pensamento quase generalizado que seria difundida entre os Cristãos: a idéia de que a pobreza moral era superior à riqueza da vida que os aristocratas viviam.

Isso não significava dizer que a riqueza e a propriedade da lei eram criticadas, significava dizer que era visto como uma segunda alternativa de comportamento da sociedade, assim não haveria o compromisso da natureza pecaminosa precisasse se basear nelas, pois o homem como ser falho não teria como se comportar de maneira igual, podendo questionar o direito constituído a todo homem virtuoso.


Baseado nesse princípio a igreja cristã começou a legitimizar suas idéias onde a obediência levaria ao reino dos céus e Deus não seria questionado sob hipótese alguma, quem não fosse cristão obviamente desconheceria esses ditames, assim como o cristianismo ignorava as outras religiões existentes incompatíveis com a sua e mesmo “tementes a Deus”, não teriam piedade em destruir quem não fosse adepto a sua. Esses confrontos eram o oposto da doutrina de seu representante que tanto pregava o amor e a fraternidade; o cristianismo chamava-os de fariseus traidores, mas eles se comportavam pior do que eles.

O próprio S. Paulo falava dos que utilizavam as sagradas escrituras para legitimar sob suas palavras religiosas o mando nas pessoas, onde dizia que toda alma estaria sujeita ao superior, não haveria ninguém maior do que Deus e a ordem partiria diretamente dele, quem ousasse desobedecê-la, estaria sob pena do castigo e da condenação eterna.

Aristóteles e Platão formulavam suas teorias baseados nas ligações com a prática e o teórico, essas teorias estavam fadadas ao fracasso, à razão, porém era perfeita em iniciar os estudos para o progresso, porém não alegavam que o trabalho deles se aplicaria as cidades-estados.

Platão dizia que as relações humanas estavam voltadas a objetivações oriundas das ciências sociais; Aristóteles dizia que os princípios éticos e teóricos no seu geral eram responsáveis pelas relações dos cidadãos livres e moralmente iguais, agindo de acordo com a lei vigente, valorizando o bem geral e jamais usando a força, perpetuando de certa maneira a filosofia no velho mundo.

Era visível que nenhuma polis grega julgava seus ideais como sendo o único alicerce da civilização, mesmo “não sendo o ideal, mas longe de ser o pior”, baseados nesses sentimentos, a conclusão era de que uma minoria, a massa “operacional” segundo Péricles, idealizava a democracia.

As cidades-estados apresentavam um grande problema de auto-suficiência em todas as suas esferas governamentais e ao mesmo tempo não podiam estagnar-se, pois o sistema entraria em colapso.

A idéia de independência estava associada ao mito da soberania através das alianças entre as polis, no futuro essa união resultaria o Estado grego; nem sempre acertaram nas crenças de solidificar a formação desse Estado, porém depois da Liga Pan-Helênica, com seu suposto sucesso, as cidades influenciadas poderiam a exercer novas políticas, como a macedônica.

Mesmo com um sentimento de amor velado pela cidade, não houve êxito, surgindo assim uma grande dúvida sobre a razão desse fracasso pelo das cidades serem abandonadas à própria sorte, não se importando em construir um governo forte, havia um outro grande contra-senso, pois se sabia que nenhuma cidade seria largada ao seu destino incerto.

Esses fatos relembravam os tempos de Platão onde os detentores do poder haviam se reunidos para combater os inimigos bárbaros oriundos de todos os lados.  Górgia de Leôncio6 trabalhava encima desse tema e produziu uma obra que seria proclamada nos jogos olímpicos até que Isócrates proclamasse Filipe da Macedônia o escolhido. Em 387 a C a suserania persa estabeleceu sobre o mundo grego os ditames de guerra e paz, duzentos anos depois Roma assumiria esse papel.

O império macedônico contou com dois grandes fatores que ajudaram na sua prosperidade, primeiro a cidade-estado era pequena demais e sua natureza militar em excesso atrapalhava até mesmo as formas de governar e o segundo motivo foi o controle grego sobre os invasores bárbaros na costa mediterrânea que não era pleno, por causa do comércio entre Grécia e a Ásia.

Quando ocorreu essa mistura de povos orientais e ocidentais, acorreram confrontos políticos, fatos ignorados por Alexandre o grande7 a ponto de tudo o que havia aprendido com os mestres caísse por terra, sem dar a devida importância que os fatos mereceriam. Instalou-se então a grande duvida se a cidade poderia mesmo garantir o triunfo sobre a civilização baseada em questões fundamentais da natureza humana e em teorias de vida.

A escola epicurista desenvolvia a filosofia política entre suas diferenças dos céticos e a escola que formava o pensamento oposto da escola cínica; os alunos eram preparados pelos epicuristas para serem auto-suficientes no seu individualismo, que apresentaria sua relevância baseado nos prazeres, evitando aborrecimentos que poderiam causar empecilhos a vida publica, eram totalmente baseados no materialismo, relegando ao homem o descaso aos deuses em toda a sua magnitude.

A escola era contra a natureza supersticiosa e baseava-se somente no real, no que compunha o mundo de fato. O papel do Estado era de garantir o convívio entre os homens para que eles não se destruíssem, oficializando a plenitude do Contrato para assegurar essa relativa paz pelas ferramentas de que dispunha; o epicurismo trabalhava a premissa da filosofia como uma fuga.

A mesma filosofia também seria pregada pelos cínicos e a diferença se daria pela oposição a Cidade-estado, eles eram desorganizados, compostos na sua maioria de mestres incapacitados e populares, a ponto de nem apresentarem uma proposta de coesão entre eles, seu aspecto físico se assemelhava a mendigos pedintes e abandonados ao relento.

A doutrina ensinada por eles era a da maldicênça a tudo o que o direito estabelecia e o homem sábio deveria falar somente para si, não desperdiçando seu talento com os demais; tudo o que existia entre eles não passava de um retrocesso, pois a verdade não passaria de analogias feitas a igualdade das coisas, além de proclamar a universalização das cidades aos “olhos do mundo”.

Esse tipo de conceito minou o estoicismo, mas só aconteceu graças àqueles que realmente levaram adiante a filosofia estóica a sério. Para os cínicos, tudo era ruim e o negativismo imperava em sua maneira de operar, onde a exceção seria o sábio individual. As convenções sociais retornavam a natureza e davam voz aos niilistas para fazerem seus protestos.

O único mérito desta classe foi fazer emergir o estoicismo, desaparecendo sem apresentar algo mais para seu contexto, se reduzindo ao ostracismo absoluto; séculos depois estudos mostraram que nessa mesma época dos grandes pensadores havia homens que ainda apresentavam dúvidas em relação à importância ideológica do Estado.

A proposta foi mostrar como as idéias e o poder de querer mudar um sistema ideológico poder dar certo se houver uma mobilização de pessoas que realmente anseiam por mudanças seja ele em qualquer contexto histórico e temporal, fatos esses que acontecidos centenas de séculos atrás e no entanto suas propostas continuam tão convictas e presentes nos dias atuais.

O estoicismo foi uma genialidade desenvolvida por um povo ou grupo de pessoas que tinham anseios de algo mais digno que lhes honrasse seus atos, afinal o momento em que essa ideologia foi proclamada, as pessoas estavam cansadas dos absurdos cometidos pelos seus governantes e necessitavam de algo maior, com o vigor de poder viver e se orgulhar do papel que eles representavam ao mundo.

Este jeito de ser agregou as concepções mágicas de todos os povos, tudo graças a filosofia clássica a qual somos eternamentes gratos e agraciados, por tornar o mundo algo semelhante a globalização, terminando com os resqícios do pensamento mesquinho e isolacinista, nos projetou as novas culturas continentais com seus diferentes hábitos, culturas e religiões, enriquecendo dignamente a alma humana, embora cheia de defeitos e problemas mundanos, mesmo assim donos de uma capacidade e genialidade intelectual capaz de superar todos esses tipos de problemas caudados pela nosso instinto natural, quase selvagem a ponto de quase não nos diferenciar dos animais. 

O legado deixado pelos estóicos refleta as condições morais de nossa alma e a maneira como agimos de acordo com nossa consciência em relação ao próximo, com o intúito de melhorar nossa essência como pessoas e principalente para fazer desta nossa morada algo melhor para se viver.
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1-foi considerado um dos maiores historiadores romanos, além de cônsul, descreveu parte dos horrores do mandato de Nero; era um juiz severo porém justo.

2- importante general romano, lutou na batalha contra Cartago, instaurou o poder romano na península ibérica, além de ser um oponente contra os irmãos Caio e Tibério Graco.

3- jurista romano, viveu num dos momentos mais conturbados da história romana, foi um dos maiores oradores, onde se destacam seus discursos contra Verres e Catilina, por discordar de marco Antonia teve sua língua cortada e exposta nas escadarias do senado.

4- foi um dos responsáveis pela reforma - agrária romana, causando o caos político violentos confrontos entre os donos das terras, foi morto por eles.

5- é considerado o pai da democracia grega, sob sua autoridade encerrou as Guerras Púnicas e a Grécia atingiu seu apogeu econômico e cultural.

6- é considerado dentre os sofistas o melhor deles, introduziu a retórica no circulo filosófico, sendo reconhecido pelos grandes pensadores da época.
7- foi o maior conquistador do mundo grego na antiguidade graças as suas habilidade e táticas bélicas, filho de Filipe II, inovou no sentido de manter relações com os povos conquistados, fundou a cidade de Alexandria e graças a ele o helenismo se projetou por todo o antigo continente. Seu oponente mais ferrenho foi Dario III e em sua vitória sobre a Pérsia, foi denominado imperador persa.

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Referências Bibliográficas

PENHA, João da. “Período Filosófico” 2ª Edição. Editora Ática. São Paulo. 1991.

SABINE, George H. “História das Teorias Políticas, Volume I.” Editora Fundo de Cultura. Brasil. 1961.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: O Dicionário da Língua Portuguesa. 3ª Edição, Editora Nova fronteira, Rio de Janeiro, 1999.









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