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domingo, 29 de maio de 2011

O príncipe segundo Maquiavél

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"O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta". Niccolo Maquiavel


O autor nada mais era do que um homem que fazia anotações sobre o comportamento do próprio homem e mostrou o quanto vil ou não uma pessoa com poder absoluto nas mãos poderá vir a ser, ele simplesmente parou e começou observar como a sede por poder modificaria o comportamento humano, pois este além de falho, sucumbe a qualquer indício de ganância para ser maior ou ter mais que seu próximo, demonstrando através da força ou de artimanhas desenvolvidas para se ganhar vantagens sobre os outros.

Maquiavel viveu numa época em que a cabeça dos governantes mudava periodicamente e quem quisesse durar mais tempo teria que se precaver, porém nem todos eram confiáveis e leais a sua pessoa, sendo necessário à criação de algo eficiente que surgisse efeito moral a curtíssimo prazo e de efeito fulminante a tal ponto que só assim seria possível manter a ordem e controle sobre pessoas, é nesse ponto que ele dá sua contribuição criando leis para como um regente deve se portar diante de tais situações, porém a forma como foram formuladas essas leis num primeiro impacto, davam a impressão de que se estava criando um “ditador” sem misericórdia e mais impiedoso que o inimigo, suas atitudes foram distorcidas pela igreja e ainda mais mal interpretadas por outros governantes inescrupulosos, ao qual nenhum deles negou o êxito de seus escritos da cartilha criada, ele deu os primeiros passos em relação ao capitalismo, pois a maneira sugerida em o Príncipe deixa algo muito parecido como sendo o embrião da nova estrutura financeira.

As sociedades se moldaram em cima desses ensinamentos e passaram a seguir fielmente os escritos mudando a maneira de agir e ser, quando necessário passando por cima de tudo, não deixando rastro para se chegar ao objetivo. Maquiavel colocou de forma resumida o que os grandes generais fizeram para destruir o inimigo conquistado, primeiro destruía seu idioma e depois sua cultura, e depois doutrinou como fazer para chegar a um cargo superior, ou destruindo o oponente ou chega-se a ele por meios excusos, nada mudou até hoje, pois tudo se repete e se faz tão presente quanto à época vivida; o pensador italiano nos ensina que não devemos exaltar as qualidades, mas sim seus defeitos, isso até pode não ser ético, mas dessa maneira chegaremos ao objetivo desejado, trabalhando dignamente corre-se o risco de não ser reconhecido e perder a vaga, afinal “que os fins justificam os meios”.

Ele foi astuto sim, mas no sentido de ser um coadjuvante observador no cenário do comportamento e da alma dos homens nos campos da política, infelizmente ele não estudou a fundo sua própria cartilha, pois acabou padecendo do próprio veneno a qual eliminava seus pupilos. Quando falava que a política do homem era bem terrena e nada de divino, sabia exatamente do que estava falando, pois estava se referindo ao pensamento político, pois até então eram ideologias impostas: os pensamentos não eram do homem, mas de Deus, dizia que as atividades políticas, eram coisas autônomas do homem, e não da vontade divina, afinal se trabalhava com o medo e a ignorância do povo.

O Estado e a igreja eram divinos e absolutos, esse convívio, porém não era pacífico e sim conflituoso, o homem deveria ser livre das amarras que o prendiam a terra, deveria ser um sujeito de postura de caridade e de benevolência, a virtude estava nisso, somente à igreja seria digna de merecer o poder da fortuna e não aprovava que o homem se perdesse do rebanho de Deus pela busca da fortuna e do prazer; esse tipo de pensamento começou a minar as idéias de Maquiavel em relação do que era para ser e o que deveria ser o homem só seria respeitado se ele possuísse bens, era uma associação entre poder e riqueza, virtú com fortuna, a virtude sozinha não funcionava, ela teria que estar associada com a busca do poder material.

O homem virtuoso é aquele que sabe lutar pelo poder, a busca da virtude não é espiritual, mas sim prática. A política numa perspectiva pragmática é qualquer ação e tem que estar ligada ao resultado prático, o Estado tira da força política e dogmática supostamente verdades por não aceitar qualquer tipo de questionamento sem margem de crítica, era crer para crer, a atividade política era exclusiva da ação humana e vivia num dilema do qual resultou uma visão dialética, com os quais seria criado em cima dessa idéia uma construção política e depois uma construção real para solucionar esse impasse.

A atividade política é elemento do ambiente dos homens, ele trazia uma visão antropológica, se afastando da visão divinizada por Roma, essa contribuição é extremamente significativa, na Itália as monarquias lutavam entre si em todo território, eram uma fragmentação de poderes políticos distintos; ele começou observar e estudar onde os reinados falhavam e como os vencedores e perdedores se comportavam, fazendo uma associação e entendendo o estado efêmero do homem e sua relação com o poder num curto período de tempo; tentando conter o espírito humano movido por interesses dentro de sua esfera, ele demonstra que o homem pode levar a cabo seus anseios pelo poder.

A natureza humana é ingrata, volúvel e covarde, sempre tendo em vista o jogo de interesses, referindo-se as suas ações por ser mundano, o homem sempre foi e sempre será o mesmo. O autor tinha em todo o seu pensamento uma questão que lhe perseguia: como responder de forma humanitária e como reduzir o tempo de instabilidade na crise para um tempo de estabilidade? Ele acreditava que ninguém pudesse viver numa eterna insegurança, daí começou a pensar em como mudar isso, convertendo o poder em algo seguro, ele não defendia nem monarquia nem república, não tomava partido algum, tinha uma outra postura, para ele essa dependência era secundária e formar uma estabilidade era o ideal em qualquer forma de governo, na república ou no senado, sua visão era de quem estava ganhando.

Na sua obra literária O Príncipe, teve a pretensão de formular ensinamentos para os príncipes, ou seja, leis práticas de ação política comportamental aos reinos e correligionários, Maquiavel agia na política exercida pela práxis imediata da época, trabalhava a psicologia do homem com sua natureza e ela era marcada por elementos comuns contidos em todos, quem esta no poder sempre temendo que os súditos usurpem-no, ou seja, ele “não poderia dormir no ponto”, deveria estar sempre alerta para os amigos e mais ainda para os inimigos, seu poder enfraquecido fortaleceria o inimigo.

O príncipe deveria ser malandro, mas sua virtude deveria falar primeiro a quem pudesse interessar sendo astuto e malicioso, pois a política é feita para espertos e não para débeis; ele deve ser um pouco raposa e um pouco leão, por que o rugido amedronta, mostra força e poder, pratica ações para que ninguém esqueça do poder de suas garras e ser raposa também, sendo astuto, sagaz fazendo que os outros creiam que ele fosse bondoso e misericordioso, maleável dando atenção para as pessoas certas, sendo que o verdadeiro intuito é neutralizá-las, ter elas em suas mãos, o famoso: “comer na minha mão”.

Maquiavel sugere agir dessa maneira com sagacidade e astúcia em tempos de instabilidades, a intenção era estudar a visão que ele tinha sobre o Estado, a nobreza e política, defendendo a idéia de governabilidade não abrindo mão de suas riquezas, defendia a premissa de derrotar ou anular seu adversário. O autor nada mais era do que uns resultados feitos pelo meio das atitudes dos que ganhavam e perdiam o poder e mostrou como transformar um homem terreno em divindade, mas no reino da terra e não do céu; com poder absoluto nas mãos poderá vir a ser o que quiser.

WEFFORT, Francisco c. Os Clássicos da Política. ED. ÁTICA São Paulo Vol. 1; 2006 pp. 11 – 50.

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