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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ciências sociais: uma ruptura metodológica.

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“A linguagem é uma razão humana que tem suas razões, e que o homem não sabe.”
...................................................................................................Strauss


Uma ruptura metodológica:

É dada uma prioridade a experiência pessoal exercida no campo:

Qual a relação da antropologia com as outras ciências?
O que é cultura?
O que é cultura popular?
O que é etnocentrismo?




Roque Laraia: Cultura, Um conceito antropológico.





CIÊNCIAS SOCIAIS: Qual a relação da antropologia com as outras ciências?

Não é um apêndice para elas e sim um corpo que auxilia, buscando conceitos, onde estuda o sujeito não isolado, mas em sua integralidade, onde ele se encontra o lugar, qual o seu tempo e o que faz?

Quem é esse sujeito? Para responder essa pergunta é necessário entender sua posição geográfica, para isso usa-se mapas (isso não que dizer que se esta estudando geografia), escalas, para saber como essa sociedade vive e qual a relação deles entre si com as relações do tempo e da história, para entender qual a relação desses sujeitos viviam em períodos anteriores ao deles e tentar entender que tipo de conflito eles viviam na sociedade num determinado período histórico.


Não era só do lugar e período da vida do sujeito que se faz a historia, mas também o significado de sua vida cotidiana presente, outra fonte eram os sistemas econômicos e as mudanças que eles causavam na comunidade através das mudanças físicas e como isso se apresentava. No Brasil, desde o golpe de 1964, os curso de antropologia foram transferidos para os Estudos Sociais, através da Reforma Política do Ensino, os cursos de sociologia foram juntando-se com os estudos das Ciências Sociais e assim poderia escolher qual área iria cursar: Sociologia, Ciências Políticas ou Antropologia.






Edward Taylor foi o primeiro antropólogo a tentar definir o que é cultura.




A cultura é um processo cumulativo resultante de toda a experiência histórica das gerações anteriores, este processo limita ou estimula o processo de criatividade do individuo, não existe sujeito sem cultura, ela é a evolução de toda a crença, moralidade, religião, ou seja, tudo o que da significado ao comportamento da sociedade, onde as diferenças culturais é que definem seu meio de sobrevivência:



X¹: quando uma criança leva uma palmadinha, ela já esta sendo “aculturada” quando nascemos não temos cultura, ela nos é imposta por não sermos sociáveis, ao crescermos somos “bombardeados” e assim somos moldados de acordo com o que a sociedade ira esperar de nós. Todo comportamento fora do que é considerado cultura é visto como um comportamento “não padrão”, por isso a cultura é um “leque de comportamento”.


X²: Os alimentos tem gostos diferentes para cada pessoa, por isso, estranhamos quando alguém fala que gosta de algo que desaprovamos.


X³: O que muitas vezes achamos algo estranho nos outros, eles podem ter a mesma impressão de nós, por isso que muitas vezes ao analisarmos a cultura dos outros, será estranho para nós com suas diferenças e ao mesmo tempo não sabemos como nos comportar, ficando com receio de perguntar como seria o politicamente correto.


Qual o significado disso para o curso da História?

X: Como se come macarrão na mesa do brasileiro?


Toda cultura incorporada chama-se cultura de base.


A cultura é o significado de toda essa contradição, estando ligada ao senso comum e suas relações acadêmicas.
X: conversamos o cotidiano por que é necessário para dar continuidade ao que somos, isso não é um fenômeno difícil de definir, pois chegamos até isso através de tentativas para a construção de nossa cultura. Toda sociedade sofre transformações da sua cultura e a isso chamamos de transformação híbrida, portanto somos frutos do hibridismo.


X¹: A idéia da família patriarcal esta desaparecendo, pois não se telera mais esse tipo de comportamento.

X²: As mulheres começam a administrar suas famílias, fato esse não admitido na época do sistema patriarcal.

X³: 80% da sociedade brasileira descende da matriz portuguesa.

X4: O catolicismo brasileiro abrange quase todo o país, não condizendo muito com a igreja católica romana, pois são interpretações diferentes de cada sociedade.



A cultura não é mais única e individual e sim social para todos, ela não é determinada por aspectos espaciais, o lugar onde se nasce não determina seu comportamento, não existindo um determinismo espacial com um determinismo biológico, nem sempre o ditado: filho de peixe peixinho é será verdadeiro, quando se nasce em um local e cresce em outro, a criança vai preservar a cultura do local onde cresceu.





O homem por pensar, tem a vantagem de aprender com as outras culturas e pode incorporá-las a sua; a identidade cultural é mista, se reconhecendo ou não através da outra, isto é, podendo estar em locais diferentes, lembrando que não é o local que faz a cultura e sim do resultado da convivência social.



A cultura não é biológica, ela não para na herança genética, ela é comportamental e social, não se relacionado com os objetos biológicos. Não a um determinismo geográfico e biológico para a cultura.

Características da Cultura:

É totalmente social, sendo aplicada somente a seres sociais (sociedade), toda cultura é dinâmica: a vida na sociedade faz com que o comportamento social se modifique. Por não querermos nos comunicar, isso não significa que não temos cultura e esse aspecto faz com que sejamos partes da história daquela sociedade. É necessário levar em conta as considerações históricas datadas daquela sociedade, dinamizando-a socialmente, pois quando uma sociedade encontra outra, ocorre o aceleramento de troca de experiências, dinamizando uma facilidade, afim de que haja uma modificação na presença de outras culturas.

A cultura também é instável, podendo mudar a ponto de se tornar outra cultura totalmente diferente da original. A cultura é determinada e determinante, ela impõe seu significado ao comportamento social. O homem em conjunto cria vários tipos de comportamentos derivantes, por isso somos responsáveis pelas mudanças da sociedade, da economia e da cultura, mudando e moldando a história. O significado da cultura é enorme, não tendo apenas um conceito e sim várias possibilidades, variando de acordo com seu status, podendo mudar ou não.
X¹: “quem tem dinheiro não rouba”
X²: “o ladrão só rouba por que não tem bens”



Devemos olhar para a cultura com os olhos dela e da mesmo maneira como ela nos olharia. É necessário saber as diferenças culturais, respeitando o modo de agir e pensar dos outros, os hábitos fazem parte da perpetuação da cultura e seus comportamentos surgem na mudança de novos aspectos de culturação. A tendência é pensar que a nossa cultura é melhor do que a outra e ao fazermos isso, passamos uma informação errônea, pois o estranhamento da cultura é normal, mas nem por isso devemos discriminá-la.


O Brasil não tem o hábito de produzir muitos filmes, por isso importa fórmulas produzidas pelo meio intelectual as artes, porém isso não se resume somente a cultura e sim a todos os setores da sociedade. Todos os países que se transformaram em nações no séc. XVI e XVII passaram por esses processos, no que se refere as escolas, a metodologia adotada foi mudada recentemente, pois os métodos de ensino foram mudando lentamente, a educação pública precisava dessa cultura (o comportamento cotidiano) de nossa mentalidade.


Os modismos são mais rápidos do que a educação, para se manter no poder, é necessário segurar-se nele, por isso a língua brasileira quase não usa tantos termos quanto a língua inglesa. O conformismo é uma idéia passada a realidade de o comportamento ser uma proposta pois para mudar não deve existir mudanças drásticas, ou seja, é a repetição do discurso sem um questionamento, a universidade aparece justamente para não abrir mão desses clássicos, pois a diferença esta na idéia da diferença do igual em relação ao aprendizado.
X: quando a moda não avança, ela retrocede: jeans, bonés, camisetas.

IDENTIDADE CULTURAL

É o olhar que temos das outras sociedades pelo nosso olhar, isso é um fenômeno cheio de preconceito chamado etnocentrismo, é preciso se despir desse comportamento/preconceito, pois assim não se consegue enxergar a realidade dessa sociedade, enxergaremos somente o estereotipo distorcidos dos fatos. Para se conhecer esse grupo social é necessário fazer uma relativação: defender a minha cultura, porém ouvindo e respeitando a outra e tentar entende-la, pois entender seus significados é o mesmo que aprender com os mistérios culturais da outra sociedade, revelando minha alteridade (pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende de outros indivíduos) diante do outro sujeito.


Rinhas de galo – qual o significado disso para a sociedade? Para o homem europeu isso era mais um jogo, pensava-se tratar de uma crueldade, não tinha sentido o animal se digladiar. 40% dos fundos das casas tinha criação de galos de rinha, essa prática era proibida pelo Estado, mas as pessoas insistiam naquele tipo de prática. A maioria participava e quando a policia aparecia todos desapareciam, para logo depois ressurgirem e voltar as brigas. Tudo era feito entre ricos e pobres nesse sentido, com cada um desempenhando papéis diferentes dentro da mesma sociedade, comportamento atípico para essa sociedade.



Todos praticam a alteridade em algum momento com olhares preconceituosos, enquanto sujeitos, porém todos negam o racismo, colocando-se num patamar de superioridade e quando reconhecem o outro, é de maneira “um tanto suspeita”. Antigamente todos tinham que olhar para a verdade e ver o fato concreto (verdade objeto/sujeito), o real nunca era verdadeiro sob a ótica do comportamento (olhar relativo e comportamento superior)



A CULTURA DO OUTRO NÃO É NEM MELHOR NEM PIOR, ELA É DIFERENTE


Toda resposta de comportamento cultural diferente ao etnocentrismo (visão ou avaliação que um indi víduo ou grupo de indivíduos faz de um grupo social diferente do seu, é apenas baseada nos valores, re ferências e padrões adotados pelo grupo social ao qual o próprio indivíduo ou grupo fazem parte. Essa avaliação é por definição, preconceituosa, feita a partir de um ponto de vista específico-comparativo).
X¹: a tecnologia japonesa é melhor do que a tecnologia polonesa, sob que olhar essa colocação é verdadeira? Isso é técnica e não cultura, é a técnica que define a cultura do lugar... ou não.
X²: um romancista não tem a obrigação de relatar a realidade em sua obra, ele pode criar uma 2ª realidade.



O historiador tem a memória dos dados, conhecimentos e busca na historia concreta as informações necessárias para seus estudos. Uma entrevista acadêmica ou jornalística busca trabalhos diferentes sobre o mesmo tema. O moralista só quer apresentar seus trabalhos, ele conta mas não relata, o historiador questiona, relata o problema, reflete sobre o fato, não sai falando simplesmente por falar. A história oral se fazia inicialmente quando as pessoas eram entrevistadas e depois se publicava em livros, esse tipo de comportamento não é condizente ao do historiador, atualmente a entrevista é a fonte, o objeto a ser estudado, um jornalista não é um historiador.


A base do olhar é o tempo, as temporalidades e relações do sujeito com o espaço e tempo. O sociólogo não se interessa pelo foco temporal, seu olhar volta-se para as instituições sociais. O historiador fala o que sabe sobre as instituições mas não sabe o que elas significam, o perfil de quem trabalha nessas áreas é diferente dos outros. As fontes antropológicas são orais e estão interessadas no momento, no presente, no hoje:
X: a história da qual a percepção daquelas pessoas estão tendo sobre o que elas pensam sobre uma determinada doença, como pesquisador isso não é relevante, o sociólogo encontra-se nesse meio campo.

- Qual a base teórica do autor?

- Qual sua crítica?

- Como ele se contra põe?

- O que seus antecessores falavam?

- Onde o autor escreveu sobre o assunto?

A dialética é algo que esta sempre presente, em movimento e não tem conformidade. Quando demarcamos um momento, estamos sendo positivistas, por que marcamos um inicio e um fim,
X: quando tiramos uma foto, criamos um objeto científico, a teoria é a fonte, quando fazemos uma história também estamos sendo positivistas. O preconceito teórico apresenta mais responsabilidade do que o positivismo, pois esta envolvido em um corpo social, sob a luz do ocidente, afinal não se inventa uma fórmula, estamos vivendo e fazendo parte da sociedade humana. Quem introduziu essa representação na representação humana?




►Durkheim melhorou a idéia de representação.
►Webber tratou do conhecimento da idéia como base de entendimento teórico.




HISTÓRIA SOCIAL

- Qual a idéia que se tem de história social?
- Qual o termo ausente?


É o que não aparece, mas é o que se gostaria de tratar a partir da idéia de cultura, junto, porém com as idéias do marxismo.


IDENTIDADE CULTURAL



É uma idéia clara de algo com o qual nos identificamos e nos reconhecemos no objeto, comportamento e no local apresentado:
X: a carteira de identidade não é o sujeito, mas o que ela representa em suas características, encontramos nela civilmente aquilo que ela representa o sujeito na sociedade sendo única. É aquilo na qual eu reconheço em um grupo aquilo que eu sou.


A identidade de um grupo é o reconhecimento e o comportamento deles mesmos com características próprias, pois através dela, sabe-se como é a dinâmica do grupo e quem são eles. Para quem não for daquele grupo, fazer as mesmas coisas parecerá estranho:
X: um peixe fora da água não terá identidade cultural por não se reconhecer, e esse “não reconhecimento” perante a sociedade é um etnocentrismo.


O distanciamento com o outro pode ser visto de outra maneira por outros povos, a distancia ou o distanciamento é sempre menor e isso pode ser interpretado como uma invasão de privacidade somos muitos diferentes e ao mesmo tempo somos muito parecidos, por isso a cultura nos molda e através dela nos reconhecemos, somos o resguarde de nossas particularidades como individuo muito mais frutos da sociedade do que de indivíduos sozinhos.




A sociedade sofre interferência a todo o momento e por isso o tempo todo ela esta mudando, sozinha ou acompanhada; sozinhos não fazemos movimentos algum, mas podemos interferir em qualquer seqüência, pois fazemos parte de um sistema e o movimento depende de um todo para funcionar. A sociedade não se movimenta somente pelos intelectuais, mas também por outros grupos que realizam varias outras transformações através dos fatos sociais:
X: os lideres sociais nas revoluções fazem a diferença e só depois são reconhecidos.


São muitos os exemplos de grupos que tinham o poder em mãos e não fizeram nada, não quiseram receber o poder e outros tantos que possuíam as relações com o trabalho e idéias e nada expressaram em fazer alguma coisa, não existia sociedade que não mantinha relações com outras sociedades ou que fossem comandadas por lideres femininas, tudo isso ainda esta marcado por relações de poder e esses grupos não representam suas idéias e por isso tentam impor aos outros.


A sociedade vive eternamente em conflitos, mas isso não a leva a aniquilação, pois vivemos sempre em uma troca de peso e contra peso, é isso que mantem a sociedade, por isso a necessidade de todo o momento o ajuste de nossas idéias. O que parecia absurdo, hoje é realidade, ao negociarmos nos conflitos, mantemos relações com o poder, assim desenvolveu-se a evolução do pensamento positivo, porém isso nem sempre aconteceu de maneira que ocorresse melhorias, o que é desenvolvimento hoje, pode vir a ser sinônimo de desastre amanhã:
X¹: na cidade de Salvador era fundamental que a escravatura existisse, quando chegou ao “fim”, a cidade entrou em declínio quase que em decadência, enquanto a negritude a embelezava. A cidade deveria ser saneada junto com um planejamento, pois havia de expandido demais.


O pensamento de quem se importava com a cidade é que trouxe mudanças, com isso podemos provar que junto as mudanças podem ocorrer e sozinhos não teremos muito êxito:
X²: certas leis vêem para ficar e outras não dão certo, isso ocorre por que por mais consensuais que possamos ser, só vivemos aquilo que juridicamente nos é imposto, as leis são feitas mas não há relação com as leis sociais, por isso que algumas não dão certo, por que não nos identificamos com elas e isso para a sociedade não é bem visto.


X³: o vereador pode fazer leis que não condigam com a realidade da sociedade? Foi feito em estudo para ver se essa lei era realmente necessário?

MISSIGENAÇÃO = MISTURA

Quando se compara culturas diferentes, elas por si só já são diferentes, a questão para entender esse empasse é trabalhar com o que se tem e tentar entender essas diferenças. O perfil do brasileiro é o perfil da sociedade brasileira, são aspectos ícones e particularizados presentes na dramatização de viver deste povo:
X¹: procissão de Nazaré
X²: procissão de N. S. Navegantes
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O catolicismo popular é diferente daquele pregado em Roma, a tradição é um aspecto cultural que se materializa com o tempo, como se nunca houvesse sido transformado.
X:a história do padre Cícero é uma reinvenção de uma tradição secular, uma romaria.




SINCRETISMO


É uma fusão de doutrinas de diversas origens, seja na esfera das crenças religiosas, seja nas filosóficas, configura-se por ser uma idéia de fora, como por exemplo o povo de santo negava, onde a religiosidade deles, por causa do racismo católico, existiam várias singularidades africanas: as religiosidades afro-brasileiras e foram se formando com o restante do Brasil.

Candomblé do caboclo é uma incorporação do índio, não do “preto-véio”

Não existe propriamente dita uma expressão genuinamente brasileira, a cultura brasileira não tem uma raiz única e sim a soma de várias culturas:
Carnaval: Maranhão: reggae
Bahia: axé
Rio: samba
São Paulo: samba
Amazonas: festival de Parintins

A identidade brasileira é feita de um conjunto de elementos regionais.









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