“Que sorte para os ditadores que os homens não pensem.” Adolf Hitler
Ditaduras e aberturas políticas.
Por mais de vinte anos, a América Latina e as ditaduras
militares andaram paralelas uma a outra durante o período de 1960 e 1970, esses
regimes ditatoriais se destacavam pela truculência e violação dos direitos
humanos sobre a sociedade civil; as exceções foram Venezuela e Colômbia que
seriam dominadas pelos regimes militares no inicio da década de 1980, ao passo
que a maioria dos países já se encontrava em fase de transição as aberturas
políticas. Para entender o dinamismo desses regimes desde o seu ápice
até o seu colapso é preciso ir a fundo em questões que envolvam seus
personagens, sujeitos e objetos relacionados a essa crise democrática, pois é
necessário compreender seus processos, os principais acontecimentos e entender
a própria natureza da ditadura que tanto amedrontou as populações desses
países.
No caso brasileiro, a atualidade propõe uma reflexão no
sentido de entender como a ditadura foi possível de acontecer, qual foi à
natureza que a envolvia política e economicamente, bem como a institucionalização
do esquecimento como arma política contra a democracia. Por isso a ferramenta
do presente para lembrar as atrocidades cometidas pelos militares até seus
condutores a transição da abertura democrática, através da redemocratização. Desta forma, a memória se baseara na ditadura, pois esta
constituiu o centro da violência como forma de se fazer atuante através das
arbitrariedades na historia recente de nosso país e de nossos vizinhos latinos,
isto implica em ir além do chamado processo de abertura, do esquecimento nos
acontecimentos que ocorreram no período conhecido como “anos de chumbo”, bem
como a clareza em mente do papel histórico na legitimidade de que agora ela
exercerá.
Isso significa dizer que a memória dos fatos devem ser
guardadas e lembradas através dos arquivos, acervos e depoimentos em nome da
identidade nacional, esta que esteve na mira de ser destruída segundo projeto
dos militares e policiais de quase praticamente todo o continente, por isso, da
luta em preservar essa memória até os dias atuais.
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A crise das ditaduras.
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A crise das ditaduras.
Como dito anteriormente, as décadas de 70 e 80 do século XX
na America latina foram marcadas pelas ditaduras e ao mesmo tempo pela volta da
redemocratização, tendo o objetivo, a substituição das ditaduras pela volta da
democracia a nível continental, não sendo o Brasil caso isolado ou diferente do
processo de transição; o fato era que mudanças estavam ocorrendo parecidas com
as que o leste europeu presenciou a partir de 1985 por causa do papel exercido
pelo russo Mikhail Gorbachev tentando libertar-se do regime socialista real que
essas nações estavam vivenciando. Essa realidade começou a ser traçada uma década antes na
América do Sul com Jimmy Carter e sua proposta abertamente critica sobre a
forma como esses regimes estavam exercendo o controle sobre suas populações de
forma arbitraria e violenta; assim, o Estado se viu abrigado a andar segundo a
maior nação capitalista dominante do mundo, as economias precisavam de maior
autonomia, a liberdade de expressão deveria voltar a ser o que era bem como o
direito as denuncias praticadas pelos policiais através da repressão de
dissidências.
O fato era de que nem Gorbachev imaginava a importância de
seu papel para o mundo e menos ainda a velocidade com que o regime social real
cairia tudo isso entre 1989 e 1991; o presidente americano Jimmy Carter por sua
vez, através de sua atuação, favoreceu a volta dos direitos humanos em todo
continente latino onde as oposições poderiam ter voz novamente. A luta pela democracia e a crise da ditadura na verdade
havia começado anos anotes em toda a America latina, inicialmente isso havia
começado a partir de 1974 sob duas óticas: o Brasil deveria ser inserido num
Estado de Direito através do projeto militar Geisel-Golbery e a outra ótica
seria através do MBD (Movimento Brasileiro Democrático) como único partido até
então opositor ao regime militar.
Geisel-Golbery |
Outro fator que contribuiu para a crise foram as
plantations voltadas para as exportações que entraram em crise, para o poderio
autoritário e fascista europeu isso foi humilhante demais, por isso a
necessidade de mudanças nesse continente; no caso brasileiro a primeira
experiência nesse sentido ocorreu em 1945, ficou conhecida como a primeira
transição democrática no continente. Antes disso, nosso país era governado por ditadura
caudilhescas e posteriormente por militares na segunda metade do século XX. No
caso argentino e paraguaio, a experiência ocorreu por serem consideradas
ditaduras contemporâneas, recentes. A presença militar no Brasil reatualizou a
presença dos americanos e sua ideologia de segurança nacional obcecados pela
Guerra Fria e pelos treinamentos através da Escola das Américas.
Escola Superior de Guerra |
O ator externo e seus condicionantes.
“american way” |
Anastácio Tachito Somoza |
Yom Kippur |
Na pratica todos os países latinas estavam profundamente
endividados, com destaque especial para o Brasil, dependente totalmente dos
juros americanos, tendo como garantia de capital o tesouro americano, isso
criou um circulo vicioso crescente em todo o continente; novamente citando a
crise de 1973, ela foi decisiva para culminar a sangria da crise econômica
brasileira. No final da década de 70, sentia-se os sinais de
esgotamento das economias latinas, anteriormente tidas como exemplo de eficiência,
agora era sinônimo de fracasso, o modelo dessas ditaduras militares agora era o
exemplo de incapacidade de se manter como processo auto-sustentado. Quase todos
os países apresentavam sinais de entrar em colapso por causa de suas economias
ineficazes frente aos produtos competitivos e por causa dos cortes de
financiamento.
João Baptista Figueiredo provou essa realidade em 1982
quando disse que o pais não conseguiria honrar suas dividas, pois, todo o
crescimento econômico encontrava-se esgotado ocasionado pela própria crise
militar baseada na recessão sindical, no arrocho salarial e na repressão
política, onde levava junto a credibilidade dos militares e as bases sociais de
aceitação a ditadura, sob a promessa do chamando Milagre Brasileiro. A necessidade
de mudanças era evidente e foi a crise que condicionou essa abertura, associada
a ineficácia do governo econômico de Médici, assim, Geisel-Golbery seriam
favorecidos a abertura do regime, a contra partida foi a de que a opinião
publica agora era em maioria contra o regime militar.
O Estado e a oposição: os atores internos.
MDBJ |
O MDB não viu outra saída senão partir para a luta contra o
regime, afinal a sociedade diante de tanto terror começou a se organizar
através dos sindicatos, igrejas, imprensa, artistas e principalmente estudantes
universitários criando um papel ativo e critico do regime bem como a sede por
liberdade e justiça pela volta da democracia, assim, seria inevitável a
abertura política, os militares não tinham mais muitas opções se não a começar
dar indícios de ceder e negociar a política vigente. Isso foi visto durante a
campanha das Diretas Já, onde as ruas se transformaram num mar de pessoas
exigindo as negociações e o retorno da democracia.
Abertura como processo político: abertura ou aberturas?
Todos os fatos ocorridos no processo de abertura política
no Brasil entre os anos de 1974 a 1985 foram procedidos de outros eventos
visando mudanças no regime, que agora não convencia mais ninguém com suas
propostas de modernidade e segurança. Entre os governos de Castelo Branco
(1967) e Médici (1973-1974) iniciaram–se os primeiros esboços de tentativas de
abertura política, mas malograram. Através de Geisel-Golbery a transição lenta,
gradual e segura começou a tomar forma, com mais experiências, não cometeram os
mesmos erros do passado. Grande parte das classes que haviam inicialmente apoiado o
golpe, agora se refugiavam em igrejas que desenvolvia o papel de propagandista
da igreja católica através de suas marchas tendo como lema a família e Deus
como exemplo de liberdade, assim, o apoio que o governo tinha desapareceu por
mostrar quem realmente eles eram, por causa das atrocidades cometidas caçando,
cerceando, reprimindo, assassinando, torturando as representatividades legais
do povo como os sindicatos e demais órgãos trabalhistas.
A ESG deu origem através dos outros empresários
simpatizantes ao golpe e fundou o SNI (Serviço Nacional de Informação) que por
sua vez não conseguia mais desfazer a incredibilidade causado pelo mal
estar da ditadura em especial na atuação pela rigidez da política econômica,
resolveram menos ainda o caso dos estudantes que se avolumavam cada vez mais
nas ruas através de passeatas e de uma oposição atuante formada também por
lideres trabalhistas e intelectuais, todos esses fatores só acelerariam a
falência do regime. O que ocorria agora era que as linhas de defesa dos
quartéis representadas por Castelo Branco, exaltariam a ala radical Linha Dura
as Forças Armadas, tendo a frente Costa e Silva candidato a presidente. A
realidade agora era de revolta total através das manifestações ocorridas no Rio
de Janeiro e São Paulo, no Rio ocorreu a Passeata dos Cem Mil composta por
operários que entraram em greve nos centros industriais paulistas, esses fatos
abalaram a credibilidade do regime, as forças militares e a classe media que
agora exigia uma saída golpista.
Os artistas e intelectuais formavam a verdadeira cultura de
resistência através do teatro, musica, literatura e de professores e estudantes
que isolavam cada vez mais a ditadura de seus projetos iniciais, isso foi
evidenciado a partir de 1968 quando no auge da crise econômica, as ruas foram
tomadas pelo avanço das guerrilhas urbanas, onde nesse ínterim ocorreu o
seqüestro do embaixador americano como forma de luta, isso provocou um golpe
dentro do golpe, quando uma junta de militares impediu que o vice-presidente
tomasse posse. Como resposta a estes atos, Costa e Silva impôs ao país
medidas consolidadoras com o apoio da policia a partir de 13 de dezembro de
10968, período em que ficou conhecido como Período do Terror, por causa da
instalação do Ato Institucional nº 5, verdadeiro representante do que
significava a ditadura no Brasil. Em 1964 quando ocorreu a primeira tentativa
de abertura política, foi fadada ao fracasso, pois Castelo Branco não foi
apoiado em suas propostas, isso desencadeou o golpe dentro do golpe, o
pensamento que reinava era de que a culpa era da oposição militar que não
apoiara o presidente, por isso seu projeto de abertura fracassou.
Euforia econômica, repressão e abertura política
Com a morte de Costa e Silva, a Junta Militar empossou um
presidente desconhecido do povo, ele faria a ponte entre os simpatizantes
da Linha Dura e os castelistas, seu nome era Garrastazu Médici, formado
pela ESG, e ele até então concentraria o maior poder político já visto na
historia do Brasil, por isso, iniciaria a considerada segunda revolução
industrial através de um faraônico projeto econômico. A proposta agora era trabalhar na reconstrução econômica do
país através das linhas de financiamentos internacionais, agora numa situação
mais amena do poderio militar consolidado pelas forças sindicais do país, que
agora se fazia presente através do amplo desenvolvimento nacional. Estas resoluções
se estenderiam desde Médici até o governo Geisel, onde se destacaram a
indústria petroquímica, química fina, eletrônica, bem como investimentos nas
redes publicas, na infraestrutura rodoviária, pontes, aeroportos, portos e
indústria bélica.
No governo Geisel as reformas ocorreram no campo das
alternativas de energia, em especial a hidrelétrica de Itaipu e Tucuruí, além
das redes de transmissão de energia, o Proálcool entre outros; foram
projetos que lançariam o país no espaço privativo dos países mais
industrializado do mundo. Fora da esfera governamental, a crise civil e
política se acirravam contra o governo, pois com o arrocho salarial e sindical
e as medidas cada vez mais severas em reprimir os atos públicos, fizeram com
que as guerrilhas urbanas aparecessem cada vez mais com o apoio dos camponeses. A copa do mundo de 1970 foi outro artifício utilizado pelos
militares para auto promover o “milagre econômico” brasileiro e pela maciça
propaganda nacional que girava em torno do Brasil como potencia cujo slogan
era: Brasil ame-o ou deixe-o, numa forte alusão aos “subversivos” que aqui
estavam para deixar o país, pois eles não eram bem vindos, nesses trâmites a
gestão de Médici entre altos e baixos conseguiu chegar ao fim de seu mandato
apontando para a transição rumo ao regime democrático.
Segundo Médici, o período ideal para a volta da democracia
seria no seu mandato, esta seria a melhor hora para fazê-lo, afinal não existia
oposição a isso dentro das Forças Armadas; isso de fato só não havia acontecido
por causa das afrontas e provocações das guerrilhas, assaltos a bancos, greves;
para Médici esses foram os fatores responsáveis para que essa mudança não
ocorresse, retardando assim o processo de reabertura política. O descontentamento do general com essas guerrilhas e
seqüestros foi tanto, que o estopim foi o seqüestro do embaixador americano,
este fato fez com que o general editasse a Lei de Segurança Nacional, tempos
depois essa lei seria copiada pelos outros países latinos; assim sendo, em 18
de setembro de 1969 seria sancionada a lei que autorizava a pena de morte e o
banimento para crimes políticos.
Foi instituído o banimento ou exílio no exterior, ou ainda
os rebeldes sendo “deslocados” para o meio da selva, técnica muito utilizada na
URSS como forma de reprimir os protestos internos russos. Todo o aparato
institucional foi montado com o apoio da policia civil e militar, órgão de
espionagem e principalmente pelos mecanismos de punição das Forças Armadas e
pelos famosos inquéritos da Policia Militar (IPMs), seu método era baseado em
seqüestros, tortura e morte aos opositores, tudo isso graças ao apoio de
empresários que financiavam as repressões, o treinamento dos agentes de
infiltração e espionagem graças as artimanhas militares do governo americano. Dentre esses mecanismos nefastos, surgiu a Operação Oban,
neste caso caberia a esta as mortes por seqüestros e assassinatos, no país a
rede de apoio a esta operação se expandiria através das sucursais chamadas de
Destacamento de Operações e Informações e os Centros de Operação de
Defesa Interna (DOI-Codis), através desses operações a tortura foi praticada em
larga escala.
A abertura lenta, gradual e segura.
O governo de Médici (1969 – 1974) se destacou por enfrentar
o projeto oficial de abertura e a oposição nesta nova realidade política
brasileira, a idéia de democratização pela derrubada da ditadura militar
com o uso de guerrilhas urbanas e campesinas era vista com certo desdém pelo
MDB, onde inicialmente não se envolvia como oposição ativa, com o passar do
tempo, o partido finalmente assumiu seu lugar de partido de oposição ferrenha
ao sistema ditatorial militar, tornando-se um projeto baseado na consciência
política pacifica parlamentar e democrática para a transição a tão sonhada
democracia. O Projeto Geisel-Golbery havia organizado a
constitucionalização do país, obedecendo aos preceitos “lentos, graduais e
seguros” da transição, o verdadeiro intuito, porém, era o retorno dos quartéis
enquanto a instituição ainda gozava do pouco prestigio que havia conseguido
como o “milagre econômico”. A lentidão era caracterizada por ser uma escolha
“segura” do sucessor de Geisel incorporando essa segurança a nova constituição.
A vitoria do MDB entrou para os anais da historia
brasileira como: ressaca
cívica nacional, abalando os militares e fortalecendo mais ainda o desejo
de mudança política, por cauda da vitoria, os militares da linha dura
intensificariam através das comunidades de informações até mesmo no interior os
atos de violência em todo o país, principalmente na cidade de São Paulo.
A dinâmica própria do processo de abertura.
É fato que o processo de abertura sempre esteve sob o poder
militar, mesmo apresentando intenção de mudança política para redemocratizar o
país, nesse sentido, “a oposição e a sociedade civil organizada não se fizeram
presentes como deveriam, pelo contrario, as vezes era a própria oposição que
atrapalhava o processo”, segundo Thales Ramalho. O que se viu foram os passos iniciais da transição como a
retirada do AI-5, e a incorporação da Constituição salvaguardando o regime, bem
como o fim da censura a imprensa e o inicio da anistia. As eleições de 1976 e
1979 aumentavam a oposição associada ao atentado do Rio Centro em 1981 iniciou
a segunda fase da abertura através das grandes mobilizações das massas na
campanha das Diretas Já e com a eleição de Tancredo Neves.
Vladimir Herzog |
Ataques a sede da OAB |
A saída encontrada pelos militares já que o petróleo estava
em crise mundialmente, foi abrir as empresas estrangeiras a projeção de nosso
petróleo através das políticas internacionais e da construção de uma infra
estrutura para atender essa nova demanda. Outra artimanha dos militares foi o
acesso proibido da oposição a mídia televisiva principalmente e posteriormente
os outros meios de comunicação, por isso sancionaram a Lei Falcão para
barrá-los a todo o custo. O período esta extremamente conturbado, pois quanto mais os
militares cerceavam a oposição, mais ela crescia nas ruas e cativava a
população, o regime na sua posição linha dura estava cada vez mais pressionado
pelo processo de abertura proposto inicialmente; em abril de 1977
a crise
piore quando o MDB entra em conflito com os projetos de Geisel que acusa a
oposição de criar uma “ditadura da maioria”, por isso não votaria as alterações
propostas para a nova Constituição e fecharia o Congresso Nacional, editando
ainda medidas que mudariam as ordens institucionais, esses fatos ficaram
conhecidos como o Pacote de Abril.
No meio de todo esse embate, surgiria na oposição uma voz
ativa, seu nome era Ulisses Guimarães, e ele enfrentaria seu oponente Geisel e
seus atos “imperiais”; a fama de Geisel era das piores, totalmente autoritário,
temperamento difícil, confundia as ordens de mando, colocando-se como dono de
tudo, mas o fato era de que ele não viu o país afundar nas mais diversas crises
políticas, econômicas, sociais, para piorar, propôs alternativas de projetos
soberanos sobre a autonomia do Brasil na sua constitucionalidade. Para substituí-lo a eleição seguinte, o candidato foi o
ultimo presidente militar, João Baptista Figueiredo, oriundo do SNI, sua fama
era mais de militar do que político, sua posse ocorreu em 15 de março de 1979.
A Anistia
Internacional um dos principais objetos a ser trabalhado em seu mandato, bem
como a retomada do processo de abertura política e a redemocratização do país.
Se isso não acontecesse seu governo seria “atropelado”
pelos movimentos populares, quase toda a sociedade estava agora envolvida
direta e indiretamente nesse processo, tendo como lema a Anistia, ampla, geral e irrestrita,
esses fatos eram relatados diariamente nos jornais que publicavam em suas notas
acusações de tortura sobre os militares constitucionalistas, professores,
estudantes e políticos legalistas. A Anistia Internacional por sua vez para agilizar o
processo de abertura política, em 28 de agosto de 1979 prometeu que não haveria
revanchismo aos militares, pois, esta era a maior preocupação das Forças
Armadas, assim o perdão impediria que os militares envolvidos com a repressão
fossem julgados ou condenados pelos atos praticados em nome das Forças Armadas,
aquela que deveria proteger o povo e não subjugá-los.
Hélio Fernandes |
Os espaços públicos passaram a ser os alvos escolhidos
pelos militares para intimidar a população explodindo sua bombas neles, um
desses locais foi a Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, pois nesse local
ocorriam reuniões da oposição a ditadura. O estopim da crise aconteceu no
Riocentro, em 30 de abril de 1981, conhecido como o mais cruel ato terrorista
da historia do Brasil, quando no Centro de Convenções, uma bomba explodiu num
show promovido pela comemoração do Dia do Trabalho. O plano, porém falhou, a bomba explodiu dentro do carro,
matando o sargento Guilherme Pereira do Rosário e o capitão Wilson Machado, os
dois trabalhavam para o DOI carioca; a sociedade agora tinha sede da apuração
desse crime, mas o governo ignorou o fato, criando conflitos internos, sem
demonstrar interesse para que o fato fosse averiguado, esse descaso marcou
profundamente o governo de Figueiredo.
Diante dos fatos, o projeto de abertura política idealizado
por Geisel e Golbery estava fadado ao fracasso, o órgão responsável pela
investigação arquivou o processo alegando falta de indícios de autoria, assim,
Figueiredo ficaria marcado como um governo que perdeu o dinamismo, sua marca
foi a de um presidente incapaz de lidar com a crise econômica, tanto que o país
entrou em moratória por causa das dividas em 1983.
A fase final da abertura: oposição popular e partidos
políticos assumem a iniciativa!
Pelo fato do Brasil estar num “mato sem cachorro”, com um
governo ineficaz, os movimentos populares agora assume as ruas, tido como a
primeira forma direta de luta pela anistia exigindo a volta dos exilados e
posteriormente por eleições diretas; no cenário internacional, as ditaduras
iniciaram suas quedas, na Europa, Grécia e Portugal tinham suas ditaduras
marcadas por coronéis que se demonstraram tão ineficientes e ineficazes, a ponto
de que quando suas ditaduras finalmente terminaram foram presos, na Espanha o
processo foi parecido com os países latinos e inspirou-os a imitá-la. O governo
franquista permitiu a reorganização da direita tradicional, não fascista em
torno da união de um partido democrático. No caso brasileiro, Figueiredo foi marcado por um governo
de inépcia econômica, com moratória da divida brasileira, e pela impunidade
continua dos agentes de informações, personagem dos inúmeros atentados contra
civis e instituições da oposição; por causa dessa incapacidade de administração
a população toma as ruas das capitais do país lutando contra esse regime tirano
principalmente nas duas maiores cidades brasileiras, Rio de Janeiro e São Paulo
com a campanha pelas Diretas Já.
Como o regime demonstrou incompetência para resolver
qualquer tipo de problema dessa magnitude, assistiu tudo acontecer imparcial,
recluso a sua insignificância, estático as revoluções turbulentas que a
população finalmente fazia acontecer, cabendo a ela agora fazer a tão sonhada
transição, o problema era como isso aconteceria, quais seriam seus riscos e
conseqüências. Os estudos apontavam para duas formas de a transição
acontecer: uma rápida, forte e abrupta, com rompimento total do autoritarismo
que durou mais de duas décadas, o fato seria denominado Transição por Colapso, a outra
seria lenta e gradual, segura principalmente pelos militares que se encontrava
no poder, isso seria possível através de acordos entre os setores conservadores
no poder e as forças moderadas da oposição.
Tancredo Neves |
O fato foi que Tancredo mudou de partido, saindo do MDB
para o recém formado Partido Popular (PP) sendo considerado o mais apto para
intermediar com a ditadura, o PP era composto ainda por dissidentes
ex-emedebistas, bem como de outros setores do PDS e Arena, pois nada tinham a
acrescentar ao ideário de liberdade segundo seus ex-colegas. O PT vivenciando
essas mudanças, não via em Tancredo alguém com ideais de liberdade e sim
conservador com fortes ligações ao autoritarismo. A situação piorou quando o PMDB escolheu José Sarney, ex
presidente da Arena e do PDS que lembrava e muito a ditadura militar, o fato
era de que Sarney havia entrado em rota de colisão com a ala mais conservadora
do PDS e fora atropelado pela candidatura de Paulo Maluf a presidência da
Republica; Maluf acumulava vários processos de improbidade administrativa, além
de apresentar alianças com os militares linha dura, com o PDS através do
clientelismo eleitoral que eram contrários a abertura.
Em suma, sua candidatura colocaria em risco o já frágil
plano de abertura política iniciado anos antes, pois o país ainda sofria as
agruras das crises financeiras e econômicas e isto poderia ser colocado a
perder por causa de um possível colapso de transição ligados a sua figura. Essa
situação foi o suficiente, pois, com o presidente recluso ao planalto e sem
poder de ação política, os partidos políticos abraçam a causa da transição e dão
inicio a tão sonhada abertura política. Definitivamente os militares se demonstraram inaptos para
tal ato e isso ficou evidenciado quando os políticos representantes desses
partidos tomaram a frente sendo eles representados entre outros por “Sarney”,
Tancredo, “Aureliano”, Franco Montoro, Brizola, “Marco Maciel”, “Miguel
Arraes”, “Antonio Carlos Magalhães”, agora reunidos em torno da causa a fim de
evitar retrocessos ou rupturas em relação a transição política do Brasil.
Referência
SILVA, Francisco Teixeira da. Crise da Ditadura Militar e o
processo de abertura política no Brasil, 1974 - 1985
Senhor
leitor, todas as imagens foram retiradas do site de pesquisa Google, não se
sinta ofendido se por ventura, uma das imagens postadas for sua, a intenção do
blog é ilustrar didaticamente os textos e não plagiar as imagens. Obrigado pela compreensão. TODOS OS
DIREITOS AUTORAIS RECONHECIDOS.
Mr. reader, all images were taken
from the Google search site, do not feel offended if perchance, one of the
images posted are your, the blog´s intentions is to illustrate didactically the
text and not plagiarize images. Thank you for
understanding. ALL RECOGNIZED COPYRIGHT.
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