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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Arquitetura da destruição.


As grandes massas cairão mais facilmente numa grande mentira do que numa mentirinha.” Adolf Hitler

Um fato para é inegável, Hitler apesar de ser o que foi e o que representou, mudou definitivamtne o século XX, sua presença foi um marco divisor a política mundial daquele período; não estou defendendo, pelo contrario, abomino suas atitudes, mas quero ressaltar o que foi feito durante e depois de sua passagem do comando alemão e as conseqüências para o dito mundo moderno. Na guerra tendemos a ser solidários com os oprimidos, e o que se passava então na cabeça do Fuher? Por que tanto ódio? O que motivou ele a ser tão desprezível pela vida humana? São perguntas que ele tentou a sua medida responde-las com atitudes, não as mais corretas, mas sob seu ponto de vista as necessárias para corrigir um passado amargurado e desprezado para um futuro belo e glorioso.

Peter Cohen
Este trabalho foi obra de Peter Cohen, produzido com o intuito de mostrar através de uma mente doentia, porém poderosa os vários rumos que uma administração seja ela para o bem ou para o mal pode seguir, neste caso o filme foi produzido com cunho propagandista de uma Alemanha gloriosa através da arte clássica com um sonho segundo seu realizador “utópico”, mas que para as circunstancias do memento era tão real quanto à guerra que estaria por vir. Foi uma obra produzida pela propaganda nazista a fim de mostrar como seria uma sociedade “perfeita”, sem as mazelas da vida normal, sem doenças, nem miscigenações, apenas o belo representado pela saúde física e mental de um povo sob a égide da beleza grega e romana.

O trabalho mostra ao expectador como seria a Alemanha ideal, a Alemanha forte, quem assiste ao filme segundo seus realizadores deveria compreender que esforços são necessários para se atingir a perfeição, e se necessário, medidas extremas devem ser tomadas para atingir os objetivos almejados, portanto, o expectador que assistisse ao filma, sairia deveras encantado com as belezas que são mostradas no filme, implicitamente ele também deveria saber que toda a “sujeira” varrida deveria ir para algum lugar.

O que o diretor fez foi ajudar o espectador a entender como foi formado o contexto da ideologia nazista, dando particular atenção ao raciocínio alemão na sua jornada contra os judeus e a Europa, Cohen argumentaria que o nazismo é uma ideologia ligada intrinsecamente a estética, baseado nisso, ele foi além do objetivo desejado, pois, conseguiu mostrar através do documentário o que um homem e sua personificação pode fazer com o poder em mãos, Cohen mostrou através de sua capacidade ao produzir esta obra a sagacidade de um sujeito disposto a tudo, malogrando ele que esse desejo pode destruir quem o cerca bem como destruir a ele mesmo.

O texto trabalha o uso da arte e da estética pela Alemanha nazista, sua intenção foi mostrar um homem com sonhos ardilosos e como o faz para realizá-los, apoiado a uma máquina de propaganda ideal e com outras mentes tão insanas quanto, ele conseguiu produzir efeitos sobre as massas através de “verdades”, conquistando assim, a simpatia de uma nação destroçada pela guerra e que se encontrava e se considerava injustiçada, sedenta então de vingança, Hitler se mostrou condescendente com seu povo, abraçou a causa e pode colocar seus planos em pratica se portando como um líder braço de ferro, agora tudo o que fosse contra de encontro a sua ideologia seria automaticamente eliminado.

Aos que assistirem o filme, a reflexão é pertinente para que não deixem uma mente doentia fazer o que fez e que não haja ninguém que o impeça, dever ser visto por pessoas com poder de decisões sábias a respeito da vida para que não cometa os mesmos erros em escalas menores, pois indiferente do ato cometido, não se deve eliminar o outro como um animal em nome de um proveito maior ou beneficio a si somente.

É um filme que não dever ser visto por pessoas com mentes pequenas que não enxerguem além de seu umbigo, visto que, justamente por que são pessoas desprovidas de humanidade, são pessoas que não respeitam as diferenças, as opções sexuais, não respeitam religiões, culturas, etnias, gostos. Este filme não dever ser visto por gente preconceituosa, racista, fundamentalista, radical, pois seria uma violação a maneira deles pensarem sobre o que é certo e errado para eles. Como diria Mario Quintana, são pessoas deficientes de alma e espírito.
Arquitetura da destruição.

O diretor Peter Cohen teve como objetivo mostrar através da linearidade os passos de Hitler e seus colaboradores com relação à paixão pelas artes, isso foi possível a ascensão do partido nazista que se tornava poderoso e poderia propiciar o desejo deles a partir desse momento. Desde os primeiros rabiscos até projetos elaborados o nazismo se concentraria em tornar o mundo inicialmente alemão “menos feio”. Seu mentor, o Fuher era um apreciador de artes, sendo inicialmente arquiteto e pintor, consideravam-no um medíocre frustrado, a ponto de não ser aceito na Academia de Artes de Viena, sua ira então foi potencializada o que o fez seguir para o partido nazista, este sim apreciaria os projetos artisticos e arquitetonicos, propiciando uma nova era as cidades urbanas.

Hitler teria elaborado algumas exposições de arte, dentre essas exposições estava o verdadeiro sentido que era dar inicio ao plano de exterminio dos judeus, por isso divilgaria a "arte sadia", relacionada com os ideais estéticos da raça ariana, e a exposição alternativa, mostraria uma "arte degenerada", mostrando ao povo alemão como era a arte que eles não deveriam apreciar. Todo esse contexto começou mudar quando os nazistas começaram questionar esse tipo de arte, questionando-a e relacionando-a ao que era considerado bruto como os judeus e o bolchevismo russo.

Mas como inicialmente o chanceler alemão daria ênfase a seu plano? Ele o faria através da teatralidade cujo objetivo era promover o nacionalismo em toda a população alemã; logo após dominar a França, o chanceler visita a capital parisiense e o local onde se situava a Ópera de Paris, logo após o Arco do Triunfo, posteriormente faria o mesmo nos países baixos, sua fixação era explicita pela arquitetura dessas construções. Um fato interessante foi o de que a cada país invadido, ele faria sucessivas pilhagens dessas obras de arte, aumentando o acervo artístico gigantescamente.

Em 1941 quando dominou a capital grega, proibiu qualquer tipo de ataque sobre a cidade para não destruir as obras de artes naturais de Atenas que concentrava naturalmente o belo e o clássico em suas construções milenares. Para atingir tal perfeição, Hitler negaria a arte moderna, desprezada por ele, para respaldar essa ojeriza ao moderno, ele se utilizaria da beleza como sinônimo de saúde e perfeição, assim, qualquer doença que deformasse o corpo deveria ser “curada”, como se cura uma doença? Matando-a. A medicina nazista é então colocada em pratica, onde valorizaria o sadio, puro e belo, e utilizaria todos os meios para erradicar os males que pudessem afetar essa “obra de arte natural” o ariano puro.

Socialmente falando, esse embelezamento era ligado à limpeza em todos os seus significados, assim a medicina alemã garantiria a seu povo saúde e limpeza para trabalhar, assim, eles sairiam da condição de proletários e se tornariam burgueses felizes, eliminando, portanto a luta de classes. O grande mal para o Fuher na época eram os judeus, pois para ele, os descendentes de Abraão eram mais unidos do que o povo alemão, e por viverem do lucro dos negócios, a mãe alemã estava em crise, pois eles haviam ser proliferado mais do ratos de esgotos, contaminando assim a grande mãe Alemanha; a medida necessária para mudar essa realidade foi então a perseguição inicialmente dos judeus e posteriormente a sua eliminação como parte dessa limpeza étnica. A pátria alemã agora deveria se ver livre dessa praga que tanto prejudicava o corpo e a alma do alemão.

Tratando-os verdadeiramente como pragas, os alemães então usavam literalmente os mesmos produtos utilizados em plantações e lavouras para matar essa “desgraça”, inicialmente começaram dar sumiço a essa pessoas raptando-as e levando-as para praticar a eutanásia, foi “bom no começo”, mas era uma medida paliativa para resolver o problema depois o morticídio passou para a fase dos fuzilamentos, também não resolveu, pois se tinha custos com a munição “desperdiçada” tornando-se também ineficiente, era considerada uma alternativa “suja”, pois o sangue dos fuzilados emporcalharia o local onde eram executados, criou-se então para isto, um programa de assassinatos por gás letal.

O Programa T4, essa seria uma alternativas, em seguida vieram as câmeras de gás onde utilizavam o desinsetizante zyclon-b, aparentemente pareceu ser um processo mais limpo, mas também tinha problemas de logística, os judeus demoravam demais para morrer, a solução final foi então a cremação dos corpos, pois esta desapareceria com qualquer vestígio. O detalhe que como as fornalhas não davam conta da queima de fornos, o pó dos corpos carbonizados começaram a produzir uma intensa “fuligem” e os alemães das cercanias começaram a estranhar tanto pó, a solução final e a mais eficiente foi então a construção de campos de extermínio em Auschwitz, Treblinka, Subibor, entre dezenas de campos de extermínios, essa medidas corretivas seriam necessárias para o fruto da necessidade de limpeza.

Posteriormente os nazistas usariam o discurso da estética e da biologia para justificar suas ações, sendo os hospícios os primeiros lugares de purificação, esses locais eram cheios de gente “feia”, subversiva naturais, porém tinham todos os cuidados necessários que os arianos puros não tinham; o que o nazismo passava para a população alemã era de que esses loucos viviam cercadas de luxo e beleza sem capacidade de administração ou de contemplação, já os alemães propriamente ditos viviam em condições miseráveis, de pobreza extrema, assim iniciar se iam as perseguições nos diversos grupos da sociedade contra esses “desprovidos de beleza”, a limpeza começou principalmente as pessoas deficiêntes depois os judeus, tratando-os como se fossem bactérias ou vírus, o verdadeiro mal a ser erradicado da Alemanha.

Os judeus eram associados aos ratos, pois, além de transmitir doenças, neste caso eles adoeceriam a alma alemã), eles se multiplicavam rapidamente e só trariam prejuízos e não trariam nada de bom. Sob o respaldo de uma nação sã, foi colocado em pratica teorias médicas responsáveis pelas políticas raciais, cujo objetivo era a higiene racial, inicialmente foi autorizado sem a população saber o uso da eugenia nazista, ocorriam as primeiras esterilizaçoes de doentes mentais, depois foi a morte de crianças que apresentassem defeitos de má formação, com o advento da Segunda Guerra Mundial isso tudo foi banalizado e tiveram que adotar medidas mais eficientes. O médico nazista a partir do momento que passou a se utilizar dos método de extermínio, não fazia mais parte da classe responsável pela preservação da vida, mas de alguém que, para preservar a beleza, eliminaria os fracos e deformados.

O inicio desta caçada desencadeou uma insanidade coletiva de gente “apta” contra os “defeituosos”, a ponto da matança se tornar tão usual quanto dar um “guten morgen”, isso era visto diariamente, enquanto guerra, com o exterminio dos judeus na chamada “solução final”. O detalhe desta limpeza que ela não ocorria somente com os desafetos nazistas, ou seja, os judeus, ela ocorria agora também com crianças e soldados alemães considerados inaptos para defender a grande nação germânica, essa prática foi vista como forma de domínio alternativo. Para Hitler ter êxito em sua nova “empreitada”, era necessário ele se tornar popular para ter o apoio do povo para embelezar sua administração, para isso ele contou com uma eficiente maquina de propaganda, sendo a responsavel pelo sucesso nazista em todo territorio alemão. 




Paul Joseph Goebbel
Nesse mecanismo midiatico baseado no rádio, seu ministro da propaganda Paul Joseph Goebbels fora designado para a tarefa, desempenhando um excelente trabalho propagandista, quanto mais a Alemanha percebia a derrota se aproximar, mais ele intensificava sua campanha ao povo alemão para que lutassem até o fim e se necessario morressem pela pátria. Era nítida a vontade do Führer se tornar o porta voz do povo, por isso a necessidade dele se intitular seu porta voz, o fato foi que ele se utilizava de sua postura ditatorial e totalitária com um discurso “encantador e mágico” que conquistaria qualquer um, mas o público alvo era os militares para levantar sua moral diante das dificuldades e depois sim a população civil, suas frases causavam emoção e histeria coletiva nos discursos. 

Por isso a importância dele conquistar um Estado belo através da arte que seria imposta, expurgando de uma vez por toda o lixo da arte moderna, que tinha o intuito de degenerar, depravar o espírito da sociedade alemã, bem como o resto do mundo. Na propaganda nazista a meta era criar uma mentalidade anti-semita, logrando assim, a grande nação superior, a nação ariana sem mistura, constituída ela 100% de puro sangue alemão, mas para isso, antes era preciso dar exemplos deste projeto, e nada melhor do que o controle do Estado sobre a opera, por exemplo, que compreenderia o controle do Estado sob todas as formas de arte. 


O Partido Nacional Socialista Alemão tinha como intenção ainda, dentro da estrutura da propaganda nazista dar exemplos dessa arte classica atraves das pinturas de Hitler quando morava em Viena atraves das inspiraçoes de Richard Wagner. Essa nova estética seria possível através da Antigüidade Clássica tida para o Führer como o ápice da manifestação artística humana. Esta forma de propaganda foi influenciada fortemente pelo romantismo alemão da segunda metade do século XIX baseado em questões de ordem médica. A arte propagandista idealizada por Hitler tinha como ícones a antiguidade greco-romana onde os corpos nus perfeitos mostrariam como deveria ser a nova nação alemã, baseada em princípios familiares com paisagens ao fundo onde as famílias celebrariam a vida felizes.

O “pacote vendido por Hitler”  era de uma Berlim remodelada e esta faria da capital alemã "uma sombra" de  Paris. A idolatria pelos povos antigos era tanta que a propaganda de guerra era moderna com objetivos antigos, pois, como os romanos dizimaram por completo a cidade de Cartago, Hitler faria o mesmo com a capital russa, em sua megalomania ele pretendia construir uma represa que inundasse a cidade toda. Sua obsessão pela antiguidade greco-romana era tamanha que ele inseriria a escravização e a submeteria aos povos eslavos. Na verdade a propaganda nazista tinha objetivos políticos e estéticos, e em nome desta visão de mundo, ele não mediria esforços para eliminadas quem não se enquadrasse no ideal de beleza nazista. 

Seu desejo era buscar a perfeição racial como uma condição indispensável para a sobrevivência de sua gente, por isso a negação da cultura bolchevique e judia através da propaganda culminaria no Know how do aperfeiçoamento de planos para eliminar com os judeus da face da terra. Em suma, o filme mostrou de maneira inteligente e simples o papel da mídia e seu poderio, bem como o que ela é capaz de fazer quando bem aplicada e combinada com técnicas adequadas. O Füher sabia disso e se utilizou desse mecanismo midiático de forma genial, pois sabia como fazê-lo, fato esse comprovado na “quase realização de seus objetivos”. 

Por causa de seu assessoramento técnico e de persuasão, ele mudou a mentalidade de uma época onde convenceu quase a nação toda de que os judeus não poderiam ter o controle de suas finanças em terra alemãs, não poderiam residir em casas belas, enquanto a maioria dos alemães puros, de raça superior ficavam por baixo, morando em casebres, a solução: terminar inicialmente com seu poder de dominação, tirando-lhes o motivo deles viverem na Alemanha, seu poder financeiro, depois a liberdade e finalmente a vida.

A maneira como ele o fez foi brilhante, pois conseguiu mudar a mentalidade de seus compatriotas fazendo com que pensassem através de sua teatralidade que os judeus eram através da mistura de raças uma mutação genética e isso estava contaminando o país, a mídia foi a grande responsável pelo seu sucesso propagandístico, pois, os influenciados só o foram por causa das técnicas de comunicação bem empregadas; a publicidade nazista foi utilizada como ferramenta para vender uma idéia, um estilo de vida, um ideal. 

Adolf Hitler por ser um simpatizante do contratou a cineasta alemã Leni Riefenstahl para realizar filmes de propaganda nazista sobre o III Reich, a cineasta produziu o considerado até então seu maior clássico, o documentário mundial: O Triunfo da Vontade de 1935, nesse projeto, ela mostrava convenção anual do partido nazista em Nurembergue no ano de 1934, por causa das técnicas utilizadas para a elaboração desse filme, o cinema se tornou admirável do ponto de vista estético, exaltando o ponto de vista ideológico e humanitário.








Referência:
COHEN, Peter. Arquitetura da Destruição. Titulo Original: Undergångens arkitektur. Direção: Peter Cohen. Suécia 1992 - 121 minutos.

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