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quinta-feira, 14 de julho de 2011

O julgamento de Sócrates

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“Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância.” Sócrates


INTRODUÇÃO


Falar de Sócrates seria o mesmo que descrever o universo a olho nu, algo muito improvável, mas não impossível, teríamos uma fagulha de conhecimento e baseado nesse elemento presenteado a nós meros mortais infames do século XXI é que sua história será brevemente relatada.

Sócrates foi um homem de tamanha inteligência e astúcia que não foi compreendido e por isso foi condenado por circunstancias que até hoje as pessoas demoram a compreender, ora por inveja, ora por ignorância, a maneira como esse fato ocorreu transpassou a linha temporal e seus motivos continuam sendo estudados pelos seus “pupilos-órfãos” centenas de anos depois, pois ninguém estava a sua altura para tentar descobrir os mistérios de seu ideário no mundo antigo.

A passagem deste episódio na história é entendida como uma discussão de idéias políticas e o embate de Sócrates com os sofistas nas suas idéias eram justamente sobre a tirania e filosofia; muitas acusações foram levantadas e apresentadas contra ele, de fato nenhuma comprovada revelando haver algo muito estranho nesse clima de condenação, pois era acusado de cometer um crime sem existir o crime, talvez esse possível crime tenha sido por ele não enxergá-lo ou fizeram com que ele não o enxergasse.

Para Sócrates, até a morte era motivo de alegria, pois adentraria num universo muito explorado pelos pensadores e no seu entender ele atingiria algo além de nossa vã filosofia se fazendo mais presente do que nunca, chegando finalmente ao seu ápice: a passagem da filosofia terrena, para a filosofia eterna na morada dos deuses.


Para ele a verdadeira glória estaria nisso, mas para se chegar a esse estágio, teria que passar pelo crivo do homem aqui na terra. O julgamento foi usado como uma ferramenta por Sócrates na sua genialidade para expor o quão pequeno o homem e o quanto ele ainda tem que aprender quando entra nos campos da filosofia e sua complexa rede de palavras onde uma simples entonação de voz mudaria por completo o significado de seus dizeres, tentando elucidar como a ignorância do homem ainda é quase que absoluta no cotidiano de seres mortais como descrevia Sócrates na plenitude de seus dizeres.

Neste seu trabalho (e seria o último), Sócrates mostra de maneira prática as conseqüências de suas palavras num contexto onde mesmo sendo pleno pela liberdade garantida pela democracia, às vezes as interpretações são subjetivas e podem levar a caminhos dantes nunca explorados como a sutileza de suas palavras em épocas um tanto perigosa por causa dos algozes tirânicos e suas heranças horrorosas a ponto de colocar no banco dos culpados justamente a pessoa que detinha o maior dom da palavra e nem mesmo essas qualidades foram o suficiente para salva-lo.

Quando ele opta pela morte, seu objetivo era ilustrar de maneira filosofal nosso papel nesse plano tão vil cercado de tantas maldades e sentimentos tão..."humanos". Foram colocadas em Sócrates todas as nossas angústias em relação ao comportamento do que é certo e errado e por que isso é tão difícil para nós nos comportarmos de maneira pelo menos correta, motivo pela qual é tão pesaroso sermos certos por possuirmos um pouco da verdade tão citada no texto.

O julgamento de Sócrates

Sócrates pagou com sua vida por cobrar o homem o que é certo e o que é a verdade, justamente por provocar as estruturas governamentais questionando como seria a cidade livre? Fazendo jus em dizer que o homem é um animal político denotava a polis mais que um espaço físico, era um novo ideário que ditava como ser racional e colocava o cidadão junto ao contexto grego.

A capacidade de discernimento era a única barreira que separava o ser pensante do selvagem, fazendo disso uma “política animalesca”¹: o que distingue o homem dos outros animais é ser ele o único a perceber o bem e o mal, o justo do injusto.” (I.F. STONE, 2005, pág. 29)

Ele fazia uma analogia do significado ser livre, mas ser livre em relação a quem, se tudo girava num circulo de mandos e desmandos? No fundo ninguém era livre segundo ele e a importância desses confrontos, legitimaria a democracia, ele era retratado sob ângulos diferentes por Platão e Xenofonte e que o cidadão era o legítimo governador da cidade, o verdadeiro líder deveria governar pelo voto do povo, numa breve alusão ao repúdio contra a ditadura.


Xenofonte
 Xenofonte se questionava como poderia um governante comandar seu povo com leis que obrigasse o povo a viver sob ordens se isso ao mesmo contradizia a idéia de democracia? Platão era regido pela teoria, Aristóteles pela prática, ele valorizava o senso comum, Platão dizia que para governar o líder deveria ser utópico e puro; porém ambos discordavam de seus pontos de vista.

Esse foi o primeiro desacordo entre eles em relação à política, mas eles compartilhavam a mesma opinião em relação a polis. Xenofonte em sua utopia baseada no modelo persa a monarquia era regida pelas leis; o cinismo começava se fazer presente por Antístenes e seria um elemento incorporado a cultura ateniense a ponto dele perguntar aos atenienses²:

“por que não decidiam por votação que os asnos eram cavalos, já que (afirmava ele) por vezes elegiam generais que eram tão diferentes de verdadeiros comandantes militares quanto um asno é um cavalo”. (I.F. STONE, 2005, pág. 34)

Péricles
Mesmo na democracia havia setores responsáveis pela sua manutenção e fariam qualquer coisa para que essa paz perdurasse mesmo se tivesse que praticar atos que fosse contra ela por uma paz maior, fazendo com que seus pensamentos fosse além de suas fronteiras. Sócrates criticava a política de Péricles, pois afirmava que depois de seu governo o homem ficou pior, para Xenofonte³, as leis socráticas deveria ser uma monarquia limitada pela lei. Antístenes4 era atribuído o papel de ridicularizar a história em relação a democracia.

O absolutismo fazia parte do universo de Platão, diferindo das linhas de pensamento com suas opiniões oriundas de um mesmo mestre o adversário de Platão defendia que quando o representante desse sinal de incapacidade ou abuso de poder deveria ser deposto ou substituído. Sócrates era insistente em defender o governo sob qualquer hipótese, tendo respostas para qualquer acusação que não legitimizasse tal poder e esse tipo de resposta que não estava agradando muito os seus contemporâneos.

Agamenon
Ele dizia que todos poderiam ser destruídos por qualquer um, independente de governo, dizia que o bom pastor zela pelo seu rebanho, até o final onde ele possa usufruir para seu benefício da mercadoria depois de pronta e comercializada, e fala assim para comparar Agamenon a ele, a política da época era outra e o convívio das cidades Estados estava complicado e só sob uma mão de ferro o povo teria segurança, porém nem todos compartilhavam desse pensamento, alguns representantes ainda seguia a risca a sua escolha através dos rituais religiosos.

A idéia de querer o regresso da monarquia era enorme, porém sabia-se que aquele modelo de governabilidade não caíra mais no gosto do povo e até a vizinha Roma não adotava mais esse sistema, dando literalmente “um nó” na cabeça das pessoas. Homero5 era a inspiração para Sócrates pela sua capacidade de ser controverso e considerava Agamenon um representante do povo ao mesmo tempo em que sua figura implicava uma série de questionamentos.

Homero
A narrativa homérica se distinguia da maneira de governar por quem sabia e por quem dava ordens e obedecia Agamenon6 fazia parte dessa segunda colocação, seu comportamento revelava sua “in” capacidade de governar e só tiveram êxito por causa de seus generais, entre eles Odisseu7 e Aquiles.

Suas táticas de guerra eram contestadas a todo o momento pelos seus soldados por causa de sua teimosia, porém ele tinha que mesmo sendo assim ouvir seus soldados, afinal ele não era o Estado, também era subordinado a um conselho, a confusão em ser proclamado rei surgiu pelas várias significados da palavra, pois várias pessoas na época eram chamadas de rei e não eram.

Aquiles
Com Agamenon ela teve outra conotação, por causa de seu temperamento intempestuoso, arranjava uma série de problemas a ponto de dizer que preferia uma prisioneira a sua mulher que furiosa no retorno do marido para casa e mata ele e sua concubina, porém antes, ele é confrontado por Aquiles; o ideal socrático era facilmente seduzido pela nobreza contrariando o “pastor do povo”7: “ Agamênon era apenas o rei principal, e apenas o principal “pastor” da hoste grega. Aquiles, Odisseu e Heitor são alguns dos muitos guerreiros notáveis também chamados de:  “ pastores do povo.” (I.F. STONE, 2005, pág. 42)8

O homem civilizado confronta o bruto na história do encontro de Odisseu com o ciclope que era forte, mas ignorante, sem os preceitos de civilidade, sendo mais “monstro do que homem”, pois praticava o canibalismo, Homero quis dizer com isso que o personagem por não compartilhar de um conselho era mais suscetível a ataques do que se tivesse alguém para debater como Odisseu fez ao se reunir com seu conselho antes de matá-lo.

Ciclope
Porém esse comportamento não o isenta de seus atos tanto quanto bárbaros em relação aos ataques a outros povos desfavorecidos, sem se preocupar com os outros, se comportando quase igual ao ciclope que tentou come-los; esse tipo de pilhagem não era bem definido, o que não dizia se era certo ou errado, dando uma margem de interpretação vasta por serem homens de outras terras.

A guerra poderia ser muito bem uma válvula de escape para justificar esse tipo de comportamento, nesse contexto o homem civilizado tem seu instinto melhorado, porém no seu interior ele continua sendo selvagem, não existindo assim mais tanta distinção entre o “selvagem” e o civilizado, enquanto um saqueia e escraviza, o outro o come no jantar.

Meleto

Quando Sócrates é acusado de corromper um jovem, mais uma vez percebe-se a má interpretação das palavras, a mesma palavra aparece com conotações diferentes na tradução dos dois textos, tanto no de Xenofonte como no de Platão, para um significava alienar ou subverter e não corromper; ao sofrer essa acusação ele teria desrespeitado as leis atenienses e a sua constituição no sentido de incitar os jovens a lutar contra as leis vigentes e pesaram as acusações de ser o pior que já havia existido, para Atenas, era o mais grave dos infortúnios: Diz que sou réu de corromper a mocidade. Mas eu, atenienses, afirmo que Meleto é réu de brincar com assuntos sérios; por leviandade, ele traz a gente à presença dos juizes, fingindo-se profundamente interessado por questão de que jamais fez o mínimo caso.”  (Platão, Apologia, pág. 6).

Homero descreve o sentimento de um camponês repudiando a aristocracia detentora dos meios de produção da época e concordando com o sistema escravista da época, esse tipo de política era o preferido dele para fazer suas críticas.

Zeus
Eram chamados de devoradores de suborno e que os mesmos teriam suas cabeças esmagadas pelas vigas de Zeus. A democracia é atacada em Xenofonte ao ser omitida sob a acusação de Polícrates onde ele diz que cabe ao povo ouvir e ao rei mandar. Sócrates segundo Xenofonte dizia que o homem inútil não servia para nada mesmo tendo bastante riquezas seria tão imprestável como quem não tivesse nada.

Os gregos primavam pela beleza e pela eloqüência, isso não era exatamente o que Tersites9 era, pois além de possuir todas essas “desqualidades” ainda zombava de seus generais, foi o único que falou mal de Agamênon e chamou-o de pastor pela primeira vez; mas o fato não foi por ele ter sido um homem do povo ou ser feio daquele jeito que falou mal de seu comandante, e sim de ter falado a verdade.

Tanto Aquiles quanto Agamênon eram dois sujeitos difíceis de tratar, e ambos podem ser acusados de ser traidores revelando a mentalidade que o povo tinha em relação ao preconceito. Sócrates dizia que o nome de um homem determinava sua natureza referindo-se a Agamênon como um sábio; e termina concluindo que a filosofia era fundamental para a concretização da democracia ateniense dispondo assim de um pastor para cuidar de seu rebanho.

Por outro lado, com razão ou não, o homem seria capaz de governar e se auto-governar sendo racional ou não, Sócrates dizia que a virtude e o conhecimento eram acúmulos da sabedoria, mas que levava a um longo discurso do pensamento e que caracterizava cada particularidade a confecção de seus significados.

Esse dilema que fundamentava a filosofia segundo ele, sem uma luz para esclarecer o questionamento; a virtude e o conhecimento eram um só corpo, então estava disponível para todos, sem distinção de nada, ou seja, quem adquirisse conhecimento indubitavelmente teria virtude e assim gozariam dos mesmos privilégios da aristocracia e possuiriam dos mesmos direitos que eles; Sócrates preferiu seguir outra linha de pensamento, onde o verdadeiro conhecimento só seria atingido através da definição absoluta.

O verdadeiro conhecimento era inatingível, só os deuses tinham o direito de possuí-lo, o mesmo valia para a verdade e se isso fosse correto então a virtude e o conhecimento cairiam por terra, pois para se chegar a essa verdade o caminho seria difícil e para poucos, só de conviver em comunidade o homem já era detentor desse conhecimento e esse universo metafísico não era tão relevante assim como aparentava, pois ele tinha consciência do que era certo e errado.

A política dava ao homem o senso de justiça e a convivência de forma pacífica. Isso não era lei, mas era o mínimo para se manter uma estrutura social, caso contrario nenhuma civilização teria dado certo.

Essa forma de pensar socrática ia de encontro à própria filosofia ensinada enquanto que a visão grega elevava o homem na sua condição, esse paradoxo era a especialidade dos sofistas, que batiam de frente o tempo todo com Sócrates criando o antagonismo; a retórica daria a certas camadas da sociedade o poder de participar das reuniões da assembléia e da vida cultural do povo ateniense.

Para Aquiles a retórica era tão poderosa quanto às armas e era necessário ter o domínio das palavras quanto dos feitos, Platão ficava furioso por que os sofistas cobravam pelo ensinamento transmitido, motivo de serem tratados com descaso por ele, até as gerações futuras questionavam esse comportamento, mas eram suspeitos igualmente por que também cobravam pelos ensinos. Esse tipo de conhecimento fez da democracia a grande responsável pela alfabetização em massa do povo e com a retórica aprenderam falar em público, mas os privilégios continuavam pertencendo aos poderosos.

Essa arte foi se difundindo em toda a Grécia desde os mais pobres até os detentores do poder e da palavra até se institucionalizar de fato; Roma também se utilizava da retórica, já que era uma cópia da Grécia, em todos os sentidos, a retórica romana não era incentivada, pois a política local temia que isso fosse acirrar ainda mais as discussões sobre sua forma de governo já tão controversa a ponto de todos os professores serem expulsos da capital, porém os mestres da retórica foram poupados, pois essa era uma benéfice da aristocracia e eles precisávamos falar bem para defender seus interesses.

Quando os césares assumiram o poder esse equibrio foi abalado e baniram totalmente o discurso ao ar livre, com esse impasse caracterizado, se reduziu a palavras “enfeitórias” nas rodas de discussão, descaracterizando completamente a sua intenção original de rebuscar a palavra. O antagonismo10 não parava nas “peleias” dos sofistas e platônicos por defender uma homogeneização entre os homens, isso ficou evidenciado numa passagem onde Antifonte11 relata que quem não fosse abastado não mereceria o respeito de ninguém, pois a sua natureza seria igual a dos bárbaros comparado aos helênicos.

Antifonte
Ele acreditava que a virtude estava associada ao homem e que o conhecimento fosse ensinado, já citava as leis da natureza e as leis da cidade, onde uma era para todos e a outra mudava de localidade com suas variantes. Seu discurso era da igualdade e dizia que a desigualdade de riquezas era o principal agente de separação social e se destacou por ser o único a citar os pobres, fazendo uma alusão aos outros pensadores como se essa classe nunca tivesse existido.

Alcídamas12 se destacou por questionar a escravatura e por isso poderia ser retaliado por incitar a liberdade entre os escravos, séculos depois seria um dos ícones abolicionistas americanos. A escravidão era vista como algo relativamente natural na época, pois os grandes pensadores pouco ou nada mencionavam a respeito, por serem “azarados por natureza”, Homero citava que o homem ao perder a liberdade, perdia sua vontade de viver e nada mais importava e isso revelava como todos eram influenciados por essa insignificância que a escravatura representava até para as maiores mentes pensantes.

Protágoras
Protágoras era um dos que questionava essa “cegueira” sendo o único sofista citado respeitosamente por Platão, era amigo de Péricles e de destacava pelo teor de suas idéias serem democráticas, ele falava que o mito salvaria a humanidade de sua destruição por desconhecerem a política e através de Hermes13 e suas dádivas Aidos14 e Diké15 representantes da vergonha e da justiça e por eles os homens sobreviveriam; em seguida ele fala da moral do mito, ou seja, se o homem não governar pelo o que é certo, ele não existira.

Sócrates dizia que todo homem tinha em seu intimo a arte política, consequentemente o poder de se governar, concretizando assim o mito, se ele discordasse, além de duvidar de uma crença, teria que provar e isso era embaraçoso, cabendo somente o elogio.

Esse tipo de questionamento fazia com que os dois se confrontassem num verdadeiro duelo de titãs, onde cada um defenderia seu ponto de vista a ponto de se contradizerem para afirmar suas colocações e idéias, culminando num enredo onde a virtude ficaria num segundo plano e isso vindo dessas mentes tão brilhantes representearia algo um tanto cauteloso, senão perigoso, confundindo a questão proposta com uma melhor maneira de explicá-la, isto não queria dizer que quem domina a retórica seria o melhor.

Heródoto
Quando Protágoras estava se referindo ao direito de governar, ele estava citando o poder filosófico do mito. Segundo Heródoto16, com a democracia plena, o homem luta com mais vigor para defender o que é seu, pois sabe que se seus bens caíssem nas mãos dos inimigos, eles perderiam tudo. A batalha contra os persas foi um exemplo de como se lutar para defender o que é seu, pois os gregos lutavam sob palavras encorajadoras e os persas sob chibatadas, essa diferença de tratamento despótico era muito significativa para quem estava lutando.

A idéia de liberdade é mais poderosa do que qualquer exército, cultura ou riqueza, ela pode ser encobrida por uns tempos, porém no final seu retorno é quase sempre certo. A virtude de alguém era definida pela sua bravura e conhecimento desempenhados numa batalha e não através de sua virilidade, ela se fazia de diferentes formas, mesmo sabendo que ir para a guerra poderia significar sua morte ou saber como é lidar com alguém onde seria o responsável por tirar a vida de alguém.

Aristóteles
Para Aristóteles a coragem faz parte do contexto do momento na hora da batalha, onde o bom soldado saberia exatamente à hora de agir, atacando ou se defendendo, isso o diferencia do oponente.

Ele dizia que a cidadania era a que mais se assemelhava com a verdadeira coragem, o ponto de equilíbrio entre o covarde e o imprudente, era uma estrutura complexa, ela exaltava o civismo do soldado na guerra, ele enfrentaria os dois lados da moeda, se perdesse poderia ser chamado de covarde e se ganhasse seria chamado de herói, para ele o bom soldado era moldado sob a motivação e o caráter e não sob a virtude e o conhecimento.

Platão
Platão mais uma vez questionava os conhecimentos passados pelos mestres, comparando-os ao trabalho das parteiras, onde elas podem dar a luz bem como podem provocar um aborto, a lógica de Sócrates é astuta a ponto de qualquer diálogo se tornar trivial ou podendo chegar a extremos, desde o homem mais poderoso ao mais miserável deles.


Hípias

Sócrates tanto de Platão como de Xenofonte eram dialéticos, em Platão, Sócrates é confrontado por Hípias17 que o acusa de ser negativo e é ridicularizado por ele em uma comparação proposta entre Aquiles e Odisseu, quem detivesse o conhecimento poderia fazer da mentira uma verdade dependendo da veracidade e veemência com que se afirmaria os fatos.

Sócrates era acusado de fazer um jogo com as palavras a tal ponto de confundir a platéia segundo Varrão18: “ o método de discussão utilizado por Sócrates, em quase todos os diálogos registrados de forma tão diversa e fiel por seus ouvintes, consiste em não afirmar nada de seu, porém de refutar os outros” (I.F. STONE, 2005, pág. 85)

Santo Agostinho
O mestre não afirmava ser nada seu e desacreditava o que era dos outros; para entendê-lo, era preciso saber como funcionavam suas idéias e seu raciocínio segundo santo Agostinho, pois ele confundia até mesmo seus discípulos. Dentro desse universo de contradição, os alunos que saiam ganhando, por que era encima das contradições que se aprendia, existiam os que afirmavam que por Sócrates agir assim é que seu julgamento foi culminado, por saber mais que os outros, se dava ao luxo de menosprezar as pessoas que considerava inferior a ele, desde lideres ate seus rivais, ele tinha a capacidade de irritar seu oponente a ponto de “forjar seus inquisitores”.

Sócrates conheceu somente o ofício de lecionar, suponha-se que vivia de uma herança singela deixada pelo pai, os sofistas além de tripudiar-lho por causa disso, viviam viajando para adquirir mais conhecimentos, enquanto ele passava quase todo tempo em sala de aula; por causa de seu gênio comportamental era tido como alvo de piadas e mesmo com todas essas intempéries ele aumentava constantemente o número de alunos.

Ensinava o que não podia ser ensinado, segundo suas palavras, o conhecimento e a virtude eram inatingíveis, essa filosofia começava incomodar, pois por mais humilde que a pessoa fosse segundo ele, ela nada seria, a sua humildade estava sendo confundida com orgulho e adentrando num perigoso jogo em que futuramente “seria usado contra ele no tribunal”.

A filosofia esta ligada a razão solidificada justamente daquilo que ele dizia ser inacessível, a virtude e o conhecimento. Essa contradição se deu por que dois de seus alunos se tornaram péssimos exemplos para Atenas num futuro próximo, para ele a virtude era um fracasso, partindo desse pensamento ele como professor estava se contra dizendo e se o conhecimento não era atingível, essa poderia ter sido a causa de tantos estragos pelos ex-alunos.

Alcibíades
Crítias foi considerado um dos mais sanguinários ditadores e Alcibíades16 o mais insolente, como explicar isso então? Ele não tinha culpa se seus ex-alunos se saíram péssimos governantes e nada aprenderam ou tiraram moral dos ensinamentos. Crítias19 e Alcebíades20 pareciam ter aprendido muito bem a lição com o mestre, pois tempos depois usavam das mesmas argumentações para se defenderem.

A democracia era desprezada por ter igualado as pessoas e ao fazerem isso, elas poderiam se tornar violentas, sedentas pelo desejo do poder e foi o que aconteceu quando a ditadura dos trinta tomou o poder pelos espartanos ainda por causa da Guerra do Peloponeso, dentre eles estava Crítias e Alcibíades, por serem ex-alunos de Sócrates foram outro péssimo exemplo de caráter e virtude, porém eram mau caráter e por causa de suas superstições, perderam a Guerra de Siracusa para Roma, defendia que ninguém faria mal voluntariamente e só a mais vil das pessoas não saberia a distinção do bem e do mal 21:

“ homem de visão estreita e cheio de superstições; dessa forma o fracasso da missão é inevitável.” (I.F. STONE, Pág. 91)


Heráclito
 Sócrates ditava algo que fosse abrangente e invariável seria nada, um doxa, uma oposição ao verdadeiro, uma definição a ênfase da lógica; Heráclito22 entra nesse contexto com os opostos, dos mistérios da mudança à identidade, tudo muda, mas continua sendo tudo igual, principalmente o homem, tão específico e tão irreconhecível, e ignorar um dos pólos é negar a realidade; é o homem preso num labirinto metafísico.



A busca pela definição esta nos caminhos opostos da própria definição e consequentemente na sua resposta; Platão estruturou seus estudos num universo conservador, pois temia a mudança e sua construção se dá num emaranhado da mente humana com todos os elementos de nossa natureza e desse universo metafísico, ou seja, o material é feito antes da forma e da idéia e o objeto existe somente nesse mundo imaginário e Sócrates trabalharia basicamente isso com seus pupilos, chegando a atingir a margem do absurdo, ele dizia que o homem deveria ter o conhecimento das coisas ao ser redor.

O conhecimento da funcionalidade das coisas, só se atingiria o absoluto se soubéssemos do que se tratasse na sua essência, ele fazia essa analogia com a democracia, não a mal dizia, mas tentava chegar até ela por outros vieses, comparava um cavalo a um burro com o bem e o mal, não teria como a sociedade não distinguir um do outro, porém se tratando do homem não se pode esperar muita coisa, fazendo da confusão algo para confundir a democracia.

Para Sócrates os casos extremos destroem as definições perfeitas tanto para a virtude quanto a justiça, as exceções não anulam as generalizações, fala das escolhas que o homem tem que fazer mesmo sendo doloroso e arriscado, nunca esquecendo da lei e da justiça. A lei jamais poderia determinar o “ideal” para todos, por causa das diferenças do ser humano e seus atos.

Para Platão, dar a um único homem o poder absoluto poderia ser a solução ou aumentar mais ainda o problema, assim costumam se comportar os detentores do poder sob quaisquer circunstancias, valendo-se mais que a lei.

Licurgo
Quando Sócrates diz que é o homem mais inteligente entre todos, deve-se analisar o verdadeiro sentido do que ele quis dizer com isso, como na passagem em que Licurgo23 entra no oráculo sagrado e as pessoas não sabem se o chamam de homem ou deus e ele respondia nesse tom dizendo que em muito era superior aos homens e sendo um deus ele não poderia mentir, a resposta de Sócrates foi interpretada como uma ofensa aos magistrados, aumentando mais ainda sua impopularidade, pois se ele não sabia nada, os outros saberiam menos ainda.

Ele o fazia tão magnificamente bem em suas explanações que dava a entender que ele estava tripudiando as pessoas com ironia, zombando deles o tempo todo. Sócrates se defendia e dizia que estava sendo perseguido por causa de sua sabedoria, embora até mesmo ele desconhecesse que sabedoria era aquela, mas a grande duvida que paire no ar era por que justo ele era perseguido no berço da filosofia com tantos outros pensadores junto?

Thomas Hobbes
A resposta estava exatamente na facilidade como ele via as coisas e resolvia-as com maestria, isso fazia parecer que todo o resto era ignorante, por isso lhe pesavam as acusações de difamador e alienador de jovens a ponto de Thomas Hobbes cita-lo em seu “ Leviatã” 24: “ o privilegio do absurdo é algo a que ser vivo algum, senão o homem, esta sujeito”

E acrescenta, irônico:
“ e, dentre os homens, os que mais estão sujeitos são os que professam a filosofia” (HOBBES.T, 1651)

Em seu julgamento, Sócrates teria inspirado o oráculo a interrogar três classes: os estadistas, os oradores e os poetas, eles eram responsáveis por dar beleza e qualidade às coisas e finalizou com os artesãos, responsáveis pela edificação do Partenon, sob o olhar de Sócrates eram ignorantes e deficientes.

O pensador ensinava aos jovens inexperientes a sabedoria com tanta maestria que dava a impressão de estar ridicularizando os “grandes” da cidade e o “resto da categoria”, o comportamento dos pupilos era o espelho do mestre, passavam a impressão de ser negativos e complicavam as coisas simples e as difíceis refutavam com facilidade, diziam que esses artífices eram usados pelos sofistas e esse jogo de palavras era interpretado como sendo algo que poderia ser usado contra a democracia.

Sócrates
Em seu mundo metafísico, ele queria que as pessoas compreendessem as nuances da filosofia e como essa área era de difícil entendimento, todos eram “burros” a seu ver, porém ele mesmo se perdia em suas explicações para tais fatos; nem as maiores mentes contemporâneas dos séculos seguintes conseguiram a façanha de entender exatamente o que ele queria dizer em muitos diálogos.

Seus “desconsiderados” eram da aristocracia grega e políticos influentes, a antipatia por ele não parava de aumentar, pois dava a impressão que Sócrates irritava-os de propósito, o problema que as pessoas incomodadas com suas palavras eram bastante conservadoras e a maneira como ele se expressava dava a entender que ele falava mal do sistema e de seus cidadãos e em tempos de guerra falar dessa maneira era perigoso.


Maratona
 Para piorar sua situação, haviam dentre eles guerreiros associados as maiores batalhas enfrentadas pelo povo ateniense desde então: Maratona e Salamina, falar mal deles era o mesmo que desprezar a honra grega que eles tanto se vangloriavam, Milcíades e Temístocles foram responsáveis por essas duas vitórias e Sócrates na sua genialidade ridicularizava-os e Péricles teria sido o responsável por fazer de Atenas o ideal para se viver, esses homens guerreiros representavam a glória para a Grécia e sob as ruínas do Partenon foram erguidos os ideais de democracia, sem esses fatos Sócrates não teria como exercer o que mais gostava ensinar, a filosofia. Quando ele acusa Péricles de ter tornado os atenienses25: “indolentes, covardes, tagarelas e avarentos” (I.F. STONE, Pág. 113),

Ele ao mesmo tempo ofende a todos, pois o líder era a representação do povo, e provavelmente seu destino seria outro se eles não fossem tão tagarelas assim; ele desdenhava os ensinamentos que seus antepassados haviam feito para a educação anterior a sua, em outras situações Sócrates continuava com os mesmos tratamentos as pessoas de influência a ponto de ser advertido novamente de que aquele comportamento poderia ser nocivo a ele.

Era imperativo que um governante da época soubesse quais eram os problemas que deveriam ser sanados e fazer isso de maneira sábia, para Sócrates à questão era se quem fosse fazer que o fizesse pelas leis da metafísica e era esse o ponto de discórdia que ele dizia haver, por nenhum deles estaria apto para tal, sob seu ponto de vista, como ninguém possuiria o verdadeiro conhecimento não saberia como resolvê-los, ficando num beco sem saída.

Quando Sócrates dizia que a virtude era igual ao conhecimento, ele se tornava perigoso, afinal ninguém faria o mal aos outros por vontade própria e isso colocaria em duvida o sistema judicial do Estado, então não havia culpado e todo bandido seria solto, baseado nas leis socráticas isso bateria de frente com a busca constante de harmonizar as coisas e falar que o homem não faria mal a ninguém, seria uma afirmação dizer que não haveria diferença entre o bem e o mal.

O homem saberia muito bem o que estaria fazendo e alguns eram até confessos para aliviar seu sentimento de culpa, então não teriam como dizer que não tinham vontade de cometer uma maldade se havia intenção, seria mais difícil ignorar o mal do que admitir o bem. A retórica homérica era usada em todas as camadas da sociedade grega para a garantia de proteger seus bens e quem soubesse falar bem, se sairia muito melhor conforme os estudos da biblioteca clássica de Londres26:

“a aquisição desse conhecimento é uma árdua tarefa, que ninguém empreenderia apenas com o fim de convencer os outros, um objeto mais elevado, a perfeição da alma e o desejo de servir os deuses, deve animar o espírito do estudioso da verdadeira arte da retórica”. (LOEB)

Sicília
Essa participação maciça do povo na retórica ajudou no desenvolvimento da democracia; os primeiros exemplos de usuários da retórica remontam à época em que os últimos ditadores foram expulsos da Sicília, onde os que haviam perdido suas terras para eles tiveram que fazer uso da retórica para reavê-las; a oratória passa a ser parte de uma ordem constitucional estabelecida.

Sócrates, porém da pouca importância para isso e segundo ele o orador deve ter relações com a natureza e o divino, uma visão acima do bem e do mal para o aperfeiçoamento da alma; ele comparava à retórica a arte de cozinhar, “uma atividade não é uma questão de arte”, referindo-se a habilidade nata de lidar com as coisas.

Obedecer às leis era fundamental para as coisas funcionarem e ir contra ela caracterizaria crime, não interessando a gravidade do ato se defendendo dizendo que não sabia como ela funcionava, pelos menos saberia o básico para não prejudicar o próximo e isso foi adquirido por aqueles que lutaram contra a aristocracia para que lhes confeccionassem um documento onde os direitos seriam garantidos, isso foi um mérito feito muitos anos antes de Sócrates nascer.

Sófocles
Todo cidadão ateniense tinha conhecimento do funcionamento das leis por serem quase todos alfabetizados, então não tinha como ignorá-la; todo ato criminoso era punido com a mesma relevância da ética de uma guerra. Seu desaprovo pelos comerciantes era visível, pois nem o mais inteligente deles seria capaz o suficiente para chamar sua atenção por causa de sua persuasão, ele desprezava também os aduladores subservientes e toda tragédia era composta por esse tipo de gente, citando os maiores representantes da história grega ao acusá-los de fazer histórias para o povo no seu geral e dentre os citados estavam: Péricles, Sófocles e Eurípides27, para uma platéia insossa.

Aristóteles por sua vez enxergava a retórica como uma contrapartida da dialética por tratarem do conhecimento e não de suas particularidades, esse era o ponto de partida onde o homem reconheceria sua defesa e argumentação; isso tornava o discurso rico, porém sempre cuidando para não cometer exageros.

O grego defendia a retórica por que ele entende que a verdade é mais aceita do que uma mentira e por natureza seu poder de conquistar é maior do que a mentira e o homem tem a capacidade nata de convicção. Mesmo com os problemas que cercam a verdade, os tribunais tinham o poder de discernir sobre as dificuldades apresentadas, trabalhando não em cima do óbvio, mas em cima do duvidoso.

Dizia que mesmo havendo dois pacientes com a mesma doença, eram duas pessoas distintas, fazendo lusão ao seu pai médico, onde não se trataria o mesmo problema com o mesmo remédio, a medicina e o direito foram forças que lançam a Grécia como a pioneira nessas ciências, conduzindo a aproximação com o ideal; uma flexibilização da lei poderia ser bem usada de acordo com a conveniência, isso de uma maneira ou outra ajudaria a encontrar uma saída par a o que parecia ser sem saída, combinando os elementos necessários para tentar chegar a um consenso.

Aristóteles defendia a justiça podendo atingir as profundidades da mente humana e de sua natureza como homem e animal político o homem sozinho não teria significado algum, e só teria poder quando se unisse aos outros, dessa união resultaria a polis, pois antes eram homens sem cidade; a idéia de união era abominada por Sócrates, a alma humana para ele não alcançaria o progresso necessário para o seu “nirvana”, contrariando a opinião pública.

Sozinho o homem não é nada e seria pelos conflitos que se buscaria uma solução justa para o dilema. A polis aperfeiçoava tudo na vida do homem e em todos os campos de sua vida, a oratória de destacava dentre todas, para o homem grego por que tudo era um universo de elementos que compunham sua vida, desde o local onde morava, sua pátria, tudo era motivo para inspirar-lhes, a presença da cidade na vida do grego era algo que lhe dava mais vontade de viver conforme dizia um estrangeiro em Atenas28:

“ o melhor não é que as leis detenham o poder, mas sim o homem sábio e de natureza real seja o governante”. (I.F. STONE, 2005 pág. 126)

Sólon
Sólon29 introduziu os pobres nas assembléias e punia com a perda da cidadania quem não fizesse jus a esse título, ele dizia que o homem que não dessa importância para esse tipo de civismo não participaria das aflições e dos prazeres do seu país, segundo Plutarco30, Sólon dizia que:

“ homem algum devia permanecer insensível ou indiferente ao bem comum, cuidando de seus assuntos pessoais com segurança e comprazendo-se com o fato de não ter nenhuma participação nos distúrbios e sofrimentos de seu país”. (I.F. STONE, 2005 pág. 129)

Já Péricles dizia que o homem que não exercesse a sua cidadania era um inútil, afinal a cidade era o seu povo. Sócrates não se encaixava muito nesse perfil embora tivesse vivido toda sua vida na Grécia, foi testemunha ocular da queda da democracia sem ter participado nem de sua queda ou restauração, dando a entender que não se importava com nada, desagradando ainda mais aqueles que tanto lutavam por ela, era então tachado de imprestável, ele, porém dizia que se fazia presente através do povo que lhe indagava na rua, era uma maneira que ele havia encontrado de sair pela tangente sem parecer covarde.

Protágoras
Numa certa ocasião houve um embate entre Sócrates e Protágoras31 ambos chegaram à mesma conclusão sobre a virtude, na qual ela deveria ser ensinada a todos, mas se ela pudesse ser ensinada aos homens comuns então eles poderiam se auto-governar, essas, porém foram palavras de Protágoras e não de Sócrates, mas ele nunca levou os louros da fama por isso.

Quando Sócrates diz que a virtude não é algo muito natural e nem tão terreno, ele abre uma brecha e da a entender que ela pode ser encontrada em todo tipo de homem, desde o mais sábio ao simples artesão; o filósofo tinha o poder de “embriagar” as pessoas a sua volta com seus pensamentos entorpecedores.

A dialética socrática se baseava em negar as idéias dos outros, mas não nas suas. Atenas logo depois das guerras, saiu vitoriosa e viu suas proteções destruírem as principais forças espartanas, expulsando-as e a partir desse momento presenciou os poderosos assumirem o poder, igualmente aconteceu com as riquezas e através dos novos impostos foram surgindo à nova magnitude do seu poder e resplendor de beleza.

Guerra do Peloponeso
Essas reformas foram o suficiente para o início a novas batalhas entre atenienses e espartanos iniciado novas batalhas para atacando-se simultaneamente a ponto de chegar à batalha mais famosa e importante de toda a era grega, a guerra do Peloponeso, foi uma guerra entre pessoas doe mesmo povo, irmão matando irmão, essas guerras eram menores, mas com o tempo as agregações foram aumentando até culminarem a guerra propriamente dita.

Foram vários os fatores que desencadearam a guerra do Peloponeso, desde a discrepância entre ricos e pobres até as provocações dos democratas descontentes com o jugo espartano e vice-versa e os espartanos irritados com a aristocracia grega, nesse impasse, haveria muita mudança acompanhada da carnificina do mesmo povo.

 Esparta
A política dos dominantes era total com os dominados, não havia esforços para impedir qualquer que fosse o levante contra o regime vigente, e para não dar a entender que eram fracos num mero sinal de misericórdia, era extremamente brutal; tanto Atenas quanto Esparta não admitiam que seu povo ficasse “em cima do muro, e quem não escolhesse o lado era tido como traidor pelas duas cidades e sofreria as conseqüências, esse tipo de situação foi minando Sócrates” e ao povo até culminar na guerra do Peloponeso32.

Dórios
E isso impedia a ascensão de classes emergentes para se manterem no poder, pois eram uma oligarquia militar; as únicas menções de entretenimento que se ouvia falar era a poesia mencionando o militarismo e suas músicas marciais, para os atenienses isso era motivo para zombarias e repulsa, Sócrates se defendia dizendo que aquele comportamento não passava de uma filosofia enrustida e só agiam assim por que ninguém era digno de suas filosofias; esse tipo de abordagem era uma tremenda insensatez, pois se sabia que Esparta foi fundada pelos dórios e como eles pensavam, mesmo com tudo indo contra essa cidade, o pensador defendia-a com todas as ferramentas que dispunha e tinha resposta para cada insinuação ou acusação que se fazia contra a cidade militar.

Atenas
Atenas sempre foi um berço para as outras civilizações por ser uma cidade mercantilista e marítima, ao passo que todo estrangeiro era bem vindo e se agissem o contrário, seria uma ofensa para a cidade não recebê-los bem, em Esparta a idéia era exatamente o contrário, o forasteiro era repudiado e repelido do local, afinal isso representaria um perigo a sua hegemonia, e gostando ou não, havia alguns espartanos que simpatizavam com a idéia de abertura da cidade ao pensamento estrangeiro, se isso acontecesse sob o ponto de vista ateniense, seria uma vantagem que eles poderiam ter sobre o inimigo espartano e eles se reergueria rapidamente.

Em Atenas os fatos eram passados ao povo através do teatro, esse tinha o poder de ridicularizar e satirizar o espião e todos os cargos da política, Sócrates era constantemente citado nessas peças cômicas, todas zombavam de sua pessoa, ele, porém não dava importância e ele mesmo também achava engraçado, ele dizia que satirizado ou não, era uma maneira de lembrá-lo, o único ressentimento que ele guardava era o fato de seu julgamento ser feito da maneira que se estava sendo feito, “meio as escuras” e assim não poder se defender corretamente, ele alegava que era errado lutar com algo que não poderia enxergar claramente, comparando a sua acusação a sombras:

“Bem, atenienses, é mister que apresente minha defesa, que empreenda dizer em voz os efeitos dessa calúnia, a que destes guarida por tantos anos, e isso em prazo tão curto. (...) Considero, porém, a minha empresa difícil e não tenho a mínima ilusão a esse respeito. Seja como for, que tomem as coisas o rumo que aprouver ao deus, mas cumpre obedecer à lei e apresentar defesa”  (STONE, 2005)

Estudos mostram que a maneira como Sócrates pensava não era exclusividade dele, existiam mais como ele que compartilhavam da mesma idéia de pensamento e esse inconformismo levaria invariavelmente a outra questão: a espionagem, adotada por Esparta e logo faria parte de todo o continente, havia as figuras já conhecidas e sua presença os entregavam, denunciando suas intenções, delatando ou relatando as reuniões ou mesmo inibindo-as, afinal sabia-se que tudo o que fosse falado nesses encontros, os generais espartanos acabariam sabendo o seu conteúdo.

Os deuses eram colocados num segundo plano e o homem passaria a criar-los de acordo com sua semelhança física e também a aparência dos animais; a religião era admirada por todos, nas suas mais variadas maneiras de adoração e culto, fossem eles panteísta, politeísta ou ateus, porém qualquer crítica ou elogio feito por Sócrates à religião não apresentava nenhuma relevância e era considerado como um fator que desviaria a atenção em relação à política.

As criticas ao sistema político sempre eram vistas como uma forma de amadurecer o sistema e era feita por vários pensadores da época, mas somente Sócrates foi punido e a causa disso foi que era anterior a queda da democracia, seus pupilos eram jovens aprendizes (e ricos) e eram zombados pela população, com o passar dos tempos esses estudantes de filosofia ficaram ainda mais poderosos e faziam agora parte do corpo ditatorial do sistema, não eram mais janotas e sim algozes sedentos de fúria, seus atos seriam facilmente desculpados pela bagagem através do conhecimento aprendido com Sócrates anos antes, mas agora eram “Sócrates-espartanizados” pela sua truculência e filosofia defendidas.

Toda ditadura era conhecida pelo seu horror justificado a fim de permanecer no poder e quando a democracia caísse seus últimos representantes seriam obrigados a colaborar com Esparta por causa de poder enfraquecido, agora sem valor algum. Sócrates negava com todas as suas forças a palavra conspiração, pois ele entendia que isso era um acordo feito por uma categoria e ele não fazia parte desse grupo, conspiração para ele era fazer um juramento entre os senhores da assembléia para perpetuar a democracia e nesse caso haveria um complô contra ela; ele se contradizia na sua defesa, pois ao mesmo tempo em que negava ser um conspirador, admitia que todos os seus seguidores apreciavam a idéia.

A palavra conspiração em seu âmago remontava a matança das virgens de Hermes, esse ato foi o que concretizou o verdadeiro sentido da palavra, desfecho realizado pela oligarquia que desejava amaldiçoar a expedição militar e a maneira de afrontar o deus Hermes, protetor das virgens, foi matar todas elas, outras conspirações ajudaram a derrubar a democracia, como as mudanças feitas por Pisandro33, que destituiu a política ateniense e suas instituições democráticas por regimes oligárquicos e com a participação de vários atenienses.

Quando a capital foi conquistada em 411 a.C, percebeu-se que muita coisa já havia feita a favor deles pelos atenienses traidores, esquadrões de morte foram montados para acabar com qualquer levante, o terror havia de instalado em todos os lados de Atenas, esses fatos intimidavam toda a população a ponto de ninguém reclamar e assim permaneceriam vivos e as pessoas ainda tinham que “agradecer” por serem abençoadas por eles “protege-las”, afinal era uma “honra” tê-los como governadores.

O medo era tanto que a própria assembléia que tanto lutou pela democracia foi dissolvida e o povo foi obrigado a votar pela manutenção da oligarquia, para os atenienses o poder estava atrelado à traição e a derrota afinal o poder tirânico dos trinta estava salvaguardado pelos espartanos por jovens que tinham nojo da democracia, agindo dessa maneira eles revelavam o asco e a essência de suas almas, sua loucura pelo poder eram expresso através do rastro de mortos que deixavam por onde passavam.

Sócrates não poderia responder pelos atos de seus ex-alunos, o que eles se tornaram era pertinente a eles e não ao mestre, porém esse fato não o isentava de ser acusado de ter formado “serpentes” em suas aulas, e mesmo não tendo participado dessa insensatez, a impressão que se tinha era de que ele estava respondendo pelos crimes dos “jovens desmiolados” e eles estavam isentos, sua defesa foi de que mesmo nunca tendo sido simpatizante da democracia, jamais foi incitador de violência, isso, porém seria usado contra ele de qualquer maneira, ele estava associado à imagem de um professor que ensinava.

A idéias antidemocráticas e seus alunos de revelaram aprendizes muito sagazes. Sua vida era deveras simples sem muita riqueza aparente, seus pais eram simples na vida diária, sem posses, a mãe era parteira e o pai era ora escultor, ora oleiro, sendo que as atividades quase não se distinguiam entre artesão e artista por esse motivo ele se sustentava dando aulas, sem deixar de gozar os prazeres que o ócio lhe proporcionava, era casado e tinha filhos, motivo de mais despesas ainda, não cobrava para dar aulas e zombava dos sofistas que cobravam para isso, aumentando mais ainda seu desprezo por eles34:

Discutia Sócrates de modo peculiar, multiplicando as perguntas e as elas dando respostas de maravilhosa e concludente simplicidade. Ao contrário dos sofistas, que tudo afirmavam saber, declarava ele nada saber. Molestava-os com a sua ironia, e confundia-os, interrogando-os (ironia-pergunta, interrogação) sobre questões aparentemente simples, mas, no fundo, muito difíceis. Deste modo, constrangia-os, indiretamente a darem-lhe razão.”  (DEL VECCHIO, 1979, pág. 37)

Xantipa
Em relação aos ricos ele se dizia pobre, mas nunca precisou trabalhar, especula-se que se mantinha com uma herança dos pais e não raro era sua mulher trabalhar para manter a casa, Xantipa35 garantia o ócio do marido, essa sim era tida como uma verdadeira guerreira. A democracia estava em pleno vigor e o povo grego havia conquistado a igualdade política e estava trabalhando para o social em relação à aristocracia rural.

Quando Sócrates estava na prisão, seus discípulos arquitetaram sua fuga, ele, porém recusou-se a escapar, afinal ele mesmo dizia que se o veredicto era injusto, a lei não tinha culpa e ele era fiel a ela em todos os seus ditames a ponto de não querer fugir, mencionando o contrato social entre o indivíduo e o Estado, e comportando-se como um fugitivo, ele quebraria esse contrato que ao longo de sua vida lhe serviu tão bem e se o fizesse estaria traindo tudo o que ensinou.

Havia divergências quanto à verdadeira relação de seus bens, na verdade ele nunca revelou a verdadeira quantia, porém entendia-se que era um rico “não tão rico assim”, as pistas deixadas ao longo de sua carreira davam a entender que ele possuía dinheiro o suficiente para se manter se comparado aos ricos da época, onde só essa camada da sociedade poderia levar esse tipo de vida que ele possuía; a dúvida de onde ele tirava o dinheiro para se manter, intrigava até mesmo a acusação que interrogava-lhe com a seguinte pergunta:

"Sócrates comete crime, investigando indiscretamente as coisas terrenas e as celestes, e tornando mais forte a razão mais débil, e ensinando aos outros". Mas nada disso tem fundamento, pois não instruo e nem ganho dinheiro com isso. Talvez pudessem dizer de mim: "Enfim, Sócrates, o que é que você faz? De onde nasceram essas calúnias? Se suas ocupações não fossem tão diferentes das dos outros, não teria ganho tal fama e não teriam nascido acusações". (STONE, 2005)

O esnobismo36 era freqüente entre os jovens de classe superiores e frequentemente os novos ricos eram tripudiados por eles, inclusive Sócrates fazia suas colocações depreciativas, isso não era visto com bons olhos pela lei vigente, mesmo sendo acusado de desrespeito, ele ainda mal-dizia os que eram ofendidos por ele, nem os filósofos eram poupados de suas críticas, pois eles conviviam com os jovens o tempo todo e nem ao menos sabiam onde ficava a Ágora e as principais repartições públicas, falava mal também dos comerciantes por alegar que suas profissões eram fúteis, por conta desse tipo de comentário as pessoas diziam que ele não tinha os pés no chão e a cabeça vivia nas nuvens.

Era um inconformista, não morria de amores pela cidade onde vivia além de odiar a cidade aberta e admirava as cidades fechadas, criticava Atenas e elogiava Esparta, vista até então como um lugar de loucos e obcecados, porém, mesmo com todos esses adjetivos ainda havia atenienses que gostavam da cidade e entre eles estava Platão que idealizava o modo de viver deles. A estrutura militar sempre despertou desejos e admiração por causa da disciplina, segundo (I.F.Stone, 2005, pág. 121).

Sócrates é reverenciado como um não conformista, mas poucos reconhecem que ele se rebelara contra a sociedade aberta e que era admirador de sociedades fechadas. Sócrates era um daqueles atenienses que desprezavam a democracia e elogiavam Esparta”.


Sempre ridicularizando Atenas, ele admirava as leis que proibiam seus cidadãos de deixarem a cidade para não serem contaminados com idéias que poderiam por em perigo o sistema vigente e a polis espartana poderia sair perdendo, mesmo com esse amor tão velado pela cidade ele nunca se mudou para lá, pois filósofos não eram bem vindos naquele lugar; Creta e Esparta eram de certo modo idealizadas por atenienses traidores e não havia qualquer registro de filósofos nesses locais, diferentemente dos outros locais onde havia registros da permanência deles em toda parte.

Esparta era tida como um grande quartel general e seus habitantes se privavam de certos prazeres e confortos por que tinham uma imagem e postura a manter, em Mitilene37 os espartanos haviam sitiado a cidade, esta virou um pandemônio de doenças por causa de condições sanitárias e o amontoamento das pessoas cercadas dentro dos muros, para piorar a situação, naquele ano Péricles morre da peste.

Cléon
Após vários ataques e muita carnificina que só as guerras dessa magnitude propiciam, a cidade volta ao comando espartano sedento de vingança, e fora decidido pela aniquilação da cidade, quando a ordem estava prestes a ser cumprida, houve questionamentos da ordem genocida e novamente de reuniram para ver qual seria o destino final da cidade, Cléon38 era da opinião de que qualquer sinal de misericórdia seria interpretado como fraqueza e que para tal era necessário aniquilar com toda a cidade para servir de exemplo a quem ousasse de rebelar contra eles, eles eram déspotas e não democratas.

Diodoto

Diodoto por sua vez persuadia o conselho para poupar a chacina aos que ainda apresentavam um resquício de humanidade e alegou em prol da clemência, onde afirmava que eles teriam mais valor vivos do que mortos, e ainda por cima, havia aliados espartanos junto do povo sitiado, alegou que seria uma insensatez fazer tal ato.

Qualquer decisão tomada era complexa e com certeza nenhuma delas traria paz, a decisão foi de não aniquilar a cidade, por pouco o massacre se concretiza, mas felizmente conseguiram impedira a matança; isso demonstrou que a prudência foi imperativa sobre o inimigo que só sabia lutar investindo em força bruta.


Quanto a esse episódio Sócrates defende-se perguntando como ele teria vivido tanto tempo se tivesse tomado parte na luta contra justiça? Esse argumento, porém não despertou a atenção dos juízes, afinal grande parte de sua vida foi uma pessoa que não respeitava a opinião dos outros, qualquer condenado teria despertado mais compaixão por mais culpado que fosse se comparado do conselho do que ele.

Ele trabalhava vários planos imaginários a respeito de sua personalidade de como ele poderia ou não fazer para trabalhar na sua absolvição, através da sua linha de pensamento, por ter essa postura de desobediente, se ausentou da cidade quando mais precisaram dele e os fatos falavam por si em relação aos tiranos por serem seus antigos alunos, embora fosse uma pessoa controversa, agia pelos princípios da justiça e do que era certo, e não mudaria sua opinião por nada.

Helenos x barbáros
Dizia que a política geralmente era escusa e se recusaria de qualquer ato que considerasse injusto, ele falava que o trabalho mais importante era o de cuidar da alma não descuidando do que acontecia ao seu redor, isso não significava ajudar os pobres, mas despertar o amor ao civismo.
“Reverenciamos e honramos os que são nascidos de pais nobres, mas os que não são nascidos de pais nobres não reverenciamos nem honramos. Neste ponto, quanto a nossas relações uns com os outros, somos como os bárbaros, pois somos todos por nossa natureza nascidos iguais sob todos os aspectos, tanto bárbaros quanto helenos” (STONE, 2005, p. 66).

Os jovens eram encorajados por ele para serem atuantes na política, trabalhando suas idéias a ponto de se houvesse uma recusa, ele fazia o discurso da moralidade cívica de tal maneira que o aluno pareceria um covarde se não o fizesse, porém ele fazia discursos muito bons também, encorajando os jovens a não terem medo de enfrentar o destino, principalmente na defesa dos oprimidos, mas essa boa vontade era vista como esnobe e cínica pelas pessoas.

Ao exemplificar os fatos corriqueiros, ele desdenhava quem citava e mesmo assim eles participavam das assembléias, pois não é todo dia que se houve palavras como essa de alguém tido como um dos mais cultos para a época. A defesa da capital grega se baseava quase que totalmente na esquadra de suas marinhas, depois que essas defesas falharam, o conflito na capital acirrou ainda mais o conflito das classes e organizações clandestinas se mobilizavam secretamente para derrubar tão logo fosse possível à democracia.

Sua queda de fato de deu quando a aristocracia se uniu a classe média que lutava contra os pobres, os direitos foram extintos e tudo girava no sofrimento do governo oligárquico e o voto só era permitido para quem fosse dono de posses, mas os fatos só viriam a piorar, pois a ditadura dos trinta ficava mais violenta a cada dia e sangrenta a cada dia a ponto de colocar os traidores da democracia lado a lado com os antigos defensores da democracia e dos pobres para começarem a se organizar e preparar levantes contra os ditadores e reivindicar novamente a paz que o antigo regime proporcionava tempos depois à paz foi novamente reconquistada junto com a democracia e o povo finalmente voltou a viver normalmente de acordo com seus costume.

Mas as cicatrizes permaneceram, pois justamente quando o povo mais precisou do homem das palavras e fazia de sua vida isso com tanto prazer, ele falhou no sentido de não tomar nenhum partido dando a entender que era um homem sem emoções e simpatizava com a tirania que tanto oprimiu o povo, a impressão era de que Sócrates estava cego pela falta de compaixão perante a própria lógica.

Eutífron
Enquanto esperava para ser julgado, ele conhece Eutífron39, um cidadão que iria processar seu pai por deixar que um de seus escravos morresse numa valeta amarrado enquanto esperava pelo castigo devido a um delito cometido, a forma que ele morreu foi tão “insensivelmente e tão cruel” que despertou o desejo de justiça do próprio filho a ponto de processá-lo, nesse contexto ele apresentava mais compaixão do que o próprio Sócrates e sua insensibilidade se comparada ao desprezo que ele tinha pelos pobres e pela democracia, quando tentou de defender dizendo que era amigo dele.


Querefonte
 Querefonte havia permanecido na cidade com ele na cidade, pois havia voltado do exílio só piorou as coisas, por que os que haviam ficado na cidade perderam a maioria de suas posses por causa da anistia militar quando a democracia foi restaurada e pela união cívica do povo, todos seus atos foram perdoados, irritando ainda mais os que haviam permanecido na cidade e sofreram os horrores da ditadura enquanto os exilados nada sofreram justamente esses que desprezavam Sócrates agora faziam parte do júri e o condenariam com “mais sede” ainda por ter feito esse tipo de comentário em seu julgamento.

A acusação era de que mesmo ele dando aulas, poderia criar novos ditadores mesmo sem a intenção e para sua infelicidade foi o que aconteceu, houve um episodio dois anos depois da anistia com um novo golpe para derrubar a democracia. Quando ele foi colocado perante Crítias e Cárides, foi emudecido verbalmente e advertido para que se ele não se calasse ficaria em silêncio para sempre, isso se diferenciaria completamente de qualquer confronto que ele tivera antes e sua postura foi a de uma ovelha perante seu algoz, não falou uma palavra se quer e acatou a ordem vinda de seus ex-alunos, pois sabia que se argumentasse qualquer coisa, seu fim estaria iminente.

Crítias
As animosidades de Crítias com Sócrates remontavam aos tempos da escola quando o jovem pupilo demonstrava seu desejo sem discrição por Eutídema, e Sócrates comparava-o a um porco que se esfregava nas pedras, ao assumir o poder não pensou duas vezes em dar o troco a esses constrangimentos e a forma que ele escolheu foi justamente a de proibir o que o mestre mais gostava de fazer, dar aulas de filosofia aos jovens.

Crítias defendia a execução de civis por que dizia que um numero populoso de pessoas poderia ser perigoso para a manutenção de seu poder e por que os inimigos da ditadura eram mais numerosos, baseado nessa matemática macabra, ele colocaria um fim a qualquer opositor que se iria de encontro a suas idéias, ele fez surgir uma nova forma de governo, o totalitarismo.

Defendia a idéia de que para não haver tantas mortes, seria necessário destruir as massas, poupando somente às crianças, pois elas seriam mais fáceis de manipulá-las à medida que fossem crescendo e assim seriam poupadas da matança; Sócrates contestava esse devaneio, até por que ninguém acreditaria num absurdo desses, ou então outro caso das “megalomanices” de Crítias onde afirmava que as pessoas eram feitas de materiais preciosos e as pessoas seriam respeitadas de acordo com o material a qual eram feitas, o ouro era mais nobre do que o bronze ou ferro.

A base da democracia era o soldado armado, pois assim ele garantiria a defesa da liberdade e a sua também, com o povo desarmado seria mais fácil de conter qualquer rebelião, além de manter o controle e poder manipulá-los para que não se rebelassem contra seus senhores; Platão comparava o “modus operantis” dos ditadores com um médico, se este tivesse que fazer o paciente sofrer durante o tratamento para sua melhoria, ele o faria, e o mesmo tratamento caberia para o povo, afinal eles ficariam melhores do que antes.

O verdadeiro poder era o da submissão absoluta, assim o direito de matar seria legitimado e justificado para o “bem geral da nação”, outra forma sugerida de aturdir seria a eugenia, onde se primaria pelas “belas obras” dos mais aptos e o “restante” se auto-reduziriam drasticamente com o tempo; foram idéias como essas apresentadas para a formação de um estado perfeito idealizado pelos ditadores, o problema que elas eram insanas levando as raias da loucura, isso não era de todo o pior, pois esses absurdos não eram ignorados por todos, sempre havia quem os defendessem, tanto que vários foram mencionados várias vezes como castigo ao povo.

Anito40 foi o acusador que mais tinha prestígio para acusá-lo, e tanto o fez que foi um dos que derrubou Crítias e restaurou a democracia, ele era altamente gabaritado e tinha prestígio para piorar a vida de Sócrates quanto quisesse, sua fama ia além de seus feitos nos campos de batalha, as diferenças, porém não ficavam só nisso, eles já haviam se estranhado muito tempo antes quando Sócrates havia conhecido o filho de Anito, e falou-lhe na ocasião que faltava-lhe firmeza de caráter e nesse interín, foi novamente advertido sobre suas palavras inconvenientes.

Para desafeto do júri, ele se comparou aos deuses e se intitulou o homem mais inteligente da época, superior até mesmo ao Oráculo de Delos41, para a corte esse ato foi um furor e sua postura era de alguém louco ou muito certo do que queria. A fama dos juizes era tão benevolente que na maioria das vezes eles absolviam ou reduziam a pena para algo mais brando, no caso de Sócrates, ele os provocava ainda mais, foi dado a ele a escolha de como gostaria de morrer, ele, porém não acatou a escolha feita e deixou essa “tarefa” aos seus amigos, pois se fizesse a escolha de morrer estaria assinando a sentença de culpa.

Ele tinha o dom de provocar e tripudiar o conselho a cada vez que lhe era dirigida à palavra e como não escolhia a forma de morrer ao júri, até isso estava difícil para fazê-lo, seus discípulos não acreditavam no que estava presenciando, afinal o mestre que tanto ensinou os questionamentos a vida, não estava nem ao menos fazendo o mínimo de esforço para escapar da morte.

Se ele quisesse poderia ter se salvado a qualquer momento antes do julgamento, a lei tinha esse tipo de abertura para tal; ele, porém dizia que a morte seria o ponto mais alto que a filosofia poderia proporcionar a um pensador e só ela teria o verdadeiro conhecimento, sem se importar com sua vida e nem mesmo a sua esposa que a tratou friamente, despachando-a para casa sem demonstrar a menor emoção para com ela, o tratamento dado a seus discípulos foi diferente, onde eles lamentaram que passassem o resto de suas vidas órfãos de um pai.

Isso soava um tanto estranho, dava a entender que ele estava abandonando a batalham, se acovardando na própria morte, para ele a morte era uma infelicidade, mas teria que ser enfrentada como uma meta de existência seria como se tivesse se preparado a vida toda para morrer e quando chegasse à hora de partir, estaria com medo do acontecimento. Era visível que o júri não queria condená-lo, pois isso implicava em ir contra o espírito da lei e a tradição ateniense, a cidade dava a chance para qualquer um de se expressar livremente em sua democracia e fazer esse julgamento era o mesmo que se contra dizer a si mesmo.

Negando a liberdade tão sagrada ao cidadão grego, seria como se a cidade estivesse se traindo, mesmo com todos os acontecimentos políticos que aconteciam e abalavam a cidade, esse não era o suficiente para tal, o que estava sendo julgado não era o sujeito e sim suas idéias; as causas atribuídas ao julgamento eram tidas como vagas e não era o suficiente para que acontecesse afinal o que estava no banco dos réus eram seus dizeres e não seus feitos.

A sensação que se tinha era de que estava havendo uma grande conspiração, afinal sua defesa não se esforçava para defendê-lo e a acusação usava todos os artifícios para condená-lo mesmo sendo contra a vontade dela, Ésquilo42 diz que no contexto da história grega exaltando o carinho, o respeito pela política e a democracia conquistado e repassava isso para suas peças teatrais, ele faz uma comparação do julgamento de Sócrates com o julgamento de filho de Agamenon que matou a mãe e o amante para defender a memória do pai morto pela mãe quando este havia voltado para casa com uma concubina, o desfecho desse julgamento se deu somente pela intervenção de Atena e o veredicto dado pela deusa foi à absolvição do réu.

Julgar Sócrates por suas palavras, definitivamente não era condizente dos deuses, afinal ele dizia que seus condenadores por vezes eram piores que os tiranos e o parlatório estavam no sangue do grego, essa era justamente a grande diferença da Grécia com os outros povos e ao julgá-lo dessa maneira seria o mesmo que cortar a língua de seu corpo; quando um ideário esta sendo julgado, não é o réu que esta sendo julgado, mas o conteúdo do que foi dito e ao fazê-lo, é a idéia, a palavra em questão que será punida.

Atenas era conhecida pela liberdade da palavra, nesse contexto, simbolicamente era a própria capital que estava se julgando; em seu belo discurso de defesa, ele dizia que estava sendo silenciado por ter tocado em assuntos que eles consideravam perigosos como falar dos espartanos, os ditadores haviam-no proibido de ensinar, afinal pela palavra ele poderia incitar a liberdade, assim indagou se havia alguma diferença entre eles.

Sócrates usou de todo seu conhecimento para colocar seus acusadores numa situação desconfortante, se defendendo e acusando o conselho de restringir as leis filosóficas, invocando estatutos e debates que não existiam para acusar-lhe de tais atos cometidos como coloca (MOSSÉ, 1991, Pág. 99):

“Quando os Trinta lhe davam ordens avessas às leis, não às acatava. As- sim, quando lhe proibiram o palestrar com os jovens e o  encarregaram, -juntamente com outros cidadãos, de conduzir um homem que intentavam assassinar, só ele se recusou de obedecer, porque tais ordens eram ilegais

Até em Esparta existia certa liberdade a seu modo e jeito de viver, o fato é que sempre houve um confronto entre as leis estabelecidas pelo Estado e as leis morais; sua grande mágoa era de que se agisse pela lei, ele não teria poder de livre expressão, o poder do Estado e o povo eram estabelecidos através de um contrato ideológico, cada lado deveria viver para manter uma relação harmoniosa; ele criticou as leis da cidade e comparou-os aos animais, pois alegou que estes têm mais liberdade que os cidadãos e tudo o que proclamasse o espírito de liberdade estaria cheio de veneno.

A democracia não foi citada, pois argumentou que passou a vida toda a tratando com descaso e se o fizesse no final ela seria a responsável por absolvê-lo e dar-lhe ia à liberdade. O único crime que Atenas cometeu foi condenar Sócrates e ao culminar sua morte, à própria Grécia, que percebeu o erro que havia cometido.


CONCLUSÃO

Sócrates mudou uma época com sua maneira de pensar e posteriormente a forma dos homens e muito tempo depois após sua saga no tão falado julgamento, mudou a maneira de atuar se defendendo ou criticando a filosofia pela maneira como ela estava sendo ensinada e como as pessoas estavam trilhando suas novas jornadas no mundo das palavras e suas interpretações. Através dos questionamentos, formou-os e se deliciou com as conclusões e o deleite de como usar o argumento para se chegar a um veredicto, num povo e uma época tão sedentos de sabedoria e cultura.

O fato de não ter sido absolvido e ter educado antigos aprendizes da tirania, não o torna e nem deixa de considerá-lo mais ou menos importante, pois sua riqueza estava na sutileza da maneira como fazia cuidadosamente suas colocações, sua verdadeira “energia” vinha do conhecimento e da sabedoria pela maneira exposta perante a assembléia e majestosamente presentear a humanidade com um embate que entraria para os anais da história como o confronto que culminou em seu julgamento, mas seria um julgamento mesmo segundo Sócrates?

Em mais um de seus golpes de genialidade ele conduziu o que deveria ser uma triste sina mo mais belo espetáculo onde novamente ganharia dos homens que julgavam-no com suas vãs acusações, pobres de intelecto argumentativo a ponto de tornar seu julgamento em mais um jogo complicado no universo de palavras e interpretações um “espetáculo” para a história; suas palavras foram usadas não para se defender, mas sim para questionar habilmente a maneira como se estava conduzindo aquilo, pois para ele não passava de mais uma trapaça de homens amarrados a antigos preceitos ideológicos que não enxergavam nem adiante de seu umbigo.

O tão falado julgamento para ele era mais do que um pano de fundo, era um exercício para trabalhar o pensamento numa encruzilhada onde parecia não haver saída para ambos os combatentes, pois o conselho não conseguia incrimina-lo e ele não deixava eles ganharem, mesmo que propositadamente, e sabendo que o desfecho não seria favorável a seu parecer, ele brincava com o júri, a ponto de tripudiá-los para ver até onde iria seu esforço para tentar acompanha-lo.

O legado deixado por Sócrates para a humanidade e principalmente para os ocidentais nos últimos de sua vida, foram o suficiente para transformar a Grécia no berço da democracia a qual tanto se vangloriavam e com uma solidez democrática só conseguida graças a seus ensinamentos para a plenitude de seu povo que encarregou-se de difundi-la para o resto do mundo, até mesmo em os povos que antes desconheciam esses ensinamentos e doutrinas. Até mesmo em sua morte Sócrates com sua redenção nos agraciou, preparando-nos para outros planos à muito imaginado por ele.

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1.STONE, I. F. O Julgamento de Sócrates. Editora Companhia das Letras, São Paulo, 2005. PP 03 – 331.

2. Ibidem, 2005, 34

3. Xenofonte é conhecido pelos seus escritos sobre a história do próprio tempo e pelos discursos de Sócrates, nutria uma simpatia com o aristocrático governo dos Trinta, uma de suas façanhas ficou conhecida comocochichar no ouvido do cavalo.

4. Antístenes é considerado o fundador do cinismo, seu discurso era uma combinação da virtude com a doutrina.

5. Homero considerado um dos maiores poetas gregos, escreveu os maiores épicos gregos: A Ilíada e Ulisses.

6. Agamenon rei dos miscenas, foi tido como um dos maiores heróis gregos, foi trocado por sua esposa Helena pelo belo príncipe Paris, e sob esse pretexto de traição iniciou a guerra e sob seu comando venceu Tróia.

7. Odisseu é o personagem citado na Ilíada e na Odisséia de Homero; nas batalhas destacou-se por ser amigo de Aquiles e por ser o mentor do ardil: Cavalo de Tróia, a famosa menção ao presente grego indesejado.

8. Op. Cit. 42

9. Tersites foi o soldado citado por Homero na Ilíada por ser “o mais feio dos gregos”, e ficou famoso por ter insultado Agamenon e Aquiles e por ser agredido violentamente por Odisseu.

10. Antagonismo é um comportamento definido como hostilidade, era a divergência entre idéias e ideais

11. Antifonte apesar de ser considerado um filósofo e matemático grego, era um dos “últimos” se comparado aos demais sofistas, ficou famoso pelas prolongadas discussões com Sócrates.

12. Alcídamas ficou famoso por estabelecer a superioridade de improvisar durante os discursos escritos.

13. Hermes era conhecido como um dos 12 deuses do Olimpo, mitologicamente era conhecido como divindade protetora dos viajantes.

14. Aidos era a deusa da humildade, era conhecida como a consciência do que era certo ou errado na mente dos homens.

15. Diké era deusa da justiça e da vingança contra quem atentasse a violação da lei.

16. Heródoto ficou conhecido como “pai da história” pelo trabalho desenvolvido ao considerar o passado um problema filosófico ou um projeto que poderia revelar o conhecimento do comportamento humano.

17. Hípias foi um dos “trinta”, era filho de Psístrato e assumiu o cargo do pai logo após sua morte, ficou conhecido por mandar cunhar a figura de uma coruja na moeda ateniense e por apoiar Dario I na guerra de Maratona ao lado dos persas.

18. STONE, I. F. O Julgamento de Sócrates. Editora Companhia das Letras, São Paulo, 2005. PP 03 – 331.

19. Crítias ficou conhecido como um dos Trinta tiranos mais violentos de Atenas, era tio de Platão e foi aluno de Sócrates; falava que Deus era invenção dos sofistas e foi morto pelos democratas pouco antes da oligarquia cair com o retorno da democracia.

20. Alcibíades quando jovem foi educado por Péricles e era amigo de Sócrates, ficou conhecido pela sua derrota em Siracusa e por profanar as estátuas do deus Hermes; foi morto por simpatizantes espartanos em 406 a. C. na Pérsia.

21.STONE, I. F. O Julgamento de Sócrates. Editora Companhia das Letras, São Paulo, 2005. PP 03 – 331.

22. Heráclito ficou conhecido como pai da dialética e por desprezar o povo pobre, a política, a filosofia, religião e poetas; por causa de sua obra: Sobre a Natureza, ficou conhecido como “obscuro”

22. Licurgo foi conhecido como um dos maiores legisladores de Esparta, e para tal, destruiu completamente a legislação até então existente, para impor a nova constituição espartana, sendo considerada a mais bem escrita e sábia da história daquele povo.Duas famosas batalhas contra os persas, a primeira ocorreu em 490 a C. durante a Primeira Guerra Médica liderada por Milcíades e a segunda em 480 a C. comandada por Temístocles contra a frota persa liderada por Xerxes, em ambas as batalhas os gregos foram vitoriosos.

23. HOBBES,T, Leviatã,1651.

24. STONE, I. F. O Julgamento de Sócrates. Editora Companhia das Letras, São Paulo, 2005.

25. PP 03 – 331.

26. 26. LOEB, Retórica- PLATÃO: Leis. Trad. ingl. R.G. Bury, 2 vol., London, Loeb Classical Library, 1994-1999.

27. Péricles, Sófocles e Eurípides: estes personagens foram sem duvida fundamentais para a história grega, fosse na democracia, filosofia ou dramaturgia, com seus feitos, a Grécia não foi mais a mesma.

28. STONE, I. F. O Julgamento de Sócrates. Editora Companhia das Letras, São Paulo, 2005. PP 03 – 331.

29. Sólon: foi responsável pelas principais reformas sociais, políticas e econômicas da polis ateniense, se destacou mexer nas diferentes estruturas do sistema vigentes como a: justiça, o comércio, a posse de terras e a então política censitária.

30. Plutarco: filosofo e trovador grego, baseou sua ética na convicção de que para alcançar a felicidade e a paz, é preciso controlar os impulsos das paixões.

31. Protágoras: ficou famoso pela frase proclamada: “o homem é a medida de todas as coisas...”, dando a entender que tudo diz respeito à relatividade de um grupo de pessoas e aquilo que vale em um determinado lugar não deve valer necessariamente em outro.

32. Peloponeso: conhecida como a mais famosa guerra entre espartanos e gregos, ocorreu em 431 a 404 a.C., foi o conflito armado entre o centro político do mundo e a cidade de tradição militar e costumes rudes, a guerra desencadeou-se por causa do crescimento do poder ateniense e o temor que o mesmo despertava entre os espartanos.

33. Pisandro: demagogo ateniense que sempre ficou do lado do povo na batalha de Nícias; tão logo terminou o poder oligárquico,foi um dos que compactuou no golpe de estado, retornando com a ditadura.

34. STONE, I. F. O Julgamento de Sócrates. Editora Companhia das Letras, São Paulo, 2005. PP 03 – 331.

35. Xantipa: ficou conhecida historicamente como a esposa de Sócrates onde garantiria sua vida de ócio, porém era também pela fama de “megera rabugenta” com um eterno mau-humor, mas críticas a parte, é unânime a opinião de que ela amou o marido até a sua morte.

36. Esnobismo: modelo de comportamento em que se copia algo na impossibilidade de poder pertencer a pessoa, age com distinção que não tem, que não pode ter.

37. Mitilene: mais conhecida como a ilha de Lesbos por causa da mitologia em que o local era habitado por lésbicas dos tempos de Safo.

38. Cléon: foi um dos principais generais da Guerra do Peloponeso, adversário ferrenho de Péricles, é particularmente lembrado pela batalha de Esfactéria, uma das maiores vitórias atenienses em 425 a.C. onde a principal determinação era humilhar Esparta.

40. Eutífron: conhecido personagem grego, sua fama de deu sobre sua esperteza religiosa e por tentar definir o que é piedade.

41. Anito: advinha das famílias ricas de Atenas, fora general na Guerra do Peloponeso e um dos principais acusadores de Sócrates, se destacou por ser um dos trinta tiranos que não pleiteou as recompensas pelos prejuízos econômicos que sofrera durante a oligarquia, além de desaprovar o relacionamento de seu filho com o filósofo.

42. Oráculo de Delos: era uma espécie de templo os oráculos faziam suas adivinhações ou faziam conexão com os deuses, no mundo antigo ficaram famosos pela reputação de sábios.

43. Ésquilo: famoso poeta grego por ser considerado pai da tragédia grega, além ser um dos fundadores da democracia grega.


Referência Bibliográfica

STONE, I. F. O Julgamento de Sócrates. Editora Companhia das Letras, São Paulo, 2005. PP 03 – 331.

MOSSÉ, Claude.O Processo de Sócrates. Rio de Janeiro : Zahar, 1991.

DEL VECCHIO, Giorgio. Lições de Filosofia do Direito. Coimbra: Armêni Armado, 1979.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, Novo Aurélio Século XXI: Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 3ª Edição, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999.
Mídia Eletrônica: Site de procuras GOOGLE.




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