O autor começa
narrando o inicio de sua história em 1942, no outono de plena guerra mundial,
falando do gosto que desenvolveu pela pesquisa, agora o tema seria seu próximo
passo para o desenvolvimento; isso ocorreria através do oficio trilhado por
todos os historiadores, no caso de Duby, ele seria fortemente influenciado por
Jean Déniau, tendo como opção de escolha a da Idade Média. Os historiadores em
geral preocupam-se em estudar os mesmos temas como poder, política, militarismo
ou religião, com a preocupação em reconstruir os acontecimentos em pequena e
grande escala, sobre seus protagonistas e as causas acidentais dos fatos, bem
como a evolução formal das instituições e a sua compreensão na identificação
das tendências no decorrer desses ciclos. Segundo Fernando Braudel, existe três
estágios que ditam os fatos do tempo histórico: acontecimento, conjuntura e
estrutura; os acontecimentos atuam na superfície como uma onda que oscila de
acordo com as mudanças da conjuntura, a conjuntura e a estrutura, tomam
emprestadas a linguagem da economia.
A profissão de
escriba e contador teve sua relevância perante a demanda do século XIV quando
os príncipes começaram acumular riquezas e tinham a necessidade de enumerar e
registrar todo tipo de rendimento a sua conveniência. Os meios observados foram
principalmente o comercio e suas conseqüências no meio urbano, como por
exemplo, nas cidades da Toscana, nos portos normandos e na região de Flandres,
pois nessa região encontravam-se as cidades comerciais mais antigas e graças ao
dinheiro circulado ocorreu o surgimento das cidades burguesas através dos
burgueses; nesse meio, merece uma atenção especial o surgimento das primeiras
dinastias patrícias dessas cidades flamengas. Duby é bastante enfático quando
diz que o historiador não deve ficar recluso em seu meio de estudos, mas que
acompanhe o andamento e progresso do que esta acontecendo com as disciplinas
vizinhas.
Na sua trajetória, Duby volta a citar a escolha do tema, e para isso
necessitava de um orientador, inicialmente havia indicado Charles Edmond
Perrin, tendo como especialidade os estudos das relações entre súditos e seus
senhores, esse era o problema abordado por ele. Jean Deniau trabalharia os
documentos baseados em inventários da época carolíngia, através dos domínios
dos senhores determinando que fossem registrados todos os dados referentes as
suas propriedades, assim poderia reclamar os direitos seus as camponeses que
trabalhassem em suas propriedades. Nessas listas eram registrados rendeiros,
foros, camponeses, corvéias, além de registros de doação de terras sob tutela
dos imperadores, esse tipo de pratica influenciava a escrita, tudo isso era
feito em nome da “gloria de Deus”, através da exploração deste mundo mundano.
Por conselho de
Perrin, Duby deveria definir o tema e seu contexto, dando inicio aos estudos
imediatamente sobre os documentos de fácil acesso, preferencialmente já
editados; através desses documentos, ele poderia se basear neles e dar inicio
ao seu projeto de pesquisa sobre as diferentes fases. O trabalho enfim indicado
por Perrin foi o Recueil des chartes de
l´abbaye de Chuny: coleção de cartas da abadia de Chuny.
A obra indicada por Perrin decifraria o conteúdo dos cartularios,
ou seja, transcreveria os títulos de posse e privilégios da localidade dos
monges de Cluny, datadas no século
XI, nos anos finais da abadia de Odilon e trataria dos direitos de quem detinha
a terra e quem nela vivia por vias de praxe os estabelecimentos religiosos eram
mais organizados para a execução dessa tarefa. Os administradores ordenaram que
se fizessem registros desde sua fundação com registros que abarrotavam os
armários durante séculos.
A coleção era um documento de
aproximadamente cinco mil e quinhentas paginas de todos os tipos e tamanhos;
era de praxe os monges guardarem esses documentos ao tomarem posse de um bem,
neles ainda continha bulas papais e de imperadores, fragmentos de
contabilidade, inventários, quitações e antigas classificações; tudo esta
protegido na biblioteca nacional. Os mosteiros durante muito tempo foram
sinônimos de proteção a esse tipo de documento, era protegida da desordem do
cotidiano, por isso a riqueza de seus conteúdos recopiados para os cartularios.
Por volta do ano mil ocorreram mudanças radicais na distribuição dos poderes e
exercícios da justiça, os antigos formulários já não serviam mais, e não se
recorria mais a escrita nas assembléias, o direito agora era aprovado por
palavras e gestos, assim, os monges responsáveis por zelar pelo patrimônio,
deveriam fazer as anotações por conta própria frente aos impasses do judiciário
para preservar a memória do que havia sido dito nos encontros; alguns desses
processos agora soariam como crônicas.
Em torno do ano
1120, os documentos começaram escassear por causa dos descuidos dos
arquivistas, já no fim do século XII voltaram a aumentar novamente, agora com
uma diferença, as linhas eram pagas, por isso, se anotaria o maior possível de
anotações, passando a serem mais conservados. Os documentos do Recueil por sua
vez, só trariam informações a respeito das cercanias da abadia, visto que o
objetivo do estudo de Duby era ir além das fronteiras administrativas da
diocese ou de qualquer formação política, mas que obedecesse a conservação determinada
por esses arquivos. As investigações não iriam muito adiante das fronteiras de
Chalon ao norte, Beaujeu ao sul, Charollais a oeste e Bresse a oeste; na
biblioteca nacional estão os documentos originais outrora perdidos, algumas
delas muito raríssimas. De posse desses papéis, Duby esperava silencioso, na
expectativa de qual seria a surpresa a encontrar nos pergaminhos, o prazer por
estar de posse desses documentos já falava por si, o restante era considerado
façanhas da profissão de historiador por manusear esses documentos.
O sentimento
segundo Duby era de entrar em algo misterioso, secreto, desmistificando as
folhas enroladas que falavam com seu silencio de vidas há muito extintas; nos
arquivos de Mâcon as informações eram a respeito século XII da abadia La Ferté, fundada nas
profundezas da floresta as margens do rio Saône, o cartulario encontrado era
diferente, não se tratava de um registro, mas de um conjunto de folhas soltas,
algumas com até um metro de comprimento. Eram folhas traçadas pontilhadamente
com extremo cuidado, em perfeita harmonia de alinhamento com palavras escritas
em latim, com seus caracteres admiráveis e de qualidade tão boa que se tinha a
impressão que foram escritos anos atrás. A preocupação dos homens da igreja em
registrar nas margens das paginas seus calendários era praticamente
inexistente, não havia registro nessas comunidades de ordenanças litúrgicas,
morte de alguém importante como a de um papa, por exemplo, ou de uma epidemia
ou de qualquer outro fato que saísse do normal na localidade, não havia ligação
de um fato disperso com qualquer outro.
Duby percebia
que as vezes estava mal preparado por causa do material que havia acumulado,
pois no inicio de seus estudos, havia dois caminhos a serem trilhados, o
erudito ou o caminho dos professores, o primeiro mostrava como manipular as
ferramentas de pesquisa histórica e o segundo ensinava a dizer a historia, mais
do que fazê-la. A preocupação em 1821 era a restauração e conservação do século
das Luzes que por descuido da Revolução, tendeu-se a apagar todos os vestígios
da opressão causados pelo império, em nome do modernismo que havia
sucessivamente arruinado. Entre os séculos XVII e XVIII surgiram pessoas que
retomaram o trabalho iniciado pelos beneditinos nos seus confortáveis
mosteiros, esses religiosos tinham a missão de exumar os documentos perdidos na
poeira do tempo, lendo-os corretamente, datando-os e decifrando-os
corretamente, detectando-os de falsificações; para isso foi criadas a
paleografia e a diplomática. A Escola de Chartes recolheria o legado dessa
erudição em praticas que confeririam a historia a aparência de ciência exata.
O material
pesquisado por Duby eram cartas, noticias, processos, inventários, todos com a
característica de não conterem a fantasia de quem os escreveu; as falsificações
em geral eram da ordem de doações, privilégios fundamentados e consentidos em
nome dos grandes príncipes. Essas falsificações se distinguiam das originais,
pois essas apresentavam um linguajar diferente, eram mais rígidas, com
linguagem própria de tabelião, haja vista que muitas dessas cartas eram
escritas em latim e a maioria da população sequer entendia latim. Duby
inicialmente identificaria os mencionados nos documentos reunidos, tanto no
tempo quanto no espaço, primeiro era necessário datar esses documentos, o que
por si só não era fácil, pois a maioria deles datavam do século X e XI e grande
parte do século XII, quem escrevia raramente colocava datas, quem copiava
preocupava-se apenas em colocar o ano; as tradições de chancelaria foram
mudando com os anos e começaram a ser mais precisos colocando dia, semana e
mês. Agora raramente não se colocava o ano, episcopado ou abaciado.
Outra
impropriedade foi o disparate das datas de um ano para o outro, já que algumas
diferenças de datas chegavam há cinqüenta anos, com essa árdua missão, Duby
tentou corrigir esses erros cronológicos, reescrevendo as coincidências,
associando a escrita na maneira dos escribas com períodos parecidos, na
similaridade de nomes e lugares, tentando encontrar semelhanças dos
personagens, utilizando-se de critérios menos confiáveis como a caligrafia,
nessas observações constatou que o Recueil estava cheio de datas erradas. A
missão agora era montar esse quebra cabeça, colocando os nomes a seus lugares,
para piorar, nem um documento apresentava algum tipo de índice, e Duby
encontrava-se cada vez mais ilhado, sem saber para onde ir, a única informação
de que ele dispunha eram as informações das paisagens, podendo-as comparar com
a atualidade, por isso foi necessário que ele percoresse esses lugares para
possíveis identificações.
Ao fazer esse
tipo de atividade, segundo Duby, o historiador corre o risco de descobrir
inadvertidamente o objeto de sua procura muito além do seu habitat de pesquisa,
a natureza nesse aspecto era como um documento vivo. Outra dificuldade
encontrada pelo autor eram as terminologias e termos, a única ferramenta
disposta por ele era um dicionário de latim medieval produzido no século XVIII,
como verdadeiro exemplar da erudição beneditina. O dicionário parecia segundo o
autor ser mais complexo do que o mais moderno dicionário que poderia existir,
pois a linguagem além de ser erudita era toda rebuscada, de difícil compreensão
até mesmo para o homem mais capaz de entendê-las.
As nuances desse livro era
percebida pelo deslocamento da escrita de uma oficina para outra, lembrando que
não eram todos religiosos que se utilizavam do latim e por vezes nem mesmo
palavras para denominar certos objetos. Um dos textos trabalhados por Duby foi
o de nº. 3649, o documento era um fragmento de um sumario lançado num pedaço de
pergaminho, as informações desse pergaminho revelaram uma sociedade que
raramente fora tratada em cartas e noticias, sendo ele escrito por volta do ano
1100 e fala da relação de um homem livre sem nome vindo de um lugar não citado,
com impressões de que esses cidadãos se deslocavam de vilas em vilas e ali ele
se estabeleceu, sendo subordinado a catedral de Saint Vincent.
A mão de obra
era farta e sempre bem vinda, mas isso não significava que ele era bem vindo,
porém como imigrante ele não poderia ficar muito tempo nessa local, devendo
ficar sob a tutela de um senhor... Duby trabalha com a fragmentação até chegar
ao todo, como se fosse uma fórmula de alquimia mágica, pois aos poucos o objeto
de pesquisa vai ganhando corpo através dos vários volumes, como se fosse um
organismo complexo em desenvolvimento desvendando a sociedade. Depois dessa
leitura, ele passou a fase da escrita, trabalhando em etapas, assim começou a
edificar a estrutura, posteriormente, traçou uma rede de argumentos pela lógica
da redação. A missão agora era restabelecer esses elementos anteriormente
separados, com o intuito de um novo plano, para o historiador isso significa
usar a liberdade sem implicar riscos a sua própria liberdade, mas forçando-o a
tomar um partido, o sentido nesse momento é a emoção com a razão dos mecanismos
lógicos, usando como equilíbrio o senso dos valores.
Defender uma
tese de doutorado requer tempo e empenho, o material a ser estudado pode ocupar
vários volumes segundo Duby, sendo necessário resumi-los em breves conteúdos,
sob o olhar ávido da ansiedade, com a probabilidade de se desorientar,
induzindo a respostas sagazes e elegantes para em seguida ouvir o parecer da
banca, que nesse dia se vingaria da juventude dos candidatos, buscando falhas
que geralmente pessoas com mais tempo de experiência reconheceria logo, mas no
final o resultado desse empenho finalmente surgiria com a proclamação do mais
novo doutor convidando os colegas para um brinde de aprovação. Ainda de posse
dos documentos, Duby descreve como seriam as paragens do século XI e XII mais
precisamente entre 980 a 1030 observa uma divisão entre os homens, havia os
escravos entregues ao poder privativo de seu senhor e os livres, mais conhecido
como os francos, que ficavam sob a jurisdição dos tribunais públicos. Essas
duas divisões se organizavam em torno dos castelos que por serem menos
numerosos, constituíam o pivô da nova organização social, onde o senhor do
castelo teria seu poder sob as cercanias desse castelo.
O ano mil
segundo Duby foi marcado pelo trabalho no campesinato cada vez mais poderoso
com melhores equipamentos, onde as riquezas eram canalizadas para a residências
dos senhores em forma do sistema senhorial feudal, estimulando cada vez mais o
gosto pelo luxo e gastos que dominavam toda Europa através de movimentos na
construção de catedrais na França e se reforçavam através dos Estado
Monárquicos, firmando assim o espírito de denominação do dinheiro através da
“generosidade” do lucro. Em alguns momentos Duby afirma sua simpatia pelo
marxismo e sua influencia sobre seus estudos, principalmente quando se refere
as reflexões do passado; mais uma vez ele relembra que o historiador não deve
ficar recluso ao seu mundo fechado no circulo medievalista. Quando se estuda o
passado, corre-se o risco de se esbarrar aos materiais já produzidos, bem como
suas técnicas, sua população, trocas; indo além, os próprios marxistas por
vezes conduziam o caminho, visto que, o estudo da materialidade não pode ser
isolado, justificando assim sua posição primordial a palavra mentalidade.
A mentalidade
por sua vez, pode designar um conjunto de imagens e certezas de “não ter
certeza” quando referimo-nos a membros do mesmo grupo; procuramos reconhecer-nos
outros o nosso grupo, sem prestar atenção nele e tampouco expulsa-lo de seu
grupo. Historiadores comemoram o encurtamento das distancias entre os trabalhos
produzidos e as notas de tempos em tempos. Duby tinha ainda que ajustar as
imagens escolhidas pelo primeiro plano devido a sua beleza, afinal, o objetivo
dos livros era suscitar a emoção da estética, portanto, quando se dirigia agora
não mais aos colegas, professores, amigos, estudantes e sim a experiência de
historiador a sociedade. No livro As Três Ordens, o autor descobre que
ocorreram mudanças na sua forma de enxergar a fonte escrita, pois ele esperava
que elas o ensinassem, pois, sua missão era preservar, na verdade, ele percebeu
que o historiador esta muito longe desse conhecimento, questinando-a como
testemunha e não sobre seus relatos, mas como foi relatado, por isso, a sua
atenção as anotações objetivas dos arquivos.
Os historiadores
francesas fizeram grande sucesso na década de sessenta do século XX, qual seria
o segredo disso? O efeito romanesco havia se esgotado? O publico passou a
preferir a historia a ficção, não mais apenas a factual, mas a da maneira de
viver; a Idade Média não era um mundo imaginário, mas desconhecido precisando
ser descoberto, dando a impressão de penetrar em um mundo exótico; somos o
produto do que eles foram um dia. A demanda agora estava frente aos novos
leitores, era preciso sensibilizá-los, sendo necessário agilizar a escrita, a
maneira de escrever, anotações seriam eliminadas para dar lugar a notas mais
modernas e hábeis, a relevância agora se faria através da flexibilização sempre
que possível de maneira agradável; o ensaio da antropologia das guerras feudais
era justamente entender o comportamento dos homens que iam para a guerra,
entende-los por que mesmo incapacitados, morrendo de sede, pisoteados e ainda
assim lutavam com garra, qual era o pensamento deles? Qual era o objeto de
desejo? O que era alegria e o que causava violência transformando-o em uma
criatura furiosa? O que era honra do ponto de vista deles na guerra?
A meta era
identificar esse sujeito e acompanhar sua evolução de idéias da sociedade que o
cercava, por isso convencionou-se uma divisão em três categorias: havia os que
rezavam os que guerreavam e os outros trabalhavam para todo grupo em troca de
serviços e paz para todos. Existia ainda nas classes dominantes a rivalidade
das formas culturais: a cavalaresca e a eclesiástica, cabendo a igreja ter um
papel representativo nas transformações do feudalismo. Duby relata ainda as
experiências de suas viagens mundo afora, iniciadas em 1955 inicialmente para
Itália, afinal, o historiador deve percorrer o mundo atual e conviver com a
diversidade de como viver e pensar, nessas viagens ele não estava perdendo
tempo e sim enriquecendo-se culturalmente; posteriormente os locais visitados
foram: Polônia, União Soviética, Bélgica, Holanda, Suíça, Inglaterra, Alemanha,
Oriente Médio, América Central, os mercados Oaxacanos, as paragens de XI Han,
as planícies do Ganges, na Espanha, com a diferença de que na Espanha e Itália
serem os locais onde ele mais se sentiu a vontade para fazer a sua pesquisa e
ter sido mais bem recebido em todo lugar do mundo.
Quando se viaja
para fora de sua terra, o historiador tende comparar as coisas novas com as que
já conhece isso não deixa de incorrer em riscos, ele deve tomar cuidado de não
comparar só o que lhe for conveniente, estimulado pela perplexidade dos brilhos
exóticos. As viagens em si, são uteis para a cultura feita não de partes
separadas, mas de um todo. O autor faz ainda uma critica a academia francesa no
sentido de indagá-los até quando eles continuarão a julgar a frente dos
historiadores do mundo inteiro sem passarem por ridículos? O intuito das
viagens é justamente despertar, e curar-se da convicção menos fundamentadas na
forma deles pensarem ser superior aos outros. Algumas mídias foram ignoradas
durante muito tempo pelo autor, a televisão foi um exemplo disso, era vista
como uma intrusa que invadia a sua intimidade reservadas a musica, literatura e
as amizades; isso mudou a partir de 1972 quando foi convidado para fazer um
programa em comemoração aos mil das igrejas romanas. Era preciso para
isso, atingir a população em larga escala e isso aconteceu quando ele produziu
através da leitura do livro: O tempo das Catedrais, convertendo o livro em
imagens que se movimentassem.
Atuando
diretamente na produção, ele estabeleceu seu plano geral, sobre tudo nas
tomadas, trilha sonora e locais a serem filmados, a sensibilidade ficou por
conta das tomadas das nuvens nas igrejas, seu mobiliário, os tímpanos e
vidraças, esse trabalho era efêmero e contundente. Através desse trabalho, ele
compreendeu que o historiador deve confiar nos profissionais que atuam nessas
áreas audiovisuais e o que eles podem transmitir a nós. Falar na televisão de
um período passado é fácil, o difícil é passar a imagem desse passado remoto,
essa é a problemática, pois, ela apresenta vários problemas, visto que a
televisão significa algo contemporâneo, moderno e para atrair a atenção do
publico, é necessário que se faça algo já feito novamente, mas de maneira mais
atraente; muitas vezes as dificuldades podem ser tantas que o resultado é
decepcionante, onde devem reinventar a todo o momento simples formas de
exposição, com linguagem e artifícios capazes de transmitir sobriedade ao que
se quer fazer.
Por isso, a
cultura é por excelência o rigor do progresso, fazendo das pessoas mais simples
e tímidas, alguém que possa colocar diante de seus olhos objetos que nos
intriguem e que nos façam perceber o sentido da compreensão e possamos
avaliá-los mais atentamente. Ainda na
televisão, Duby trabalhou um programa chamado Os desconhecidos da história
e um dos personagens foi Guilherme, nascido em torno de 1145 e em 1219
aproximadamente foi o ano de sua morte, ele era regente da Inglaterra, logo
após sua morte, seu filho e herdeiro contratou um escritor para relatar a vida
do pai em forma de poema, nessa obra a vida de Guilherme é descrito pela sua
atuação nos campos, nas rodas de bebidas com os amigos, é descrito suas
tristezas e alegrias, enfim, para Duby, o regente conversava com ele.
Para o
personagem, o verdadeiro tema era seu ideal, os valores que ele respeitava, o
feudalismo pode ser compreendido através dessa dinâmica mecânica de descobertas
como no caso das cartas; ao mesmo tempo, o livro coloca alguns problemas como,
por exemplo, qual era a concepção dos guerreiros sobre a morte? Qual era o
lugar das mulheres nesse contexto? Por isso a necessidade de agir com cuidado
ao retratar um cavaleiro da antiguidade, sua imagem deve ser como ele é
realmente descrito, como era sua relação com os mais velhos, seus filhos,
mulheres e devemos nos preocupar mais ainda em não distorcer os fatos relatados
nesses documentos antigos. Através dos cartorários, Duby mostra como se fazia a
passagem do patrimônio, suas ramificações e linhagens em relação aos mortos,
continha nessas cartas a forma como as missas deveriam ser rezadas, como os
dotes deveriam ser divididos, a parte que caberia a esposa, tudo isso fazia
parte da aliança das filiações.
O historiador
segundo o autor, nunca deve afirmar que os escritos foram influenciados por
mudanças utilizadas pela contemporaneidade do real ao que nos esta a disposição
do conhecimento; isso demonstra a trajetória de Duby percorrida pelos campos do
passado camponês e nobre, as ferramentas comerciais e de produção bem como a
relação de parentesco entre o gênero estabelecido desde o inicio da historia,
nessa questão o autor se questiona se a Idade Média foi realmente mais
masculina do que parece. Esse questionamento é feito por Duby a ponto de ele
indagar-se do por que da demora em estudar as mulheres; ele responde que ainda
não havia registros suficientes sobre elas, e os que existiam não eram
confiáveis por serem distorcidos e deformados.
Suas historias e relatos sempre
partiram dos homens e na sua generalidade, homens com ligações com a igreja,
como elas não eram bem vistas pela igreja, sistematicamente não tinham nem
rosto ou nome. A historia para Duby ensinou-lhe que o sistema começa desmoronar
quando o sistema educacional se degrada quando mal gerido e “mal amado”. A historia
medieval sob o olhar arquivistico é jovem por causa dos estímulos regionais e
dos terrenos que proporcionam suas proliferações; a historiografia também tem
seu papel importante, pois, estuda a historia baseada na historia dos estudos
articulados na memória e retórica.
Senhor
leitor, todas as imagens foram retiradas do site de pesquisa Google, não se
sinta ofendido se por ventura, uma das imagens postadas for sua, a intenção do
blog é ilustrar didaticamente os textos e não plagiar as imagens. Obrigado pela
compreensão. TODOS OS DIREITOS AUTORAIS RECONHECIDOS.
Mr.
reader, all images were taken from the Google search site, do not feel offended
if perchance, one of the images posted are your, the blog´s intentions is to
illustrate didactically the text and not plagiarize images. Thank you for
understanding. ALL RECOGNIZED COPYRIGHT.
REFERÊNCIA: DUBY, Georges. A história continua. Rio de
Janeiro, Jorge Zahar – Editora UFRJ, 1993.