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"Nas revoluções há duas espécies de homens: os que as fazem e os que delas aproveitam." (Napoleão Bonaparte)
Revolução Francesa |
No último decênio do século XVIII, as
idéias norteadoras da Revolução Francesa ancoraram-se na visão dos que
pretendiam ver o Brasil livre de Portugal, como também instaurar um sentimento
de igualdade e fraternidade. Se a conjuração mineira, de 1798, foi um movimento
precursor da Proclamação da Independência do Brasil, a Conjuração Baiana
validou o desejo de mudanças e a propagação de novas idéias libertárias. As
idéias políticas propagadas pela maçonaria, onde através da denominação
“Cavaleiros da Luz” fez surgir novos princípios sociais, tornaram-se na Bahia
interessantes aos homens simples do povo, alfaiates, soldados, artesãos,
ourives, pedreiros, etc. como também intelectuais, todos com o mesmo olhar
ideário.
Colagem dos boletins nos postes |
A conspiração foi pautada no surgimento de
manifestações através de panfletos afixados em lugares públicos, onde se
divulgavam ou conclamavam o “povo bahiense” a lutar pela liberdade. Apesar de
todo empenho, manobras foram feitas por parte dos interessados em ver vigorar o
regime político da época, no sentido de desarticular o planejamento da
conjuração, promovendo a devassa das idéias e plano dos conspiradores que
pleiteavam mudar os rumos de uma conjuntura que privilegiava as classes sociais
superiores em detrimento das camadas inferiores.
Luis Henrique Dias Tavares - Bahia 1798 |
O autor Luís Henrique Dias Tavares descreve
sobre a “conspiração dos alfaiates” em seus livros: “História da Sedição
Intentada na Bahia em 1798”
e “Bahia 1798” ,
onde traça uma análise dos episódios
ligados à História da Bahia inserindo-os no contexto nacional e internacional,
buscando compreendê-los dentro de ampla articulação e desvendar as
conseqüências geradas. Mostra-nos que esse movimento, de aspecto simbólico, não
se concretizou, mas teve grande importância na história brasileira, visto que
visava a integração social bem como a independência.
Contexto
histórico: No final do século XVII, Portugal entrou numa crise econômica de
grande proporções, haja vista, durante a União Ibérica ter perdido para os
inimigos da Espanha muitas de suas colônias da África e do Oriente. Também, a
queda do preço internacional do açúcar, agravou ainda mais sua situação. A
Inglaterra dominou pouco a pouco a economia portuguesa que foi sufocada pela
concorrência inglesa, sendo obrigada a importar praticamente todos os produtos
manufaturados de que necessitava. Sem indústria e não dispondo de recursos
próprios, Portugal viu no Brasil sua salvação, onde buscou a solução para
enfrentar seus problemas; aumentou o seu domínio de exploração sobre a colônia,
o que fez acelerar revoltas por parte dos que nesta habitavam.
Na Bahia, ao longo do século XVIII e até
por volta de 1770, a
situação econômica era precária, principalmente por força da prolongada crise
do açúcar. O enriquecimento urbano de Salvador, função do comércio com a zona
aurífera das Gerais, não trouxera qualquer benefício a lavoura, e na cidade só
os ricos comerciantes, quase todos portugueses, lucraram com os negócios das minas.
Com o “renascimento agrícola” a partir de 1770, a capitania recuperou
algo de seu fastígio, mas isso só fez agravar as contradições sociais. A
prosperidade da lavoura canavieira no último quartel do século beneficiou
apenas os grandes comerciantes e senhores de engenho.
A tradicional escassez alimentar
agravou-se, pois, a área de plantio para a subsistência reduziu-se em função da
expansão dos canaviais; os alimentos vindos de fora tiveram seus preços
elevados, devido ao aumento do poder aquisitivo dos senhores. A população livre
não-proprietária sofria gravemente com a escassez, tornada pior pelas
especulações altistas dos negociantes de gêneros e insuportável pelas
arbitrárias exigências destes, como a de só aceitar determinados tipos de
moedas, sob a alegação de falsidade das demais. A introdução de moedas de cobre
contrabandeadas dos Estados Unidos provocou incidentes sangrentos, e o conjunto
da situação levou a várias explosões populares descontentes.
Entre 1797 e 1798, os incidentes se
multiplicaram. Em várias ocasiões, soldados e populares invadiram armazéns para
tomar à força carne e farinha. No sábado de aleluia de 1797, os escravos que
transportavam grandes quantidades de carne destinada ao general-comandante de
Salvador foram atacados pela multidão faminta que povoava as ruas da cidade e
seu fardo foi dividido entre os atacantes e as negras de ganho que vendiam
quitutes na rua. É interessante notar que tais motins caóticos chegaram, em
princípios de 1798, a
afrontar diretamente o poder. Numa certa madrugada, depois de alguns tumultos,
o pelourinho da praça, símbolo do mando lusitano e branco, foi incendiado.
Em todas essas ocasiões, mulatos e negros
realizavam os ataques, expressando não só seu ódio de classe inferior como o de
uma raça submetida. Esse fermento de tensões explica a rápida difusão das
idéias de igualdade e liberdade entre negros, bem como o caráter que distingue
a Conjuração Baiana da Inconfidência Mineira.
Cipriano Barata |
Para a primeira fase do movimento, é
importante ressaltar sobre os ideais da revolução francesa que influenciara
Cipriano Barata, Francisco Muniz, em 1796, o Comandante Larcher que chegou em
um navio espanhol, entusiasmou o Tenente Hermógenes de Aguilar Pantoja pelas
suas idéias ligadas a revolução. Os serões quase secretos discutiam-se
publicações dos ideais liberais humanistas da revolução, onde fundou a
associação Cavaleira da Luz.
A sociedade secreta de caráter elitista e
esotérico chegou a ser confundida por alguns historiadores com uma loja tipo
maçônica, seus membros dedicaram-se fundamentalmente a estudos e à propagação
das idéias entre a elite baiana. Não havia mais como favorecer ao mesmo tempo a
Metrópole e os grandes proprietários da colônia. Assim que os latifundiários
perceberam que estavam ameaçados de arruinar bradaram por independência
nacional. Mas no fundo o que eles queriam era um Brasil independente sem muitas
mudanças sociais pois, só assim continuariam ricos.
Cavaleiros da Luz |
Entretanto, a difusão de idéias libertárias
e igualitárias na Bahia contra a submissão da metrópole poderosa Portugal não
poderia deixar de despertar contradições da sociedade escravocrata. O projeto igualitário, benéfico aos escravos
e mulatos e contrário aos senhores, faria com que o núcleo inicial dos
“Cavaleiros da Luz” fosse ultrapassado em matéria de articulações
revolucionárias pelos humildes da capitania. As camadas inferiores radicalizaram
logo suas posições, assumindo o comando efetivo do movimento. O radicalismo,
inquieto e impaciente, das raças dominadas para se libertar do jugo secular do
colonialismo não interessava aos senhores brancos que se retraíram.
Tribunal de Relação da Bahia |
Príncipe regente D. João |
Alguns dias depois de publicados os
boletins revolucionários, que evidentemente despertaram grande sobressalto nas
autoridades, mandaram uma carta ao governador pedindo sua adesão aos
republicano, onde acusaram Luís Gonzaga das Virgens, que foi preso e
interrogado, tratado de forma violenta,
tendo sua casa varejada. Os demais conjurados temerosos, passaram a preparar um
golpe de força que fizesse a situação reverter a seu favor.
Dique do Desterro, atual posição geográfica do Dique do Tororó |
A reunião da noite de 25 de agosto, que
devia ser decisiva, foi na verdade um grande fracasso. O encontro foi
denunciado às autoridades por três dos convidados: o ferrador Joaquim da Veiga
foi o primeiro denunciante, que foi instruído
para continuar fingindo ser
favorável ao movimento; o segundo foi Joaquim José de Santa Ana, preto livre,
cabeleireiro; o terceiro denunciante foi o soldado do 1º Regimento,
José Joaquim de Siqueira, branco, português de nascimento, pediu audiência ao
governador e contou tudo o que sabia.
As prisões começaram na manhã de 26 de
agosto e continuaram pelos meses seguintes de 1798 e começos de 1799. Ao todo,
41 presos, dos quais 33 chegaram ao final das devassas. Condenados à morte na
forca e ao esquartejamento, os soldados Lucas Dantas de Amorim Torre e Luís
Gonzaga das Virgens, o aprendiz de alfaiate João de Deus do Nascimento foram
executados no dia 8, seus nomes e memória tornados “malditos” até a terceira
geração (netos). Haveria um quinto condenado à pena máxima, o ourives Luís
Pires, fugitivo jamais localizado. Os demais condenados tiveram penas de
degredo ou prisão.
Maria Quitéria |
Atuação
da Maçonaria na Colônia: As lojas maçônicas surgidas na Colônia, no século
XVIII, tiveram grande importância no movimento de emancipação política. Nelas
discutiam-se os ideais liberais e democráticos e combatia-se o absolutismo. No
Brasil as idéias liberais e democráticas chegaram trazidas pelos filhos dos grandes
proprietários de escravos e de terras, que ao retornarem de seus estudos em
universidades européias ingressaram nas lojas maçônicas. Viajantes,
principalmente franceses, de passagem pela Colônia também foram responsáveis
pela propagação das idéias do Iluminismo. Figuras expressivas da sociedade
colonial, como fazendeiros, comerciantes, funcionários, professores e muitos
padres, reuniam-se nas lojas maçônicas tomando consciência da situação da
Colônia e de sua condição de colonos.
As cores
da bandeira do movimento (Azul, branca e vermelha) são até hoje as cores da
Bahia. A imagem foi baseada no modelo descrito por Brás do Amaral e Francisco Borges de Barros.
Os Boletins Sediciosos: Os boletins receberam esse nome porque ocorreram na metade do século XVIII e seus participantes ainda não tinham a idéia de separação do Brasil de Portugal. Os revoltosos, insatisfeitos com a metrópole, iniciaram o processo de distribuição de panfletos pela cidade a fim de uma negociação com o poder régio. Os boletins sediciosos anunciavam o fim do regime monárquico, morte ao rei e liberdade ao povo, sem distinção de cor. Expressões como liberdade, igualdade e fraternidade faziam parte desses panfletos que apareceram numa manhã de agosto de 1798, nos locais mais movimentados de Salvador, se apresentaram como proposta a Conjuração Baiana, um dos muitos movimentos em prol da independência do Brasil, mas com um ingrediente especial, com duras críticas a desigualdade social.
Os Boletins Sediciosos: Os boletins receberam esse nome porque ocorreram na metade do século XVIII e seus participantes ainda não tinham a idéia de separação do Brasil de Portugal. Os revoltosos, insatisfeitos com a metrópole, iniciaram o processo de distribuição de panfletos pela cidade a fim de uma negociação com o poder régio. Os boletins sediciosos anunciavam o fim do regime monárquico, morte ao rei e liberdade ao povo, sem distinção de cor. Expressões como liberdade, igualdade e fraternidade faziam parte desses panfletos que apareceram numa manhã de agosto de 1798, nos locais mais movimentados de Salvador, se apresentaram como proposta a Conjuração Baiana, um dos muitos movimentos em prol da independência do Brasil, mas com um ingrediente especial, com duras críticas a desigualdade social.
Era o início de
uma República Revolucionária, como ocorrera na França jacobina; os boletins
foram escritos de forma simplória, permitindo uma
orientação política, social e sindical do movimento, dentre as várias
reclamações a população, constavam informações de como a população deveria
proceder, o conteúdo dos boletins na sua maioria falavam: dos muitos os
tributos cobrados diretamente pela rainha de Lisboa, criticavam a escravidão e
o absolutismo no sentido de um povo que vivia a mando da rainha, defendiam a
liberdade, igualdade onde no futuro seria feito uma revolução conclamando o
parlamento a criticar o absolutismo da rainha, faziam criticas por haver
somente um porto aberto, exigiam mais portos, pois isso significaria a quebra
do monopólio pertencentes a uma minoria.
A abertura deveria dar acesso as outras nações, principalmente a nação francesa, os boletins diziam que todo padre que falasse da liberdade como inútil em público, deveria ser morto na mesma praça pública, pior ainda seria se ele dissesse que um ato pecaminoso não seria pecado, além de não admitir mais que a igreja fizesse a cabeça das pessoas, falavam da isenção de qualidade, era necessário ter uma boa qualidade de vida, defendiam a mesma igualdade para os militares de milícia, pois os Militares de linha eram os prestigiados, defendiam a igualdade de cor e classe, defendiam a quebra de todo tipo de monopólio. defendiam principalmente desobediência a rainha.
A abertura deveria dar acesso as outras nações, principalmente a nação francesa, os boletins diziam que todo padre que falasse da liberdade como inútil em público, deveria ser morto na mesma praça pública, pior ainda seria se ele dissesse que um ato pecaminoso não seria pecado, além de não admitir mais que a igreja fizesse a cabeça das pessoas, falavam da isenção de qualidade, era necessário ter uma boa qualidade de vida, defendiam a mesma igualdade para os militares de milícia, pois os Militares de linha eram os prestigiados, defendiam a igualdade de cor e classe, defendiam a quebra de todo tipo de monopólio. defendiam principalmente desobediência a rainha.
Embora os boletins à sua época
parecessem utópicos nos ideais desejados, eles continham a premissa
de um sonho que transcenderia sua vontade, a liberdade tão sonhada
era o fator para que esses boletins urgissem e convocassem o povo a rebeldia. A
seguir será feito um exame detalhado de dois desses boletins, sendo eles os
boletins número um e nove.
Boletim Sedicioso nº 2
Que o povo q. sefaça nesta Cid.e
e seu termo a sua memorável revolu
ção, eq o soldado perseba 200 reis de soldo cada dia
Povo
Este boletim conclama o que
há de mais sagrado na cidade, seu povo na sua magnitude,
a lutar pelo ideal prescrito no espírito da revolução e para que esse fato se
concretize, o boletim ordena que cada soldado receba a quantia de 200 réis por
dia de pagamento, pois assim haverá justiça no que for praticado pela presença
desse ilustre herói e defensor do povo contra a opressão e tirania da
monarquia.
Boletim Sedicioso nº 9
Aviso ao Cléro, e ao Povo Bahiense indouto
O Poderozo, eMagnifico Povo Bahiense Republicano
desta cid.e e da Ba Republicana consideerando nos
m.tos latrocínios feitos em ostitulos, imposturas, tributos,
e
direito q são celebrados por ordem da Rainha de Lisboa, e no q.
respeita a inutilid.e da escravidão do mesmo Povo tão
sagrado, e Digno de ser livre; com respeito aliberd.e
e iguald.e ordena, m.da, equer q. p.a
ofuturo seja exterminado
para sempre o pecimo jugo reinável da Europa; seg.do
os juram.tos celebrados por trezentos noventa edous
Dignissimos Deputados Representantes da Nação em consulta
individual de duzentos oitenta equatro Entes q adoptão
a total Leberdad.e Nacional; contida no geral receptáculo
de seiscentos setenta eseis homens seg.do o prelo acima
referido.
Portanto faz saber, e dá ao prelo q se axão as medidas
Tomadas p.a o socorro Estrangeiro, e progresso do commercio
deAçucar, Tabaco, e pau-brazil, e todos os mais generos
do negocio, e mais viveres; comtanto que aqui virão
todos os Estrangeiros tendo porto aberto, morm.to aNação
Franceza: Outrosim m.da o Povo q seja punido com
pena p.a sempre todo aq.le Padre regular, e não
regular q
no pulpito, conficionario, exortação, conversação por
q.l q.r forma, modo, emaneira persuadir aos
ignorantes, fa-
naticos, ipocritas; dizendo q he inútil aliberd.e Popular:
também será castigado todo aquele homem q cair naculpa d.a
não havendo izinção de qualid.e para ocastigo. Quer o povo
q todos os Mémbros militares delinha, milícias, eordenanças;
homens brancos, pardos, epretos concorrão p.a aliberd.e
Popular; m.da o Povo q cada hu soldado perseba de
Soldo dous tostoens cada dia, alem das suas vantagens q
serão relevantes. Os oficiais terão aum.to de posto,
e de soldo, seg.do as dietas : Cada hu indagará quaes sejão
os tiranos opostos aLiberd.e e estado livre do povo p.a
ser notado: cada hu Deputado exercerá os autos da igreja p.a
notar q.l seja o sacerdote contrario a Liberd.e o
Povo
será Livre do despotismo do rei tirano, ficando cada hu
segeito as Leis do novo Codigo, e reformado formulário:
será maldito da socied.e Nacional todo aq.le ou
aq.la que
for inconfidente a Liberd.e coherente ao homem, emais
agravante será a culpa havendo dolo ecleziastico
assim seja entendido alias...
O Povo
O Boletim Sedicioso nº 9 inicia seu
discurso avisando o louvável cidadão baiano e avisa ao Clero que o poderoso e
maravilhoso povo soteropolitano legitimo representante da República residentes
na cidade de uma Bahia republicana, vem por meio deste, ponderar sobre a
situação que esta acontecendo quando se refere aos estímulos causados pelos
roubos seguidos de morte, aos maus comportamentos que estão acontecendo, aos
altos impostos que lhes são cobrados todos a mando legal de sua
majestade a Rainha da coroa lusa, ao tempo que fala da inutilidade da escravidão
por esse povo glorioso e por natureza o direito divino de ser livre, sendo a
liberdade e igualdade suas por direito.
Liberdade contra a opressão européia |
Abertura dos portos aos estrangeiros |
Soldados brancos tinham melhor tratamento |
Caberia a eles preponderar quem eram os
algozes opositores da liberdade e ao estado livre do Povo para ser
notificado que todo deputado exercerá os mandos da igreja outrora função
desempenhada pelos sacerdotes contrários a liberdade tão
sonhada, deixando claro que o Povo jamais será refém do despotismo
de um monarca tirano, sendo agora toda a legislação vigente ao novo código de
leis e contrariando esses termos previstos, será maldito por toda a sociedade
nacional, todo aquele ou quem for traidor da liberdade condizente a todo
homem., mais agravante ainda será se este for culpado de dolo eclesiástico,
nestes termos, se façam ser entendidos o que foi citado.....
O Povo |
Desejo de liberdade |
Para isso, a seu
modo, foram criados vários movimentos que tinham o caráter de identificá-los
pelo nome representativo. A proposta a seguir será produzir o que for
mais coerente com os fatos históricos obtidos através dos mais renomados
historiadores como Kátia Mattoso, Luis Henrique Tavares, Afonso Ruy de Souza, Inácio Accioli
e Brás do Amaral entre outros.
Chamo a atenção para o fato
de que a Conjuração é uma palavra que deriva de Conjura, que significa uma
forma de resistência tipicamente aristocrática, herdeira direta das Conjurationes
das ligas medievais.
Sedição significa pertubação da ordem pública ou tumulto popular.
Inconfidência significa revelação de segredos confiado.
Conspiração siginifica tramar contra.
Sublevação significa levante, amotinar ou iniciar uma revolta.
Revolta significa indignação ou protesto.
Sedição significa pertubação da ordem pública ou tumulto popular.
Inconfidência significa revelação de segredos confiado.
Conspiração siginifica tramar contra.
Sublevação significa levante, amotinar ou iniciar uma revolta.
Revolta significa indignação ou protesto.
Conjuração Baiana |
Independência baiana: 2 de julho de 1823 |
Revolta dos Búzios:
A leitura da Revolta dos Búzios é feita sob o ponto de vista parecido com a Conjuração
Baiana, onde os revoltosos usariam um búzio preso à pulseira
para facilitar a identificação entre si, presumia-se que os búzios seriam
usados como moeda na nova república já que os mesmos eram usados como moeda
corrente em muitas localidades da África. Destacaram-se pela luta daqueles que “sonhavam com uma república
democrática, com o fim da escravidão e das desigualdades entre brancos e
negros, em pleno século 18 na cidade de Salvador”, sendo toda respaldada pelo
também ideário francês, tendo como principais integrantes: Ana Romana, Maria do Nascimento, Manoel Faustino dos Santos, João de Deus do Nascimento, Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas. Destacou-se pelas bases dos direitos
humanos no Brasil e por apresentar um documento que falava das
oportunidades igualitárias no país. Suas reivindicações não eram somente de uma
história negra, mas uma história do próprio país além de apontar a exclusão
racial e social. Seus objetivos, mesmo após os setecentos do século passado, ainda
encontram-se presentes no imaginário atual.
Revolta das Argolinhas: Foi uma revolta onde seus participantes se
destacariam por usarem uma argola na orelha com o mesmo fim e também por que
alguns deles eram alfaiates. Anseiavam por uma nova república, onde a razão do negro seria baseada na
igualdade e liberdade entre os irmão, sem discriminação de cor. Embora não
tivessem conseguido naquele momento os ideais demandados, sua luta não foi em
vão, pois não conseguiram apagar da memória o desejo de se
libertarem do preconceito, estabelecido como símbolo do poder do
branco para desqualificar a qualidade do homem negro.
Esse levante em nome da negritude, frente
a sua época, imaginava um lugar pacífico, onde o homem seria livre por natureza
com igualdade de direitos. Tal ideologia não foi bem aceita pela sociedade
baiana escravocrata, resultando a morte de alguns de seus membros em plena Praça da Piedade
, a fim de servir de lição para qualquer outro negro que se insurgisse contra o
regime Português.
Revolta dos alfaiates: ficou conhecida por que dois de seus mártires exerciam a profissão de
alfaiate. Alguns líderes exerciam este ofício, sendo grande as
dimensões atingidas quando falamos dos objetivos politicos dada a participação
das classes subalternas da sociedade soteropolitana constitutiva da época. Com
idéias de mudanças sociais, defendiam a emancipação política da Bahia através do rompimento do pacto
colonial; almejavam também a abolição dos privilégios vigentes que
garantissem a igualdade entre os homens, de diferentes raças e cor, e o fim
da escravidão. O principal motivo para essa revolta acontecer foi a sua fundamentação
como um movimento de revolta popular radical com ligações às condições sociais
e econômicas do Recôncavo baiano, tendo seu agravamento pelos inúmeros motins e
rebeliões populares onde ocorreram freqüentes invasões a armazéns de alimentos
por populares e saques. É importante
lembrar que essas mudanças foram influenciadas por outros movimentos sociais
que eclodiram no mundo nesse mesmo período, a exemplo da França.
Movimento revolucionário: foi trabalhado
pelo historiador Luis Henrique Tavares em seu cárcere nos anos da Ditadura
Militar brasileira, tendo sua prisão decretada por causa desse
projeto, ele trabalhou em 1975 e escreveu a ” História da Sedição Intentada na
Bahia em 1798”
por que o período histórico era diferente, pois eles não escapariam mais dos
boletins, tendo ocorrido no território
Baiano e buscava o fim da dominação portuguesa na Bahia para a criação da
República Baiense, destacou-se por ser o pioneira na idéia de criação de uma
República que daria liberdade aos escravos, fato explicado por ser 80% da população baiana formada por negros.
Outra causa desse movimento foi a
decadência da Bahia quando Salvador perdeu a posição de capital da
Colônia para o Rio de Janeiro; onde a
fome e a miséria passou a reinar na região. A situação econômica se tornava
cada vez pior, devido a alta de preço
dos alimentos cobrados pelos comerciantes portugueses, já que a população pobre não tinha como
comprá-los por preços tão elevados. Era
inevitável os saques em armazéns e comércios da cidade e, mesmo com a pobreza
generalizada na região, a metrópole continuava com a cobrança de impostos, o
que ocasionou graves tensões sociais.
1ª Revolução Social Brasileira: O historiador Afonso Rui de Souza lançou sua primeira edição em 1942 no período em que o Brasil saiu da Ditadura do Estado Novo, sendo ele perseguido pela ditadura do governo Vargas, o autor faz uma relação dos governos ditatoriais identificando o movimento trabalhador lento e persistente da massa dominadora, instituindo as melhorias ao nosso povo.
Movimento democrático baiano: Foi um projeto da historiadora Kátia Mattoso, que por sua vez analisou os boletins comparando-os aos discursos franceses, ela intitularia posteriormente o Movimento Democrático Baiano de 1798 por falar dos autores e das obras brasileiras através da relação com o movimento baiano e o movimento francês ocasionado pela Revolução Francesa. Este movimento se destacaria ainda pelo elevado número de negros e mulatos, na sua maioria influenciados pela cultura africana.
Independente do nome,
constatamos que o resultado mesmo que um pouco parte,
seria o sonho desses libertinos em parte realizados, os demais requeridos
viriam paulatinamente com a proclamação da República mesmo que vagarosos e
lentos; a nação brasileira ainda não atingiu o apogeu dos desejos desses muitos
mártires espalhados por todo o Brasil, mas aos poucos espera-se chegar muito
próximo dos ideais planejados e projetados pelos autores desses movimentos,
representados na contemporaneidade pela Bahia e todos os outros Estados,
cabendo a nós agradecer pelos feitos realizados por eles.
RESUMO DOS AUTORES E SUAS OBRAS
Conspiração Baiana de 1798 – Inácio Accioli e Brás do Amaral: Inácio Accioli de Cerqueira e Silva (1808-1865) nasceu em Coimbra e veio ainda criança para Salvador e depois para o Pará, onde seu pai Miguel Joaquim de Cerqueira e Silva foi nomeado juiz de fora, em 1818. Em 1822, aos quatorze anos, ocasiões das lutas da independência, Accioli e seu pai foram presos pela junta governativa do Pará e mandados para Lisboa. Em 1823, é libertado junto com seu pai pelo próprio D. João VI e mandado de volta para o Brasil.
Conspiração Baiana de 1798 – Inácio Accioli e Brás do Amaral: Inácio Accioli de Cerqueira e Silva (1808-1865) nasceu em Coimbra e veio ainda criança para Salvador e depois para o Pará, onde seu pai Miguel Joaquim de Cerqueira e Silva foi nomeado juiz de fora, em 1818. Em 1822, aos quatorze anos, ocasiões das lutas da independência, Accioli e seu pai foram presos pela junta governativa do Pará e mandados para Lisboa. Em 1823, é libertado junto com seu pai pelo próprio D. João VI e mandado de volta para o Brasil.
Cursou quase todo o curso de
direito em Coimbra. Foi
tenente coronel na província da Bahia, foi nomeado em 1836 diretor do Teatro
São João, por longo tempo, gozou de boa posição na Bahia em função de suas
publicações e de seus feitos militares, por ocasião da revolta de 1837
(Sabinada) eparticipou do IGHB, onde deu contribuições valiosas.
Sobre a análise
Conspiração Baiana de Inácio Accioli, é basicamente a primeira a relacionar os
“pasquins sediciosos” à revolta baiana de 1798, corroborando com a lógica do
poder de que apenas os médios e baixos setores da sociedade angariavam simpatia
pelos princípios revolucionários franceses.
Brás do Amaral |
O autorBrás do Amaral inicia sua analise afirmando que a revolta
baiana de 1798 era um movimento muito pouco conhecido porque os autores dos
compêndios históricos de sua época reproduziam o que os “outros já escreveram”
e como o gosto das investigações ainda não era corrente entre os historiadores,
“ficou esta tentativa de independência do Brasil, quase ignorada dos
brasileiros [...]”. Para o autor, entretanto,
“A Conjuração Baiana é episódio de notável relevo na vida
deste povo, porque constitui prova irrefutável de que se fazia um movimento com
instintos libertários em todo o país, nos fins do século XVIII e princípios do
século XIX, o qual apresenta três grandes expoentes, a saber: a Conspiração de
Minas Gerais em 1792, chamada também de Tiradentes, a conspiração da Bahia de
1798 e a revolução de Pernambuco de 1817. Vê-se que não devem ser isolados
estes três fatos, pois todos tiveram a mesma causa determinante”[1]
De acordo com a
análise do autor, a “conjuração baiana [...] já se revelou mais importante que
a primeira [Inconfidência Mineira]” porque ela é mais “digna de nota”, pois
demonstra uma
“fase mais
adiantada do movimento liberal e porque abrangeu um número muito maior de
implicados, o que prova a extensão que ia tomando o anseio de independência dos
nacionais, ainda demonstrando como se firmava a propaganda dos princípios de
liberdade, tanto civil como religiosa”.[2]
Affonso Rui de Souza |
Ele foi membro do IGHB, provavelmente
durante o período de 1940-1960. Foi autor de vários trabalhos sobre o seu
Estado natal, a Bahia; entre eles: A Revolução Social Brasileira – 1798; O
último governador da Bahia no século XVIII: a família Portugal e Castro; Pequeno
Guia das igrejas da Bahia; Evolução Histórica da Cidade do Salvador; Velhos Papéis
de Família: Ruy Barbosa e a revolução de 1893; O paço da Cidade; entre outros
trabalhos. Foi com a publicação de A primeira Revolução Social Brasileira(1798),
que Afonso Ruy nobilitou-se na historiografia nacional.
Movimento
Revolucionário Bahia de 1798 – Luis Henrique Tavares, foi preso por causa desse
projeto, ele trabalhou em 1975 e escreveu a História da Sedição Intentada na
Bahia em 1798 por que o período histórico era diferente, pois eles não
escapariam mais dos boletins.
Luis Henrique Dias Tavares |
Movimento
Democrático Baiano – Katia de Queirós Mattoso, ela analisa os boletins
comparando com os discursos franceses, ela intitula Movimento Democrático
Baiano de 1798 por falar dos autores e das obras brasileiras através da relação
com o movimento baiano e o movimento francês ocasionado pela Revolução
Francesa.
Katia Mattoso |
Livros: "Bahia no Século 19 - uma Província no Império"
(Nova Fronteira, 1992), "Ser Escravo no Brasil" (Brasiliense, 1982),
“Da Revolução dos Alfaiates à
riqueza dos baianos no século XIX”, “A Cidade do Salvador e seu Mercado no
Século XIX”, “Presença Francesa no Movimento Democrático Baiano de 1798” .
Conclusão: A conjuração baiana e suas
diversas denominações: Revolta dos Búzios, Revolta das Argolinhas, Revolta dos
Alfaiates, Movimento Revolucionário, 1ª Revolução Social Brasileira, dentre as
demais, serviu, entre outras coisas, para demonstrar o desejo de um povo por
uma democracia que invalidasse quaisquer gestos de autoritarismo, dando lugar a
novos valores que consolidassem a igualdade e fraternidade entre os povos.
Esse grande movimento baiano, de aspecto
nitidamente popular, apesar de refletir idéias políticas e sociais da Revolução
Francesa, pretendia abolir o preconceito de cor, libertar-se das amarras da
metrópole e, conseqüentemente da dependência político-administrativa da colônia
para com esta. Assim, tal movimento
tinha em seu bojo idéias de amplas dimensões sociais. A participação indireta
da maçonaria foi eficaz na intermediação do processo revolucionário, vez que,
deu marco a conjuração e, com a participação indireta do capitão Larcher,
francês, disposto a colaborar com a revolução baiana, rechaçou ainda mais a
repercussão que a Conjuração ganhara e o seu vigor no projeto de emancipação
política do povo baiano.
Contudo, apesar dos anseios de um povo pela
sua liberdade, pelo surgimento de novos rumos sociais de acordo com suas
convicções e de toda sua luta para conquistar o que desejavam, a elite
intelectual conspirava em silêncio para ceifar qualquer possibilidade de êxito
por parte dos que pleiteavam mudanças. As “idéias francesas” encontradas em
poder de alguns conspiradores foram confissões tácitas para se reprimir
violentamente e sentenciar os acusados.
A punição e condenação dos culpados, bem
como o esquartejamento de alguns para servir como exemplo aos que pretendiam
continuar lutando, não apenas sustou qualquer tipo de insurreição, como também
deixou registrado na memória das gerações seguintes a coragem de um povo na
luta pelos seus ideais. Os Boletins Sediciosos são símbolos da intenção dessa
gente em libertar-se de um poder opressor e conquistar a sua liberdade.
REFERÊNCIAS
AMARAL, Bras do. A Conspiração Republicana da
Bahia de 1798. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1926.
BUENO, Eduardo.Brasil: Uma História – a incrível
saga de um país. Ed. Ática, São Paulo.
MATTOSO, Kátia M. de Queiros. Da Revolução dos
Alfaiates à riqueza dos baianos no século XIX. Salvador: Corrupio, 2004
O desenho da bandeira da Conjuração Baiana foi
retirado do site de pesquisa Google: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Flag_Revolt_of_the_Tailors.svg>
Acesso em 29 nov. 2012, 18:35:30.
PESTANA, Mauricio. Revolta dos Búzios – Uma
História de Igualdade no Brasil. Ed.Escala, São Paulo. 2007. Pp: 7 – 22.
SOUZA, Affonso Ruy. A primeira revolução Social
brasileira de 1798. Salvador, Tipografia Beneditina 1951.
TAVARES, Luis Henrique Dias. 1926 – História da
Sedição intentada na Bahia em 1798: “A Conspiração dos Alfaiates”. São Paulo,
Ed. Pioneira; Brasília, INL, 1975. Pp: 1 – 112.
________________ Bahia 1798. São Paulo, Ed.
Ática S.A, 1995. Pp: 4 – 29.
________________ 1926 – História da Bahia / Luis
Henrique Dias Tavares. São Paulo: UNESP, Salvador: EDUFBA, 2001. Pp: 177 – 186.