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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

As identidades do Brasil


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"... como uma  princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil, um país que tinha tudo pra dar errado." Laurentino Gomes.

As identidades do Brasil

Varnhagen
Varnhagen - O autor fala em reescrever a história por duas razões:
Primeiro por causa da especificidade do objeto no contexto do conhecimento histórico dos homens e a sociedade no tempo, pelo fato deles serem temporais não se permitem um conhecimento total imediato.A história se torna temporal pelo que ela é. “A história não é transparente e não se deixa interpretar de imediato” (Reis, 1990), o autor fala da sua contemporaneidade embora sempre faça reflexões ainda em seu tempo. O historiador é conhecido como o “pássaro de minerva”, pois ele passa a noite examinando o dia, sendo que quanto mais longe do tempo ele estiver, mais observadora será a sua visão do passado.  O fato pode ser paliativo no seu tempo, mas no futuro ele terá a sua relevância, mesmo sendo importante e por ventura perder seu valor com o temp. a história reconstrói o conceito de documento entre a sua assimetria do passado e o futuro.

Por causa das mudanças do presente, o passado e o futuro estão constantemente em mudanças, sendo necessário reescrever a história, onde o passado espera ser modificado pelas experiências. “não há passado fixo, idêntico a ser esgotado pela história” (Reis, 1990), baseado nessa afirmação, o autor diz que cada geração elabora de seu modo particular o seu processo histórico. Para o historiador, o que importa é a idade interna da sociedade e sua relação com o presente, sempre em mudança: “estabelecendo seu passado e seu futuro” (Reis, 2007). O passado não é fixo, por isso as mudanças no futuro com suas especificidades originais condizentes com sua realidade, sendo necessário esse entendimento com o passado e pela escrita segundo Fevre-1992: “organizar o passado em função da história é organizar suas funções com o presente.

Segundo pelo fato da história ser escrita através do conhecimento efêmero que acompanha seu próprio processo no tempo; por esse motivo criam-se visões históricas regressivas, conservadoras e modernas, a renovação não exime o condicionamento da produção histórica do local e temporalidade em que se encontra. Há um engano em dizer que a verdadeira escola estabelece o conhecimento histórico em bases objetivas e cientificas, desvalorizando o historiador e suas interpretações anteriores, considerando os processos adotados como ultrapassados, equivocados, ideológicos e reacionários. Embora essas narrativas possam parecer paradoxais, elas são verdadeiras no seu tempo, podendo ser comparada a um caleidoscópio.

O conhecimento histórico e atravessado pela temporalização e não se fixa em verdades absolutas, cabendo ao historiador saber o que é mentira e o que é verdade, através de seu raciocínio frente aos problemas conceituais e documentais, fazendo isso, ele reconhecera o conhecimento histórico como o tempo da história da historiografia, acrescentada de novos processos e interpretações que seguramente retificariam o passado de seus erros pelos próprios desdobramentos da história. ‘O Brasil é conhecido pela sua interpretação através do conjunto de suas interpretações feitas em diferentes épocas, seria uma síntese total do reconhecimento recíproco e pelos seus contrastes. Segundo Ortega y Gasset - 1958: o filosofo que ignorar seus predecessores, também negara a história, o positivismo age sobre todos os seus predecessores sem diluí-los, mas conservando suas diferenças, “toda superação é negação, e toda verdadeira negação é uma forma de conservação”(Reis, 2007).

A data da obra fala muito sobre ela, essa idéia é defendida por autores em que dizem que o conhecimento histórico é ao mesmo tempo história da história; é justamente esse confronto de opiniões que torna a história do Brasil rica em seu contexto sobre as diferenças de tudo o que se conhece sobre o país. Tudo o que conhecemos sobre o Brasil foi construído sobre a sua totalidade de eventos, personagens, mentalidades, povos, configurando o futuro pelo presente, como uma síntese. Varhagen e Gilberto Freyre priorizaram o passado do Brasil ao futuro, preferindo o país na sua tradicionalidade e sua modernidade.
Capistrano via o Brasil com profunda relação com o passado, o futuro para ele: “seria uma nação livre, soberana, autônoma, habitada por um novo povo, com interesses e sentimentos singulares”

Caio Prado jr
Caio Prado jr apontava um Brasil com limites históricos e estruturais baseados.
FHC dizia que a estrutura brasileira apresentava mudanças pesarosas por causa de sua dependência com a realidade, considerando a época e suas perspectivas.    O historiador é o narrador do seu próprio sonho, essa narrativa seria o esforço de organização atribuída nesse sentido.  Essa narração é o esforço da interpretação do sonho da reconstrução e compreensão, a narração e o sonho não coincidem, mas isso também não quer dizer que são inúteis.

Anos 1850: Varnhagen – o elogio da colonização portuguesa. É conhecido como o pai da história brasileira, ele se contra pôs contra as idéias de Southey, pois este desprezava o Brasil dizia que seria uma nação que não daria certo por causa da mistura dos povos, das religiões e costumes causados pela escravidão e pela falta de agricultura. Varnhagen e seus amigos se revoltaram contra esse tipo de imagem que era colocada por desacreditar a imagem do país e diziam que a nação daria certo por ter sua matriz portuguesa e mais ainda por ser jovem seria um sucesso como futura nação. Os historiadores influenciados por Ranke, principalmente Capistrano, todos eles estavam adaptados com a nova realidade brasileira, sendo os pioneiros nos trabalhos arquivistas através do método critico e pelas histórias coletadas dos estrangeiros com documentos relativos ao Brasil.

Em 1841 Varnhagen adotou a cidadania brasileira e passou a integrar e trabalhar para a coroa portuguesa, defendendo com suas forças as armas e o imperador português, por causa disso, o IHGB foi criado e ficou aos cuidados de Varnhagen para contar através dos atos do príncipe a história da nova nação que despertava e assim poderia orgulhar-se de seu passado como referencia luso-brasileira.



Karl philipp von Martius
Varnhagen, IHGB e Karl philipp von Martius - A principal figura do “novo Brasil” ficaria na figura de Varnhagen no recém criado IHGB, pois o imperador dependia agora da historiografia e dos historiadores para legitimarem a jovem nação sob seus comandos como uma nação que estaria despontando para o sucesso, esse novo país porém precisaria de um passado de que pudesse se orgulhar e assim fortificar as bases de seu futuro, essas referencias estariam relacionadas as referencias portuguesas. Esse novo país precisava localizar-se físico e temporalmente, para isso, Varnhagen começou suas pesquisas através da geografia com tudo o que o Brasil ofereceria com suas terras e tudo o que habitaria e existiam nela, desde as cidades até localizações de rios, florestas, clima, etc., e historicamente eternizaria os fatos memoráveis para salvagardar-lhes do esquecimento, tudo isso seria publicado no Instituto de História de Paris.

Para que tudo isso desse certo, era preciso legitimar legalmente essa epopéia nas terras brasileiras, por isso muitos projetos foram elaborados para que isso acontecesse, com historiadores trabalhando para sua legitimação relacionada ao progresso brasileiro, em 1840 o IHGB lançou um projeto para quem elaborasse a melhor escrita sobre a terra brasilis, e foi  Karl philipp von Martius quem venceria essa nova empreitada para descrever o que ele definiria como identidade do país inicialmente as elites brasileiras e a mescla das raças. Para Karl philipp: “o português foi o inventor e motor do Brasil” (Reis, 2007) e partindo dessa premissa, o historiador iniciaria suas pesquisas a partir do interior brasileiro no modo de vida colonial baseado nas suas vivencias e o relacionamento com os escravos, a religião, escolas, a modernidade das construções e o comercio.

Ele deu ênfase ao índio e posteriormente ao negro, mesmo que despercebidamente, segundo ele o Brasil não seria o Brasil sem a presença do negro escravo, suas idéias foram corroboradas com Gilberto Freire com o lançamento de Casa Grande e Senzala.  Von Martius trabalharia a mistura das raças como a unidade formadora da nação brasileira privilegiando discretamente o branco, ele ainda assim defendia a idéia da miscigenação das raças como unidade brasileira, e com tantas diversidades de clima, economia, extensão território ele dizia que tudo isso deveria ser explorado em blocos que comporia um todo na construção do Brasil baseando-se justamente em todas essas diferenças. Por esse modelo de pesquisa, as distancias se tornariam menores e ele faria isso viajando por todo o país através das províncias recolhendo dados para melhor administração do Brasil numa visão global. Esse tipo de informação serviria para dar mais força ao país recém criado; historias seriam criadas, não encima de batalhas, exploração, massacres, mas uma força que definisse a imponência de sua força como nação.

Capistrano de Abeu
Críticos de Varnhagen - N. Odália dizia que Varnhagen teria feito escrito uma história monótona sem mostrar todo: “dramático das tensões e opções”, suas observações seriam consideradas áridas e distantes da realidade brasileira, e todas as analises anteriores seriam superficiais.
Capistrano faria algumas colocações onde lamentava pelo fato de Varnhagen não ter trabalhado a sociedade num todo, com seu outro lado carente e amigo, pecando em informações que poderiam enriquecer ainda mais os documentos na construção dos fatos, por esse motivo ele não pode concluir seu trabalho com mais precisão e compreensão; Varnhagen era influenciado por Comte e Spencer para a idealização do Brasil na racionalidade como  nação. Os problemas que os historiadores enfrentavam problemas no período de 1850 por causa da transição do império para a republica, pois tinham que saber como atuar nesta questão em que o povo ainda era incutido de idéias da escravidão e exploração social e étnica; era preciso criar o novo brasileiro como cidadão, e mesmo sob todas essas mudanças na mistura de raças, o branco ainda seria o que imperava sobre a sociedade. O país desejava ser uma nação democrática, mas sob o jogo da coroa portuguesa, pois essa ara a referencia que se tinha da nova identidade brasileira, ou seja, o Brasil negaria toda a população nativa e indesejada e vangloriaria o branco e a aristocracia elitista da época, sem medo algum de reprimir seu lado brasileiro.
Branqueamento racial e cultural
Para Varnhagen o herói brasileiro deveria ser feito pelos grandes personagens, reis, guerreiros, príncipes, quem não se encaixasse nesse perfil, seria certamente sinônimo de problemas e seriam pessoas que atrasariam todo o progresso do país. Era considerado um adulador da nobreza e um juiz severo das classes inferiores. Embora fosse visto como preconceituoso, ele era visto como o idealizador do pensamento dominante do século XIX, não sendo claro em relação a dados, datas, referencias e quando ele reverenciava a colonização brasileira, ele o fazia em nome dos portugueses que aqui desembarcaram. Para Varnhagen o branco seria o portador de tudo o que se constituiria como soberano, e aos perdedores sobraria somente a escravidão, repressão, onde o a miscigenação só daria certo s houvesse o branqueamento racial e cultural.

A obra: História Geral do Brasil (1854 -857) - A natureza selvagem brasileira: seria o novo palco da colonização, e o nome Brasil teria sua origem na mata nativa por causa da tinta vermelha que se extrairia para a colorização, o país recém descoberto era de proporções continentais com toda a sua beleza em suas florestas, e com suas terras calmas quase sem as intempéries da natureza, sendo vasto na sua exuberância com todos os tipos de fauna e flora, sendo que eram específicos das Américas, Vanhagen exaltava essa exuberância e falava a todos sobre essa nova terra.

Os indígenas: eram descritos pelo mais absoluto esteriotipismo europeu, era descrito somente seu lado selvagem, como sendo exuberantes e sem riquezas, um bando de nômades e violentos sem patriotismo algum, só falavam um dialeto podendo facilmente compor uma nação pelo idioma se fossem organizados; o mesmo vigor do corpo não era visto no espírito, mas ainda assim havia poesia neles.

A “descoberta do Brasil”: o branco proferia as palavras que graças a eles, esses povos seriam abençoados pelo fato deles serem os que trariam luz a sua ignorância, pois eles não tinham território, eram errantes e não tinham paz de espírito, esse era o Brasil antes do português, esse passado deveria ser esquecido e imperaria somente o pregresso a partir daquele momento como nação brasileira, tudo o que era antes da chegada o colonizador deveria ser esquecido, pois representava o flagelo da imundice.

O que motivou os portugueses em permanecer na nova colônia descoberta foi o comércio com o oriente, o espírito evangelizador, guerras comerciais e santas, primeiro entre europeus e depois contra os muçulmanos. Essas guerras santas se fizeram por duas controvérsias: primeiro a Europa deveria libertar somente os locais sagrados dessa religião e expulsar os infiéis para regiões cada vez mais próximas da África ou oriente e assim o fez e a segunda foi chegar as índias sem passar pelos árabes, a primeira opção trouxe Colombo as Américas e nesse ponto os portugueses foram mais gloriosos no sentido de terem mais sorte e menos custos nas viagens. Vasco da Gama e Cabral foram alguns dos heróis descritos por Varnhagen responsáveis pelo novo território português nessa galeria de nobres.

O trajeto percorrido por Cabral até aqui na verdade ocorreu por um erro de trajeto, e ao desembarcar em terras brasileiras teria se deparado com esse cenário paradisíaco, a partir desse momento é que a história do Brasil começaria propriamente dita, tudo o que aconteceu antes desse episódio teria sido somente o preparo do terreno para sua vinda. O comercio com a Ásia ofereceria um retorno mais rápido, porém as pressões estrangeiras fariam o governo português iniciar a idéia de colonização para proteger o que era seu para não perder para os invasores estrangeiros. O que ocorria então era que na Europa o rei concentrava poderes, nas colônias o rei cedia poderes. Os portugueses começaram a interagir com a população local e iniciaram a mistura das culturas com o índio como dormir em redes, tomar banhos diários, pescavam, caçavam e principalmente se acasalavam com as índias, pois para elas, o português era mais viril que o índio, transformaram-se assim em polígamos, por isso a mulher passou a ser o elemento de fusão das culturas portuguesa e tupi nascendo os mamelucos e os curibocas.
A vitória portuguesa contra franceses e holandeses: esses dois povos não estavam tão convencidos sobre o domínio português nas terras brasileiras, e consideravam-na tão deles quanto aos lusos, as capitanias não estavam sendo eficientes, por isso colocaram donatários nessas capitanias, e dentre eles os que se destacaram foram: Tomé de Souza, Duarte da Costa e Mem de Sá. Varhagen baseado nisso fazia apologias a guerra no caso dos franceses para encorajar os soldados da jovem pátria a lutarem pela sua soberania, sendo que seus laços seria intimamente fortalecidos pela união da defesa nacional,  garantindo a soberania da defesa nacional, apesar disso tudo, o governo era fraco, corrupto e ineficaz, legando quase que total aos franceses a cidade do Rio de Janeiro.
No caso dos holandeses essa força se consolidaria em Salvador e Pernambuco, pois o temor era de aproximar o escravo e o índio aos estrangeiros, nesse ínterim, aumentaria ainda mais as desavenças dos católicos contra os judeus protestantes. Essas disputas tiveram seu lado progressista, pois trouxeram a energia e o progresso aos povos considerados preguiçosos. Após esses eventos, a consolidação do Brasil se fez definitivamente, e também estabeleceram sua soberania total sobre os índios e os negros.
Os negros e a escravidão: o trafico negreiro segundo Varnhagen havia sido prejudicial para o Brasil por causa da sujeira e da imundice dos engenhos as cidades brasileiras, emporcalhando-as com sua sujeira dos engenhos de negrarias; a escravidão era injusta por ser desumana, pois eram separado de suas famílias e de seu Estado, e mesmo assim deveriam “agradecer” por serem “agraciados” pelo cristianismo, por cauda desse fato, a América seria melhor do que a África, pois os negros seria superiores na força física e poderiam suportar mais as intempéries do colonizador, mas isso não diminuiria o abuso, os vestuários maltrapilhos.
Von Martiu
Para Von Martius o Brasil poderia ter dado certo sem o negros, segundo ele, teria sido melhor, e a colonização africana teria sido um erro na colônia portuguesa, junto com o índio  que seria protegido e mimado pelos jesuítas, sendo que eles também utilizavam os índias como escravos e mesmo assim a colônia teria caído  na míngua, sendo necessário a importação de escravos. Não só a presença do negro desagradava o Brasil, mas sim o sistema de escravidão, e nessa situação, ele não poderia ser considerado um luso-brasileiro.
A família real e a independência: para Varnhagen, o Brasil nunca se desligou de Portugal como a metrópole sempre amparou a colônia, mesmo depois de independente, ambos se mereciam e se a metrópole por sua vez agiu de maneira arbitraria agressiva e opressora, foi por uma “boa causa”, pois o Brasil não seria isso que é hoje se não tivessem agido daquela maneira: “não era o governo central que errava, mas os governos locais com sua excessiva liberdade” (Reis, 2007). Toda forma de rebeldia era severamente punida, e o caso mais famoso foi de Tiradentes, considerado um sujeito feio, antipático, pobre, sem respeito e louco a ponto de seus comparsas não se compararem a ele. Isso no século XVIII era visto como desrespeito ao rei, uma “verdadeira maldade”.
As revoluções que ocorreram nesse período foram punidas com as devidas leis e eram consideradas verdadeiros abortos para a coroa portuguesa, sendo considerados piores ainda do que Tiradentes. Todas essas revoluções ocorria por causa das idéias iluministas da revolução francesa e esse foi um dos motivos da vinda da família real a colônia que recebera de braços abertos. A situação da coroa portuguesa estava complicada, pois o país estava em guerra e sobrevivia dos impostos arrecadados, além da independência do Brasil ser idéia do próprio príncipe regente; em 1808 com a abertura dos portos para as nações amigas, elevaria o Brasil a frente das colônias latinas para a sua independência, sendo algo incomum, pois a independência brasileira foi feita pela própria coroa portuguesa, a contra gosto da elite portuguesa pois desejava que o Brasil continuasse sua colônia, mas isso não deu certo, pois foi o príncipe português que liderou os súditos para a proclamação da sua independência garantindo assim ao recém país formado o status de Brasil português. Darcy Ribeiro reconheceu as velhas classes o elo para evitar a fragmentação disso, mesmo esse processo ter sido violento, foi essencial para a consolidação da nação brasileira.


Varnhagen e a “verdadeira história” - A verdade para o luso-alemao só apareceria ao reunir o maior numero de testemunhas de fatos já ocorridos, e o maior dissabor para o historiador seria capitular covardemente contra as próprias convicções. “A linearidade não representaria um ruptura com o passado e o predomínio do futuro sobre o presente” (Reis, 2007), onde a critica documental não se oporia a tradição, mas sim resgataria e livraria da mentira e da crise. A critica de Varnhagen era sobre ele não dominar aquilo que o historiador considera como a tarefa essencial: recortar um período para se trabalhar, isso facilitaria o domínio e a compreensão da vida social.
Ele é criticado por falhar na organização temporal da história do Brasil, Capistrano diz que sua obra é pobre na periodização, e que privilegia o tempo todo o tempo datado, a cronologia pequena e a cronologia não temática, ele não conseguiu perceber isso o tempo todo e isso atrapalharia o seu trabalho, fugindo dos detalhes deixando lacunas em aberto, faltou-lhe na verdade uma visão de conjunto que só uma periodização bem feita poderia produzir.
Capistrano propõe uma correção em seu trabalho através de uma divisão em seis conjuntos, para ele, só assim se poderia corrigir os erros de sua obra no IHGB, mesmo não sendo uma tarefa fácil, isso não seria problema para o historiador, pois mesmo que ingenuamente Varnhagem poderia ter produzido uma obra geral e completa.   

* IHGB: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro  

sábado, 26 de janeiro de 2013

História cultural

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" A História é um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um acordo". Napoleão Bonaparte.

A História da Cultura e a História Cultural iniciam no séc. XIX, com os românticos e ficam as margens da hegemonização da História Metódica; a História Cultural (artes e literatura) na perspectiva da Cultura Erudita: fontes e todas as suas abordagens. A enumeração do conceito de Cultura Popular e o deslocamento dos sujeitos cognicentes: do folclore a cultura popular, fontes, abordagens e possibilidades, tradições regionais e as suas denominações, mentalidades imaginarias, utilização mental, tradição, cultura da civilização, etc... e a relação com a história cultural com a antropologia, abordagem geral dos anos 60/70 e as incorporações dos conceitos antropológicos de cultura e as abordagens históricas: o conceito geertiziano de cultura e as preposições da NHC (Nova História Cultural): descrições densas, a NHC, o retorno e a abordagem das clivagens sociais e dos conflitos, os conceitos de: representação cultural, praticas, apropriações, abordagens micro históricas - italiano das fontes e das temporalidades: o conceito de Circularidade Cultural, o conceito de Classes Dominantes, o conceito de Classes Subalternas e a ação de escolas.

Hobsbawm


Da História Cultural – Hobsbawm: sobre a história: história Cultural: pode ser tudo e pode não ser nada, o autor se identifica no período da idade moderna no séc. XVI – XIX com a relação de poder; a NHC não é uma invenção dos anos 60, é um documento onde se argumenta que sempre existiu como preocupação histórica do século passado. Os românticos amargavam ao ostracismo pela escola metódica ou positiva, na sua forma de escrever a história com o historiador fazendo o papel de neutro e distante. 



A Revolução Francesa
A revolução francesa era a construção histórica positiva, onde diversos processos de nacionalidade e sentimentos se faziam presentes no evento, tal como sentimento de patriotismo ou ainda quando no Brasil se fez presente com José de Alencar e Gonçalves Dias. Alguns ficaram esquecidos por irem de encontro à historiografia vigente, seria diferente se fosse neutro ou com interesses diferentes dos seus ou sem esses interesses; a história cultural era a HC individual e se estabelecia a cultura erudita das classes letradas no sentido das artes, pinturas, e expressões artísticas: Filosofia e Cultura: quais eram as fontes usadas na cultura? Quais os problemas com a história cultural? A história tomaria como objeto de pesquisa a cultura, a arte e as ciências; começava a discussão do conhecimento histórico.

Retorno da Idade Média e o Renascimento: as fontes abordadas no erudito e na HC das atitudes e registros de história eram uma amplitude das fontes, apesar de alguns autores restringirem esse tipo de fonte por considerarem fontes não confiáveis, o historiador buscava apenas os processos entre a história (de Heródoto) e a história das testemunhas diretas, do fato. O historiador é um mestre de verdade e da verdade, pois ele da uma lição de cultura tanto na história da cultura como na história cultural, sendo testemunha dos registros não intencionais, por exemplo, o retrato, a estatua ou a foto, não tinham intencionalidades, a fonte é um complemento confiável pois registra aspectos de modos que só outra pessoa descobrirá as informações contidas nele, isso significa um momento por trás daquele suporte. A HC é sempre impossível sob o olhar do historiador. 

A história serial da década de 60 foi evoluindo até hoje, acompanhando a história das mentalidades onde pensava-se, sentia-se e vivia-se a história social, ela uniu-se a história monumental na documentação arquivistica a abordagem serial onde o historiador tratava a fonte como ela não sendo serial. Para o historiador receber uma documentação o tratamento era criar um problema e usar essa documentação arquivistica para defrontar o problema do estudo, como a cronológica, quem respondeu o documento? Qual a documentação da secretaria da saúde, qual era o tipo de documento, qual o tipo de remédio, entrada e saída de pacientes.

A abordagem nominativa era uma serie que comprovava a outra como a série referencial a sexo, série referencial a origem, série referencial a idade, série referencial a cor, série referencial a instrução, série referencial a ocupação; criou-se uma seriação nominativa na história das mentalidades relacionadas à demografia, afastando a impressão pejorativa de que ela era impressionista. A subjetividade estava presente na escolha da analise e escrita da narrativa.
A HC (História Cultural) fazia uma analise de tipos: Analise de textos ou analise de conteúdo. As palavras na história apontam as mentalidades de uma época, a filologia literária só analisava o texto em como entender a compreensão dessas mentalidades. 



José de Alencar
A fala cotidiana e o uso da construção nem certo período histórico sempre foi diferente em todos os períodos, por exemplo, os textos de Machado de Assis na expectativa de seus personagens apontando um período do tempo em que viviam ou os textos de José de Alencar no 2° império no inicio da sociedade feudal que era igual à sociedade de exploração, onde retinham a tiravam o que havia de melhor na localidade.



Marx X Engels falavam de superestrutura (ideologia), estrutura e alienação, a Ideologia, a infra-estrutura não se separa da estrutura, esta era baseada na vida social de alienação, a alienação era o ponto onde o sujeito não se enxergava mais e acreditava no sujeito; Thompsom dizia que não se podia compreender uma classe social sem se corresponder com a construção da cultura. Cada sociedade vive através de sua cultura, as operações de infra estrutura e super estrutura no marxismo eram maoístas e stalinistas;

Thompson falava ainda que o stalinismo ocorria por causa de sua natureza polêmica, como marxista, e a linguagem de opressão não era uma lógica, a linguagem era a das colônias como soluções das almas perdidas pelo fato das sociedades não serem homogêneas. Estudava-se os diversos caminhos, os vários segmentos da circularidade cultural e a tradição era uma concepção de cultura que apontava as formas de expressão da cultura e sua retomada, pois assim se alcançaria o processo histórico e a formação da cultura seria com o objetivo de se formar a história cultural como processo histórico e não sendo mais expresso em cultura ligado a sociedade; a cultura expressaria o meio se ela fosse o objeto de pesquisa inicialmente, o historiador não estudaria mais o objeto da cultura e sim a própria cultura.

Tradição: é uma concepção de cultura que aponta as formas de expressão da cultura e sua retomada, pois assim se alcançaria o processo histórico e a cultura seria aprovada como objeto da história cultural como processo histórico não sendo mais expressos ligando a cultura à sociedade. A cultura é a expressão social de coletividade, não é o objeto de pesquisa inicialmente, o historiador não estuda o objeto da cultura e sim a cultura.

O que é cultura popular? Cultura erudita: literatura clássica - Cultura popular: é formada pela camada popular, é o folclore, por exemplo, festividades ou expressão de cultura popular: folcloristas.

O que é popular? O que é o povo? É uma relação complementar ao que não é erudito, que por seu ver, a classe erudita também não se mistura; a subcultura quando não registrada, silencia o homem, e neste caso deve-se fazer uma comparação e nesse silencio encontrar a fala do feminino. Antropologia histórica é a jornada do homem, na sua cultura polissêmica com suas variáveis significando uma aproximação dos antropólogos. A cultura é um objeto, uma necessidade que é transformada pela escola e sociedade, significando algo representado e interpretado como um sistema de significados e signos; o antropólogo busca o significado na e das coisas. As mulheres fazem parte do contexto social por causa da praticidade pátrio-familiar ou linear do poder patriarcal, o bem era trocado por que as mulheres eram reprodutoras da vida. 

O papel masculino no trabalho era predominantemente dele, a mulher sempre ficou em segundo plano. No Brasil 1/3 eram propiciados pelas mães, pois o numero de crianças sem a presença masculina do pai era enorme, por isso a estrutura familiar sempre ficou a cargo da mulher, esse tipo de comportamento permitia fazer uma analise dessas famílias desde o passado. Quando a família não tinha filhos homens, o registro da família ficava com a mulher, em certas sociedades eram feitos certos rituais representados pela purificação e isso significava mais poder, essa pratica ocorria desde a antiguidade passando pelo mundo feudal. A forma do antropólogo estudar pequenas sociedades aumenta as chances de se fazer um bom trabalho, delimitando esse estudo para um grupo individual, o resultado será melhor do que se fosse estudado em um grupo maior. 

Keith Thomas estudava as nações pelo poder desempenhado a elas no séc. XVII na Inglaterra, pelo qual os reis dramaturgos demonstravam sua relação com o poder e a igreja, fazendo com que esses rituais chegassem a nobreza, isso significava eliminar com os protestantes e o cristianismo ao mesmo tempo, resultando em uma violência sem pressupostos na história dessas nações. A pré- colonização das praticas e rituais da sociedade francesa dos séc. XVII – XVIII, a ritualização do “rei sol” ocorreria desde que fosse uma característica no qual ele seria coroado até o final da coroação.

O que é história social? Da história social a história da sociedade.
Hobsbawn, 1964, era de família intelectual inglesa, nasceu no Cairo, foi um historiador marxista e se propôs a refletir a trajetória da historiografia social, o texto discute na trajetória da história social como a mais estudada na sociedade. O autor diz que é um tema impreciso que obriga a história voltar para as questões sociais, era o sinônimo dos movimentos sociais enquanto o campo de pesquisa para o historiador caracterizava uma linha historiográfica como o movimento operário, o movimento de resistência e o controle de atividades. 

A história social e a história econômica andavam juntas nos campos historiográficos explorando antes da primeira guerra mundial até os anos 40, além de a história política ser focada de baixo para cima. Marc Bloch dizia que o fato histórico era também um fato social no contexto da sociedade e o seu papel social. A história teria vários significados: vida marcaria a vida de todos, a análise dizia que o historiador viveria a vida e por causa disso faria uma analise da história, da ciência, a reflexão e as oficinas. 

Os acontecimentos que produziriam o fato histórico a partir de agora, porém tudo estava atrelado ao:
Fato histórico: que era passível de uma analise, pois todo acontecimento tinha a probabilidade de se tornar um fato histórico, mas nem todo fato seria histórico.

Subjetividade:era um tema escolhido pelo historiador através de um processo histórico restringindo num conjunto de acontecimentos que posteriormente se tornaria um fato histórico. O que mudaria seria a analise e não a existência, tudo muda, mesmo com novas diferenças e semelhanças.Qual o fazer do historiador histórico com os elementos e tendências de conjuntos na história social? Todo escravo era negro, mas nem todo negro era escravo, a história social de forma sistemática na década de 50 foi à história positivista perante a história econômica e o nascimento da história demográfica e das mentalidades que se fariam presentes pelas grandes idéias nas artes. No Brasil houve uma espécie de feudalismo endógeno (interior) após o “feudalismo” europeu ocidental: coronelismo, grilismo ou o mandalismo, eram expressões feudalistas tardias no Brasil. 

O que não se enquadraria nesse modelo era considerado resíduo solto, cada grupo tinha seu processo político; os historiadores tinham contato com a base social nas suas pesquisas, a história social se desenvolveu com a antropologia social inglesa e os simpatizantes marxistas no sentido de considerar o trabalho pontos chaves para o entendimento da sociedade. Para se fazer a história social não adiantava apenas se aproximar da antropologia, era preciso que os historiadores estivessem se propondo a usar seus temas, tal como o modelo de produção, a força social  e o estudo de rituais, eram estudos em conjuntos e práticas. O historiador tem as suas próprias técnicas de estudo, relatando, observando, estudando com técnicas e metodologias como qual foi a fonte? Qual foi o objeto estudado ou ainda qual foi a sociedade observada?

O historiador tem todo um tratamento nas suas fontes com um olhar sempre rankiano, cuidando para essas fontes buscar a sua verdade e um novo conjunto de informações e depois disponibilizá-las para outros historiadores fazer uso desses documentos, se ele já tem um percalço, ele deve incorporar novas técnicas antropológicas de outros estudos adaptando interesses específicos a ele, por exemplo, a família (há uma mudança temporal, ela muda o tempo todo: pólos exóticos e urbanos.



Como se escreve a história da sociedade? Não há modelos, história é história por que tem dimensões com o tempo cronológico real, os fatos partiriam dos acontecimentos através de suas peculiaridades com as possibilidades de mudanças ou não; seria pela união das pessoas e teria que ter uma ordem e um tema para problematizar esse tema, sendo necessário um núcleo que sustentasse esse suporte. A conversão era uma forma de estratégia em comum com o que se estava trabalhando, era necessário haver um projeto de pesquisas com o conceito de diferentes classes e entre essas classes ter um verticalismo e um horizontalismo.

Diferenças da História experimental, história da realidade e as diferenças de como se faz a produção cientifica, histórica e historiográfica. História: realidade vivida  ≠ história: ciência / persuasão, ou seja é ± produção histórica ou ± produção historiográfica, isso significa: analise, investigação / estetização a partir das fontes, reflexão / problematização e sistematização. 

O IHGB foi criado em 1838, o Brasil tentava se reconstruir baseado no IHGB, por isso ele foi criado através da sistematização do conhecimento histórico através da diplomacia arquivistica e também com o dispositivo de despertar a memória do povo e a centralização dos estudos brasileiros. A história foi criada através dos letratos formados na Europa, onde Vanhagem fazia parte, a memória era social e se expressava sobre a tradição da oralidade, no mundo ocidental a história sempre foi o suporte da escrita e se constituía por pessoas preparadas nos cursos em formações dos historiadores. 

Os historiadores do séc. XIX     não eram historiadores formados, eram estudiosos, médicos, religiosos e traziam para a historiografia a pratica de aproximar os métodos permitindo a história entrar no mundo acadêmico. A historiografia propôs um concurso sobre como escrever a história do Brasil: 1º escrever a história (organizar as fontes) de forma sistematizada, 2° (foi a ganhadora) trazer o método natural onde se classificariam a partir das raças que formariam o grupo social.

As espécies que formam um povo são as raças, p. ex: raça africana ou moura, são um conjunto de gêneros que partem de um mesmo grupo, as raças: branca  (colonizou), vermelha (conhecia a terra) e o etíope ou negra (possuía força física). Vanhagem se apropriou dessa idéia para escrever a história do Brasil, anos depois foi criticado como uma continuação do governo português. A idéia de miscigenação era sempre abortada; o IHGB   tinha seus olhares voltados para a escravidão, para os rebeldes, malês, indígenas, cangaço, sempre com um olhar de cima para baixo, iniciava-se nesse ponto a interdisciplinidade da época. Francisco Gê Acayba de Montezuma era pardo, baiano e deputado a Câmara da Corte.

Todo rankiano apresenta suas fontes de forma erudita.  

Capistrano de Abreu
Capistrano de Abreu - A historiografia é a base da nova fundamentação aproximando a história positivista, contribuindo uma a outra que caminham para o desenvolvimento para priorizar os governantes e os heróis, além do povo como elemento histórico. Jules Michelet escrevia a história da Revolução Francesa onde trazia o calor, o sentimento do povo, defendendo a emoção das opiniões. Havia os trabalhos da sociologia baseia-se em Durkheim buscando as leis, regras, estéticas e transformações da historiografia em ciências, onde trabalhava com enquetes e entrevistas expressas em subjetividades e opiniões do mundo, apresentava dados em forma quantitativa e criaram-se categorias percentuais nas pesquisas que foram responsáveis por diversos segmentos de classes, acúmulos de lucros, costumes com acesso as riquezas.

Capistrano de Abreu foi influenciado pela sociologia, onde trabalhava a heurística e a hermenêutica (não era interpretação e sim a leitura do documento), a critica era de que a verdade estava na estrutura do documento, toda história do percurso era o principal trabalhada pelo historiador, isso não representava a verdade absoluta, pois a narrativa estava presa a esse documento. A sociologia e a antropologia se completavam uma a outra, sendo que a antropologia completava as lacunas deixadas pelos trabalhos. 

O auge da religião seria o ponto alto até o regresso da religião primitiva, refletindo o mito romano (no sentido da narrativa) ao passo que mostrava a evolução da magia da religião pela ciência. Tomavam relatos dos viajantes que eram uma forma de antropologia e falavam sobre os outros e ouvia-se também para preencher as lacunas do documento deixado em aberto. A sociologia seria co irmã onde citaria as referencias para contribuir com a narrativa histórica, a historiografia fazia parte da cultura brasileira. Capistrano de Abreu foi o precursor deste século em relação a esse tipo de pesquisa.



Gilberto Freire
Gilberto Freire dizia que o Brasil não tinha preconceitos de relação de classe e sim de raça, adiantando-se em 30 anos na história dos annales, era preciso ter cuidado de fazer a leitura dos autores pois elas revelavam a mentalidade da época; os bacharéis em direito eram até a metade do séc. XIX eram “de cor”, eram mestiços, pardos e isso seria um fator de desaprovação ao poder por essa causa. Capistrano falava das três matrizes brasileiras e dentre eles se destacavam o indigna como resultado o mameluco e o mestiço, mais do que estudar a ação do povo em movimento, da interiorização da colônia, ampliando teoricamente e juridicamente no território da colônia brasileira sendo eles responsáveis pela interiorização e construção do Brasil, desbravando-o e deixando de lado as potencias. A pureza de sangue era ironizada aos povos judeus, ciganos, islâmicos, negros da Guiné, sendo considerados passiveis de contaminação ao branco

História da Biblioteca Nacional - A historiografia brasileira do final do séc. XIX, era inspirada pelo método cientifico, porém incorporava a preposição positivista de que o historiador deveria ir além do simples catalogar das fontes, ele deveria escrever uma narrativa informado pelas ciências auxiliares: ciências sociais, antropológicas, políticas e as sociológicas: traziam para o trabalho do historiador onde discutiriam o caráter dos povos em foco da produção etnológica e descreveria nos seus estudos os índios. A antropologia evolucionista era linear do progresso entre a assimetria da sociedade, fazendo afirmações que hoje soariam como preconceituosas. Capistrano de Abreu era metodológico e ampliaria a percepção do historiador.

D. Pedro II
Contradiçõe:
1ª Fase: atuava como professor no colégio D. Pedro II
2ª Fase: foi considerado o pai da historiografia moderna (no sentido novo), era ao mesmo tempo pelo método junguiano, depois passou a ser inovador ao novos temas.

Os dois momentos do trabalho historiográfico de Capistrano de Abreu, em 1883: concurso para professor no colégio D. Pedro II, era um historiador “positivista” adepto ao método rankiano e por causa disso partira para dias etapas: 
1ª etapa: heurística
2ª etapa: hermenêutica. 
Havia uma critica a história positiva por ela ser acusada de ser neutra e distante da ideologia, porém se fazia presente mesmo negando as coisas. Capistrano considerava as fontes e dessa escolha o fez aos portugueses, ele porém não reconheceria isso no momento.

O descobrimento do Brasil - etapa da crise documental heurística: a concepção clássica advinha desde a Idade Média onde se escreveriam as memórias dos annales. A documentação moderna se fazia pelo método cientifico positivista, era ligado a grupos dominantes que priorizavam a história mas não a empregavam mais assim, teria que ser um profissional que faria essa transformação histórica em ciências e o historiador em profissional. Ser professor de história era trabalhar os arquivos e as possibilidades históricas. 

Historiadores franceses


O século XX foi criticado pelo seu método positivista, sendo influenciado por Bloch e Febvre, na historiografia positivista só havia uma verdade única e absoluta; o objeto de seu trabalho era quem havia descoberto o Brasil, as fontes eram espanholas, francesas e portuguesas, os historiadores franceses apresentavam argumentos históricos geográficos para justificar a sua presença; Capistrano começou desmistificar isso, a ideologia se fazia presente pela península ibérica, os documentos eram oitivos, baseados na oralidade.



Pedro Alvares Cabral
O historiador metódico não desconhecia a existência da memória, eles negavam o objeto por que não eram positivistas, por exemplo, uma testemunha não tinha a mesma validade do que ouvir o relato original; Pinzon não era oficial, Cabral tinha a legitimidade de ser um oficial da esquadra espanhola portuguesa, metodologicamente falando, foram os portugueses que nos “descobriram” teoricamente. Ante a contradição eliminava-se o documento, a metodologia adotada por Capistrano era: método da testemunha, contradição do documento e número maior de documentos, iriam para o historiador metodicamente a memória era um perigo, por isso fazia parte da humanística do documento. 

Positivismo de Auguste Comte
Havia uma critica da memória por que ela precisava ser “fresca” e se preocupava com o historiador; Capistrano de Abreu deu inicio no Brasil o acesso do historiador ao positivismo, baseado na sociologia etnográfica, escrevendo um texto onde circularia a configuração do povo tal como, por exemplo, como os índios moravam? Como os índios se vestiam? O historiador não interpretaria mais e sim catalogaria, fazendo um nova história de se fazer história no séc. XIX.



O ESPETÁCULO DAS RAÇAS CAP. 1 e 2 - Liliam Schwarcs.

A autora fala de como o conceito das três raças foi  incorporado pelas elites do séc. XIX no Brasil, o temo raça já existia, porém com outro significado, a partir das teorias deterministas do evolucionismo social com seus pensamentos racionalistas. No Brasil foi o determinismo racionalista das raças indú, etíope e moura que tinham seu arcabouço na teoria biológica; todos os povos tinham noção de eugênia, aqui tabalhava-se sobre isso pelas suas configurações serem hereditárias: cada raça tinha seus atributos, ao nascer jamais se livrariam disso como a capacidade física. 


Darwin
Segundo Darwin as espécies não desapareceriam, elas evoluiriam, havia uma transição do mundo biológico para o mundo social; eram chamadas três raças por causa de sua hereditariedade, a evolução das  características eram determinadas pela igreja: negros africanos, judeus e ciganos. A alteridade (é a forma que eu vejo o outro e gostaria que ele agisse igual a mim) transformaria essa diferença em exploração do outro; no séc. XIX essas teorias fizeram sucesso umas com a teoria determinista: a raça, essa teoria não foi sistematizada por que os negros no Brasil não eram pobres como os da Europa, os intelectuais trouxeram isso para cá, discutindo essas técnicas agora considerados “classes perigosas: os povos indígenas misturados com os negros, escravos, brancos, antes os negros eram escravos tratados como escravos, agora eram tratados como anormais”, e o estereótipo do branco cristalizaria esse pensamento.

Liliam Schwarcs
A autora (Liliam Schwarcs) pesquisou o conceito dessas raças, era um recorte interno usado de forma mais contundente desde o inicio dos anos 70, e objetivava o estudo social, para isso era preciso buscá-los em seus redutos para uma leitura peculiar a sua realidade, falando de uma por vez, criando assim critérios para sua elaboração:  
critério: localizariam as principais cidades do Brasil na época: RJ, SP, PE e BA nas faculdades de medicina, direito, nos museus e bibliotecas.
os professores não seriam incutidos por que ainda não eram estudados. A miscigenação era uma mistura biológica e com caráter de possibilidades, para alguns isso representava uma maneira perigosa de compor uma nação, o Brasil era formado principalmente pelo mesticismo, as raças seriam formadoras das seguintes formas: vermelha: índio americanos, amarela: orientais, branca: europeu e a negra: africanos.

O mesticismo era especifico e no Brasil havia uma diferença do colonizado e do habitante: crióulo, eram filhos de africanos nascidos aqui desde ± 1880 – 1890 e tem um designativo discursivo e o criolo que no Brasil esse termo é sinônimo de vulgaridade, é um termo pejorativo.

Categorias etno-raciais: ± 1920 – 1930: cor da pele, cor do cabelo, traços fisionômicos: lábio, nariz, cabelo, origem e estado legal: 1890. O africano preto ou africano: creolo e o cabra. O pardo divide-se em claro: mulato, era o livre e o escuro: relativo a cor da pele, o português é o branco. Os livres, libertos/forros, escravos desde 1821 eram ingênuos. Preto, pardo: branco, índio, e amarelo. 

O amarelo, negro e o mestiço tinham entre sí um conflito e disputas, ou seja, eram descritivo de pertencimento a valorização e hierarquia social. A origem é no sentido de pertencimento étnico, a noção de negritude na África era diferente por causa do panafricanismo, tudo isso fazia parte de um controle social decorrentes de três séculos anteriores. Havia toda uma categorização do corpo como marcas, cicatrizes, marcas de grupos étnicos, além da ligação entre a policia e os senhores.

Teoria deterministas do séc. XIX:

1 O evolucionismo cultural: paradigma legitimador dos determinismos científicos. 
1.2 Os determinismos como ciências: Geográfico/biológico - Sexual: era mais importante que o sexual e o moral/racial: social, classe.
1.3 As interfaces com o evolucionismo biológico de Charles Darwin incorporou um paradigma biológico as relações sociais: o denominado “darwinismo social” → limites.
1.4 As técnicas - a frenologia francesa e as técnicas lombrasianas
1.5 As práticas - a identificação judiciária criminal, os gabinetes da antropologia educacional e os procedimentos médicos e psiquiátricos.
1.6 As representações ideológicas ou imaginarias: o racismo, as classes perigosas, os degenerados e pervertidos e os anormais e incapazes.
2 As apreciações do paradigma determinista/evolucionista no Brasil.
2.1 As instituições e seus objetivos
2.2 Peculiaridades e especificidades
2.3 Ações praticas resultados e continuidades históricas, sociais e culturais na sociedade brasileira
2.3.1 O imaginário determinista na representação e pratica: o olhar determinista do senso comum, as discriminações do imaginário cultural e as praticas hierárquico-discriminatórias e a legitimidade “cientifica”

Os senhores dos escravos contratavam professores para alfabatizá-los para poderem fazer com que eles contabilizassem a produção e alguns eram letrados. Os negros se alistavam no exercito e marinha para fugir da escravidão; quando os senhores iriam requisitá-los, o pedido era negado por que agora eles pertenciam ao Estado, não terminava com a escravidão, mas se livravam da tutela de seu senhor e de sua mãe. O negro: força física, o branco: intelectual racial e o índio: capacidade adaptativa

A carneJulio Ribeiro (determinista)
Geografia: o clima determinava o comportamento sexual
Biológico: determinava o sexual e social, onde o sexual seria o mais importante.

As teorias racistas não tinham nada a ver com Darwim, pois elas ocupavam um caráter nacionalista e nas décadas de 1870 as leis abolicionistas dominavam os processos de liberdade; o Estado deveria “protegê-los” e se protegerem de si mesmos. A antropologia educacional identificou-se com o corpo da criança para futuramente identificá-la e a psicologia definiria o seu caráter, pelo uso de técnicas antropológicas. 


Roger Chartier

Uma pratica não existiria sem uma representação, as pessoas agiam por que elas acreditavam naquilo que elas pensavam ser certo, nesse sentido não havia coletividade. As mulheres que não se enquadrassem na sociedade eram consideradas histéricas e sofreriam posteriormente de lobotomia, o caráter apresentava aspectos morais: com quem ela morava? Com quem ela saia? Todos tinham uma influencia de Chartier.




Sobrado e mucanosGilberto freire (ascensão de bacharel e do mulato)

Mascavo = mulato

Pertencia a uma classe dominante e que melhoraria os quem escreviam e estudavam: bacharéis em direito, medicina, recibiam soldados e eram padres . Objeto seria a trilogia que buscaria “entender”, compreender o “psico-social” e historicamente a trilogia a partir das antinomias:

Casa grande e Senzala: 1933 – relação escravos X senhores
Sobrados e Mucamos: 1936 – relação morador de sobrados X cortiços e mucamos
Ordem e Progresso: 1942 – republicanos democratas X autoritarismo político.

Relação morador de sobrados X cortiços e mucamos (bacharel ↔ autônomo (mulato). 
Jazigos e covas rasas: compreende a sociedade brasileira pelas relações que a caracterizam, Gilberto freire é considerado um autor saudosista que entende muito bem a sociedade em que vive a brasileira, além de Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr que recorriam a sociedade brasileira na época da colônia para entender o presente: o seu tempo – 1930. Sérgio Buarque de Holanda dizia que as raízes do Brasil reconheceriam os problemas pela falta de interesse em incluir a sociedade em seu contexto.

Gilberto Freire
Gilberto freire fazia uma apologia do passado ao senhor do engenho como pratica no sentido de perdê-lo e conseguir levar adiante os tópicos, onde o brasileiro tinha uma tendência masoquista e era necessário um controle para esse tipo de comportamento. O lugar social (mestiço e mulato) eram a atuação política individual, onde o mulato tinha o sinônimo de rebelde, era um mestiço de relações interpessoais. Sem fonte não haveria história e em 1936 Gilberto freire se utilizaria dessas várias premissas e fontes para basear o seu trabalho e a veracidade dessas provas; o mulato era oriundo de duas matrizes raciais, no Brasil ele poderia ser filho de escravas livres e mestiças e através da escolarização poderia ascender futuramente como bacharéis, podiam ainda ter filhos de mulatos com mulatos possivelmente livres e ou por apadrinhamento. 


 

Alguns eram realmente filhos de brancos e como havia muitos mulatos estudantes de direito era muito provável que eles se casassem com moças brancas. A farda escolar surgiria como forma de controlar o racismo no sentido de uma filha abastada estudar ao lado de uma lavadeira.




A Carta de Rábula era composta por advogados comissionados (chave de cadeia).
Mascates eram comerciantes e imigrantes que trabalhavam no comércio e que seguiam o mesmo ramo que o pai, onde muitas vezes se sobressairiam aos filhos dos senhores de engenho.


 
Fogo – José Lins do Rego. Na década de 1870 os bacharéis atuavam em todas as áreas até que começaram a ser rechaçados pelas teorias racistas, sendo considerados degenerados; pois havia uma rede de confiança entre o mulato e o negro mulato e brancos, mesmo assim eles continuavam ascendendo em suas carreiras.