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Constituiu o principal centro produtor de prata durante o período colonial.
As transformações fizeram surgir novas técnicas com a introdução do amalgama antes inexistentes para as novas fases, havia o problema da das escavações em galerias, onde os mineiros pagavam a quinta parte do produto aos escavadores dessas galerias, sendo que não havia comunicação entre elas por serem horizontais. O tratamento do amalgama necessitava de uma aparelhagem complexa e cara, os moinhos moedores dos minerais variavam desde os manuais até os puxados por cavalos e pela força hidráulica, essas maquinas foram aos poucos substituindo as mais primitivas.
- A “mita”: foi
instaurada pelo Vice Rei Francisco de Toledo com o intuito de arrecadar a
máximo possível das minas de Potosi, e essa nova prática estava relacionada
diretamente (em tese) com os costumes incas dos deveres do individuo ao Estado.
Com o tempo, esses trabalhadores foram sendo requisitados pelo Estado
inicialmente por um a cada trinta anos. Os aldeões fariam de tudo para não
serem convocados para esse tipo de trabalho, a ponto de abandonarem suas
famílias, o que arruinaria os campos.
As Minas de Potosí localizam-se no
Alto Peru, atual Bolívia.
Constituiu o principal centro produtor de prata durante o período colonial.
A sua exploração em grande escala foi
possibilitada pela descoberta, em 1563 de jazidas de mercúrio em Huancavelica. O sistema de exploração mineira era
baseado no trabalho indígena, por meio da mita. A prata foi o produto americano
mais apreciado pela metrópole. Estima-se que 1/3 da produção tenha
circulado às margens dos controles fiscais.
Em princípio o
solo pertencia ao rei, não havendo proprietário e sim concessionários, a eles
era garantida a exploração e recebiam o nome de “mineiros”, eles eram numerosos
e de todos os tipos, na localidade de cerro havia aproximadamente 577
concessionários para 94 filões que por sua vez eram concedidos por pedaços de
“varas”, medindo aproximadamente 836 cm; os ricos recebiam aproximadamente 12
varas, ficando em mais ou menos 10 metros.
Os
concessionários eram compostos desde o rei, altos funcionários, viúvas de
colonos, não raro índios e portugueses, italianos e ingleses, o que imperava
era a não exclusividade sobre a região a ser explorada, por isso da insanidade
desses personagens em relação à procura da prata e outros metais preciosos. Os
capatazes na sua grande maioria eram os responsáveis pela captura das riquezas
em nome dos grandes concessionários.
Fases da
exploração
1ª Fase: 1545 –
4564 foi o período onde os índios com suas guairas detinham as técnicas nesse
empreendimento mineiro por apresentarem-se como proprietários das concessões a
serem exploradas através das “varas” dos filãos. Eram chamados de
“índios varas”, recebiam brocas e carregavam candeias para desempenharem seu
serviço na boca da mina, onde o proprietário lhes vendia o mineral extraído a
“olho” que por sua vez seria transformado em metal revertido ao lucro.
2ª Fase: 1570 –
1572 a mão de obra aumentaria proporcionalmente as “mitas” ou pelo trabalho
forçado, nesse ínterim as técnicas já não admitiam mais o manuseio dos minerais
pelos índios. Os “mytaios” ou índios requisitados nunca eram o suficiente para
a crescente exploração, sendo necessário alugar mão de obra livre ao preço de 4
réis diários, e aos submissos podendo chegar a 3 réis.
As diferenças
faziam ser notadas pelo fato de o trabalho por aparentemente ser livre,
desempenhava um papel importante, revelando a complexidade que era trabalhar
nas minas de Potosi.
As transformações fizeram surgir novas técnicas com a introdução do amalgama antes inexistentes para as novas fases, havia o problema da das escavações em galerias, onde os mineiros pagavam a quinta parte do produto aos escavadores dessas galerias, sendo que não havia comunicação entre elas por serem horizontais. O tratamento do amalgama necessitava de uma aparelhagem complexa e cara, os moinhos moedores dos minerais variavam desde os manuais até os puxados por cavalos e pela força hidráulica, essas maquinas foram aos poucos substituindo as mais primitivas.
A importância
dessas minas foi tão relevante, que elas eliminaram do mercado as minas de
prata alemãs, agora a quantidade desses minerais é que ditariam as novas ordens
econômicas do mercado.
Era composta por
mitaios, escravos e mão de obra livre, essa relação de trabalho mineiro
historicamente nos remete a simbologia opressora colonial espanhola sobre os
índios; a brutalidade de alguns mineiros compostos por capatazes (pongos) era
algo absurdamente desumano. Os testemunhos de Las Casas eram verdadeiras
tormentas sendo ele e Domingo de Santo Tomas os porta vozes desta massa
oprimida aonde chegaram a dizer que a prata enviada à Espanha era composta pelo
suor e sangue dos índios.
- Os donos ou
capatazes eram “duros”: sempre que os índios reclamavam de cansaço e fadiga,
eram chamados de cachorro, pois haviam trazido pouco metal e demorado demais
para extaí-lo da terra.
- O trabalho era
insano: a verdadeira ameaça para os índios segundo o Villar era a pneumonia,
pois os índios saiam do interior das minas com a temperatura altíssima e ao
chegar à superfície da montanha, sendo que a altitude do local era 4.000 metros
de altura, eram expostos aos ventos, com o passar do tempo mais as doenças
respiratória e entre elas se destacava a silicose pulmonar, iam matando os
índios paulatinamente. - O trabalho era
mal pago: o mitaio requisitado tinha direito a receber um “jornal” de prata
onde poderia pagar pela sua alimentação, equivalente a 3 réis, sendo que
dificilmente receberia essa quantia do dono que por sua vez pagava somente uma
parte do soldo. O índio alugado livremente, o “mingado” recebia a quantia de 4
réis com direito a argumentar o pagamento recebido, fato este motivador de grandes
desordens. Esse índio faltava com freqüência ao trabalho, levando o
proprietário da mina a fazer muitas queixas.
Vice Rei Francisco de Toledo |
- A escravidão:
hipoteticamente, a Lei das Índias se oporiam a esse tipo de prática, pois o
índio era escravizado por 80 pesos, sendo eles um verdadeiro mercado de homens,
visto que o clima não permitia a introdução de escravos negros.
A defesa dos
índios
Por mais que se
defendessem os índios, as brutalidades cometidas contra eles existiam o tempo
todo, na verdade nem uma lei que se fizesse forte em relação a essa proteção
foi de fato posta em prática, o argumento usado para se utilizar da mão de obra
indígena era de que o sistema estaria comprometido se as leis fossem de fato
seguidas, afinal essas mesmas leis deveriam proteger a obra colonizadora.
Apesar de a maioria desobedecer tais leis, havia os que de fato
respeitavam-nos, pois eram homens honestos e justos, a ponto de criar certas
instituições de segurança social como as casas de previsão, inspeções nas
minas, cuidados médicos nos hospitais, esse aspecto social e moderno é que
permitiu exaltar as instituições coloniais espanholas.
Os mitaios não
iam as minas de Potosi por conta própria, na maioria das vezes eles se
rebelavam, fugiam e com muita freqüência como foi citado anteriormente abandonavam
suas aldeias e nunca mais apareciam.
Sistema de
realização do produto
A prata
beneficiada do material bruto era vendida no próprio estabelecimento, com o
quinto devidamente separado para o rei, os índios participavam dessa
tramitação, desde os tempos em que eles tratavam o mineral em suas “guairas”
(fornos), sendo que o direito de traficar esse material nunca lhes foi
retirado, em virtude disso, a disponibilidade desse material ocorria por
diversos fatores:
1 o costume do
manuseio desse minério permitia trabalhar as minas nos finais de semana até a
segunda pela manhã para seu próprio beneficio;
2 os tipos de
contratos para esse tipo de trabalho eram pagos em frações do material
recolhido, ou através de fragmentos de ligação de mercúrio-prata, acordos esses
entre os capatazes e a mão de obra. Esses indos
vendiam esses minerais em mercados públicos especializados, isto é, essas ligas
em troca de moeda corrente, essas negociações eram feitos pelos mais
experientes vendedores e compradores. Esse tipo de negociação começou a
desagradar os mineiros, pois os índios eram arrancados do mercado de trabalho
para esse outro tipo de mercado.
Por causa dessas reclamações, os cabildos começaram a proibir esse comércio e alegaram sob falsa acusação de que o ouro negociado era roubado, os índios por sua vez reagiram e a decisão foi anulada. As ordens religiosas diversas vezes entraram em atritos, pois enquanto umas defendiam o uso dessas praticas escravagistas, outras diziam que o mercado livre seria a única defesa para eles. Todas essas inquietações revelavam a verdadeira dinâmica social que as minas de Potosi representavam.
Por causa dessas reclamações, os cabildos começaram a proibir esse comércio e alegaram sob falsa acusação de que o ouro negociado era roubado, os índios por sua vez reagiram e a decisão foi anulada. As ordens religiosas diversas vezes entraram em atritos, pois enquanto umas defendiam o uso dessas praticas escravagistas, outras diziam que o mercado livre seria a única defesa para eles. Todas essas inquietações revelavam a verdadeira dinâmica social que as minas de Potosi representavam.
Referência:
VILLAR, Pierre.
Ouro e moeda na História: 1450-1920. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
Senhor leitor, todas as imagens foram retiradas do site de pesquisa Google, não se sinta ofendido se por ventura, uma das imagens postadas for sua, a intenção do blog é ilustrar didaticamente os textos e não plagiar as imagens. Obrigado pela compreensão.
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