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quinta-feira, 5 de junho de 2014

A arte no Brasil colonial

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"A arte diz o indizível, exprime o inexprimível e traduz o intraduzível". Leonardo da Vinci

Toda a arte desenvolvida no Brasil colonial só foi possível por causa das ocupações, explorações e pela colonização, as terras de cá passaram de “paraíso terrestre” para “terra do demônio”, mas a coroa lusa tinha que se fazer presente, pois demandava um novo projeto mercantil que desse conta da logística de fazer a mais importante de suas colônias darem certo. O Brasil apresentava todas as condições para que essa empreitada desse certo, diferente do restante das colônias espalhadas pelo mundo todo. Aqui as explorações estavam voltadas para a exploração açucareira e mineral. Mandavam produtos in natura e recebia produtos manufaturados da metrópole, inicialmente os índios eram utilizados como mão de obra. Os novos habitantes “brasileiros” compunham a classe de portugueses nobres, aventureiros, degredados, clérigos, cristãos novos que fugiam da inquisição. A colônia brasileira havia se tornado o novo “eldorado” como ocorria nas colônias espanholas latinas.

O nordeste brasileiro do século XVI havia se tornado o novo celeiro para as artes, representadas inicialmente pelas casas e capelas ornamentadas com cruzes trabalhadas e entalhadas em madeira brasileira, bem como as abóbodas, em talhas e barro, embora fossem bastante primitivas as técnicas. Nesse ínterim começava a conversão dos índios ao cristianismo, afinal a coroa portuguesa necessitava de novos fieis católicos que lhes devessem obediência, isso se fez presente através da catequese, misturando a cultura tupi para facilitar esse aprendizado.

Os jesuítas se inteiraram do cotidiano indígena e assim se faziam entender e ao mesmo tempo entendia-os, podendo posteriormente aplicar o seu catecismo, ensinando-lhes a importância do novo Deus, embutindo-lhes a idéia de bem e mal, deus e diabo, onde somente pela nova religião eles seriam salvos. As pinturas eram tidas como algo blasfemo para eles, e deveriam parar essa tradição, bem como não andarem mais nus, e comerem as pessoas em rituais antropofágicos; rapidamente a população indígena foi se adequando a esses aprendizados em menos de 200 anos. Mesmo trabalhando em nome da coroa lusa, os jesuítas contrariavam o uso da força bruta utilizado na mão de obra escrava. Em torno de 1557 o teatro foi introduzido no Brasil pelo padre José Anchieta através das artes dramáticas.                       

Posteriormente vieram à musica, as danças indígenas, o artesanato graças aos engenhos açucareiros que se utilizavam de moveis, luminárias, tapetes, vasos, objetos de cozinha. Mas as artes que se destacavam eram a religiosa empregada nas igrejas através de suas esculturas, o colorido das imagens e santos se fazia presente o tempo todo, logo seria aberto espaços para as pinturas sacras e posteriormente para a música.

Todo tipo de construção dos quinhentos era feita com técnicas e materiais locais, onde as igrejas, capelas e colégios jesuítas faziam o uso de barro cozido e pedras colocadas para erguerem os prédios, complementava ainda essa massa restos de conchas e esqueletos misturados como óleo de baleia para reforçar a estrutura das paredes. Embora essas construções fossem feitas por muitos artistas de renome, grande parte delas foram destruídas no período das guerras contra os holandeses.                 

A arquitetura brasileira da época era representava diferentes fases da arquitetura européia, destacando-se a pintura, ourivesaria portuguesa influenciada pela arquitetura espanhola, francesa e italiana.Todas as construções feitas no século XVII eram simples, mas ostentava um gosto apurado em seus detalhes, posterior a ocupação holandesa, isso ficou evidenciou-se nos templos e monumentos que substituiriam as igrejas iniciais, apesar de algumas ainda conservarem suas características em seu interior por causa da riqueza de suas pinturas e esculturas.

Nos conventos franciscanos imperava a arquitetura religiosa dos jesuítas por causa de sua riqueza barroca caracterizada por arcadas dispostas por espaços livres e pelas paredes revestidas de azulejos. A presença religiosa sempre foi forte e se destacava pelos escultores beneditinos, mas o mudou esse cenário foi à vinda de Mauricio de Nassau e sua comitiva de pintores para cá. A maioria desses pintores era judia, portanto não obedeceriam ao padrão católico de pinturas, podendo pintar temas tido como profanos pelos católicos, isso seria impensável em tempos de inquisição na Europa cristã.

Franz Prost e Albert Eckhout formam os mais notáveis a documentar as paisagens, costumes, tipos étnicos, a fauna e a flora, tudo isso através de desenhos e gravuras, com uma perspectiva romântica daquele período quando tudo girava em torna da visão religiosa. Com o progresso da mineração em MG, os latifúndios perderam espaço para a realidade aurífera, e a terra já não tinha a mesma importância de antes, nesse ínterim a colônia passaria a ser a maior produtora de ouro do mundo; novos tributos e formas de exploração foram criados, piorando a já situação existente.

O ouro, porém aumentaria o numero de comerciantes, empresários e artesãos; os músicos agora apareceriam com o destaque merecido interagindo com a aristocracia através de festas e saraus. Toda essa prosperidade estreitou os laços de amizade com a igreja, através das irmandades responsáveis pela introdução das praticas religiosas nos setecentos. Eram entidades ricas e cada uma procurava ostentar sua riqueza e “pomposidade” sobre a irmandade concorrente, quem sairia ganhando era o patrimônio artístico da arquitetura barroca religiosa.

O progresso artístico dos segmentos na sociedade mineira serviram para aperfeiçoar ainda mais a originalidade expressiva da arte “verdadeiramente brasileira”, um desses exemplos foi Aleijadinho-Antonio Francisco Lisboa, onde imperava o barroco-rococó. Em seus trabalhos denotava-se a exuberância do ouro e das cores imortalizados no conjunto de obras expressivas caracterizadas pela arquitetura religiosa barroca.

Igreja de Mariana
Antes de sua expulsão, os jesuítas empenharam-se o máximo para desenvolver as faculdades artísticas, e delas foram criadas vilas, povoados, muitos colégios religiosos, missões, seminários onde se aprendia o latim, ler e escrever, além de filosofia e retórica. Dentre aos seminários, os que mais se destacaram foram os de Mariana (MG) e o de Olinda (PE), sendo eles as primeiras instituições do Brasil a ensinar o nível superior mesmo que não institucionalizado.

A arquitetura de Olinda destacava-se pela sua arquitetura religiosa, pois no interior de seus templos as esculturas brilhavam bem como a pintura no foro das igrejas, todas no estilo barroco-rococó; na Bahia José Joaquim da Rocha se destacou pela pintura do foro da igreja de Nsa Sra da Conceição da Praia. João de Deus Sepúlveda deixaria suas marcas em Pernambuco, através de suas pinturas sacras a maioria feita nos tetos das igrejas; em Olinda mais precisamente no mosteiro de São Bento, o altar e a capela mor destacar-se-iam por todo o século XVIII.

As artes populares teriam como representação o lundu, uma espécie de ritmo descendente do fandango espanhol, sua coreografia era um escândalo para os padrões da época, sendo refutada pelas autoridades e bispos portugueses. Independente do ritmo, a musica sempre esteve presente nos acontecimentos culturais, nas igrejas e em festas sociais e militares. Era notória a presença de destaques brasileiros na arquitetura, escultura e pintura, principalmente no setecentista mineiro, destacados pelas obras de alto nível estético se for levado em conta a distancia dos segmentos sociais.

Quem soubesse tocar ou possuísse mais do que um instrumento musical era tido como algo realmente espetacular, onde se tocava desde Haydn, Pleyel e outros compositores europeus que serviam de inspiração para os músicos brasileiros. No Rio de Janeiro, a situação melhorou circunstancialmente depois da vinda da família real, onde as peças musicais religiosas e profanas teriam seus destaques. Em São Paulo, esse movimento se faria presente com os mestres das capelas, compositores e professores.

Na capital carioca o que florescia eram os homens influentes, negociantes, imigrantes, tudo era novidade e progresso na cidade, como por exemplo, a construção do primeiro Aqueduto da Carioca (1719), este supriria a cidade de água. Mesmo antes de a cidade passar a ser capital da colônia, já contava com suas magnificências religiosas, como os mosteiros de São Bento, os Conventos de Santo Antonio, Santa Tereza, as igrejas de São Francisco da Penitencia, Nossa Senhora da Gloria do Outeiro, Nossa Senhora de Bom Sucesso e São Pedro dos Clérigos, todas essas construções baseavam-se em plantas retangulares de padrão racionalizador.


Todas essas melhorias urbanas e arquitetônicas foram essências para se tornar a capital do Vice Reinado português. Essas mudanças arquitetônicas denotavam certa “simpatia’ iluminista, agora uma tendência urbana. Esse estilo era visto em obras como o Passeio Público com seus jardins e esculturas, chafarizes, etc. esses projetos obedeciam diretamente o estilo europeu empírico, sem o uso do estilo neoclássico exigido. Antes da vinda da corte real ao Brasil, a cidade fluminense já sofria influencia da capital lusa, ora pelo Ateliê de Mafra, ora pelo urbanismo arquitetônico e urbanísticos desde o grande terremoto que arrasou Lisboa em 1755, quando o iluminismo influenciou fortemente a capital portuguesa. Surgiram então os mecenas, confrarias, artistas leigos e principalmente pintores mulatos ou escravos.

Diferente dos artistas nordestinos, os cariocas não se utilizaram do estilo barroco-rococó em suas obras; mesmo com a influencia religiosa sobre os temas das pinturas, ela já sofria mudanças tendendo ao profano, essa pintura não mais aparecia como um elemento puramente ilustrativo, agora ela tinha consistência.

Nau Medusa
Após 1808, foram criadas leis e instituições de incentivo a nova vida cultural como a venda e produção de livros de leitura, embora se soubesse das impressões clandestinas, agora era lei regia a publicação desses jornais, livros, revistas. Com a implantação da impressão régia, houve a substituição da Real Oficina de Lisboa, chegados no Rio de Janeiro pela nau Medusa. Ocorreram mudanças ainda em relação à Real Biblioteca que substitui a de Lisboa, agora com o acervo pessoal de D. João VI; esse fato foi relevante ainda mais por proporcionar a vinda dos arquivos do Ministério dos Negócios Estrangeiros português, sendo que depois do retorno da família real a Portugal, parte do acervo permaneceu no Brasil. Outras implantações foram feitas agora na capital d além mar, como o primeiro jornal diário, primeira fabrica de papel, agora a colônia contava com a presença da Orquestra da Capela Real, realçada por cantores italianos, portugueses e austríacos.         

Real Teatro São João
Foram construídos ainda o Real Teatro São João, o Jardim Botânico, além dos primeiros cursos superiores. Outro fato importantíssimo foi à negociação de uma delegação francesa em 1816 composta por artistas, professores, arquitetos além de pintores como Debret, apesar das negociações, a delegação de fato começou trabalhar de fato a partir de 1826.


Real Academia de Artes
Suas contribuições foram essenciais para a implantação do ensino artístico no Brasil para a atualização de nossa arquitetura, agora com o estilo neoclássico, retratado por Debret através de desenhos e pinturas a vida do cotidiano brasileiro. Houve ainda a modernização dos projetos urbanos dos prédios cariocas, a Praça do Comércio, a PUC e a Real Academia de Artes. Com o retorno da corte a Portugal, o país passaria a condição de Reino Unido.

Como era de se esperar, a colônia passaria a frente da antiga metrópole, e a independência da colônia já se fazia presente há algum tempo no contexto brasileiro; depois da independência, sua integridade nacional foi preservada, situação diferente das ex colônias espanholas. Apesar de todas as dificuldades que o Brasil enfrentou até o século XIX, foi inevitável o florescimento da “cultura-artistica” brasileira, mesmo sem recursos, dinheiro, financiadores e diferenças regionais, o país mostrou que aqui havia pessoas talentosíssimas, de várias etnias, raças, cores, credos e mesmo o acesso as artes ser restritos a um grupo, a sociedade nos deu provas de excelentes artistas nas áreas da musica, teatro, artes plásticas, passando agora a ser uma nova corrente imigratória de talentos.

Referências

D´ARAUJO, A. Luiz. A arte no Brasil colonial. Rio de Janeiro: Ed. Revan, 2000.

Senhor leitor, todas as imagens foram retiradas do site de pesquisa Google, não se sinta ofendido se por ventura, uma das imagens postadas for sua, a intenção do blog é ilustrar didaticamente os textos e não plagiar as imagens. Obrigado pela compreensão.

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