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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Império Bizantino


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"A finalidade da arte é dar corpo à essência secreta das coisas, não é copiar sua aparência". Aristóteles




                                              O Império Bizantino
                                                                                                               



O império bizantino foi de suma importância para o ocidente cristão quanto para os mundos muçulmano e eslavo, seu nome por si só já é questão de problemática, por que não tem conotação de etnia, mas sim de civilização direcionado a quem fala o grego e a religião cristã ortodoxa. A vulgaridade quanto ao nome deu-se a partir do séc. XVI depois do desmembramento com o império romano. De certa maneira isso fazia algum sentido, pois o que era agora o império bizantino, o império romano havia sido um dia, um dos pontos em comum que essas duas civilizações tinham em comum era o idioma, elemento determinante para direcionar suas vidas e pensamentos. 


Nesse sentido os bizantinos haviam herdado dos romanos e dos gregos o mesmo modo de pensar em relação a quem não era bizantino agora era rotulado como bárbaro; esse novo estado bizantino foi a fusão de várias culturas, povos, civilizações vindas de todas as partes daquela época, se misturando principalmente com a raiz latina e os elementos greco-romanos ocidentais e dessa fusão surgiria essa nova formação de povo com suas características próprias, sendo esse um dos fatores para que esse entendimento se tornasse um tanto frágil, pois o idioma grego era sinônimo de requinte e a idéia de um imperador visto como um semi-deus era inconcebível para os ocidentais, afastando-os assim dos ocidentais.


Até mesmo o cristianismo que serviria de “ponte” acabou por se isolar, os orientais sempre foram considerados mais especulativos do que os cristãos, eram mais voltados as tradições religiosas mais antigas no contexto egípcio-mesopotamico, além da filosofia grega, já o cristianismo era voltado para o sentimento e reflexão. A igreja era tida como um conjunto de fiéis, vivos ou mortos, para os ocidentais ela era vista como uma espécie de pratica religiosa que não poderia ser objeto de estudos, daí ela designar um novo corpo sacerdotal pra trabalhar essa questão, onde essas pessoas monopolizariam o dom da palavra e os meios para conseguir chamar essas pessoas para o “seu lado”. 


Constantinopla era de fato uma ex-colônia grega e havia sido transformada em capital do império bizantino pelo imperador Constantino em 330 pela sua privilegiada localização geográfica, situando-se num centro comercial em todas as direções, além de estar estrategicamente favorecida pelas defesas naturais, isso fazia dela o maior centro habitacional do mundo antigo, superando qualquer outro império até então. Pelo fato de ser exatamente esse entre posto de pessoas, era natural que sua cultura passaria a adquirir um pouco de todas as culturas, mesmo apresentando preconceitos em relação a isso, era impossível não se render a toda essa aculturação.


Todos os setores de Bizâncio foram influenciados como se podia ver na arquitetura das igrejas, catedrais, estatuas, pinturas, o direito romano e principalmente a filosofia grega; a ciência seguiu os mesmos caminhos, a capital bizantina havia se tornado um forte referencial para toda a Europa e principalmente para a Itália, onde futuramente seria a representante do renascimento dos séc. XV – XVI e por causa desse fato a modernidade estava cada vez mais próxima, isso porém não acontecia de maneira isolada, as estruturas de modificação eram ligadas umas as outras.


As Estruturas Religiosas



O homem era um misto de tudo que se poderia imaginar, frente a isso, tudo o que fosse feito demandava uma análise política, econômica, cultural e qualquer outra manifestação humana, sendo necessário uma metodologia


No caso do Bizâncio isso se aplicaria a religião, responsável pólo poder do imperador motivado a uma justificativa de uma política exterior onde trabalhava o significado da produção cultural, onde se considerava fatos e acontecimentos desde o cotidiano social até a vida e a morte, mais do que isso, o império representava o que viria a ser um “pedaço do reino dos céus” na terra, uma cópia perfeita do que o homem poderia esperar, por isso o homem deveria ser justo e penitente, mas como ele não era, o fracasso de Bizâncio foi atribuído a isso, por ser dominado pelo pecado, o próprio Deus puniria a capital e baniria esse pedaço sagrado da terra afastando-a das prelazias divinas. 


Essa religiosidade pode ser observada em três episódios: a extensão e influencia da estrutura eclesiástica, a exaltação da espiritualidade popular e as controvérsias teológicas com pesados desdobramentos políticos e sociais. A igreja se considerava a herdeira legitima dos poderes divinos, pois ela se julgava interprete infalível das coisas divinas e humanas, convictos de que não eram inferiores a ninguém e poderiam assim se apresentar como senhores e juizes dos dogmas impostos por eles.


Foi assim que se deu a mistura bizantina do tempo e do espírito, o imperador possuiria esses dois elementos, mesmo assim teria como um “conselheiro” o então criado “patriarca” para ajudá-lo nas questões divinas e terrestres. Esse novo cargo viria a suprir algumas passagens da história bizantina onde ele faria o papel do representante máximo na falta de qualquer regente que fosse chegando ao ponto de muitas vezes ser superior ao próprio rei a ponto de ter o poder de excomungá-lo e fazer com que pagasse por penitencias aos ofícios religiosos. 


Esses dois personagens representariam a concórdia do ponto de vista espiritual e material a capital Constantinopla, abaixo desse cargo havia toda uma “legião” de representantes para cuidar do povo, distribuídos nos cargos de bispos, arcebispos e padres; a partir do séc. X os bispos foram solicitados a conviver com os monges, esse fato elevaria o seu nível moral e diminuiria o seu nível intelectual. 


Com essas mudanças as pompas do prestigio desses representantes foram decaindo e a popularidade monástica aumentava significativamente a ponto de existir quase 200 mosteiros para 8 igrejas. Com esse sucesso a realidade começou a mudar a ponto de todos os donativos doados aos mosteiros enriquece-los tanto que em certos momentos da história desses representantes sua vida mundana falava mais alto do cargo que deveriam representar. 


Os monges foram responsáveis por evangelizar os povos da Europa Oriental, ampliando seus poder e influencia sobre os bizantinos, destacavam-se também por se diferenciarem da vida monástica que era a representação de antítese da vida social. Segundo Ducellier: “o monge, é de todos os pontos de vista, “um anarquista”, sendo o personagem mais popular da sociedade bizantina. 


A igreja de Bizâncio sempre esteve mais próxima da religiosidade popular do que a igreja ocidental, em Bizâncio não se estabelecia uma regra teológica rígida a ser seguida pelos cristãos, havia sim uma tolerância em relação a isso, onde cada individuo poderia escolher a sua salvação da maneira que desejasse; por causa desse tipo de pensamento era natural que as controvérsias religiosas estavam adentrando campos nunca imaginado antes, começando assim uma nova etapa da religião em Bizâncio, onde não raramente as discórdias mais inflamadas terminavam em violência. 


Esses preceitos estavam voltados na sua maioria aos preceitos religiosos na questão da graça divina, isto é, o sagrado presente no meio dos homens e nesse meio buscava-se o ponto de equilíbrio entre o mundo material e espiritual, fato esse que na maioria das festas publicas e privados o laicismo não era exclusivo.






A liturgia se fazia presente no sagrado humano, muitas vezes revivido pelo evangelho que a isso era incorporado como forma de inovação a introdução do teatro, do drama, onde cada fiel pudesse se identificar nesse tipo de representação. Essa mudanças foram levadas tão a sério que aos leigos e ao clero que faltasse mais de três vezes a um culto desses, seriam automaticamente excomungados e depostos, a liturgia não era mais uma representação, mas uma atualização do fato perante Deus. 


Tudo era trabalhado de forma a sublimar a vontade divina e cada ato não era mais só um ato, agora possuiria nova interpretação, a ponto de transformar as pessoas em testemunhas oculares, essas mudanças foram tão importantes que chegaram a interferir na arquitetura das novas igrejas com cúpulas cada vez mais ostentosas de luxo e uma representatividade próxima de alcançar os céus pela altura de suas torres e em seu interior a imagem de Cristo era  montada de tal forma que a impressão que se tinha era de que esse representante divino estava o tempo todo olhando para o homem com um olhar subjugador. 


As mudanças ocorridas se faziam presentes em todas as partes de Bizâncio, porém o que mais chamava a atenção era o valor dado aos supostos relicários que a igreja afirmava pertencer as entidades sacras da bíblia a ponto de aguçar a inveja aos povos ocidentais, tanto que quando Constantinopla foi saqueada pelos cruzados em 1204 todo o  material “disponível”que puderam carregar foram guardados nos mosteiros que pela simples presença nesses locais, eles se transformaram em  locais de peregrinação devido ao valor espiritual dos objetos, transformando esses locais em verdadeiros centros de peregrinação pelo seu prestigio e riqueza. 


Era natural que se criasse toda uma mítica em torno desses relatos e histórias a ponto de as superstições ganharem corpo tanto para quem acreditava ou não nesse tipo de culto, as proporções atingidas chegavam as fronteiras do além e das adivinhações; para entender a vontade de Deus quase tudo era  permitido no campo mítico e espiritual, desde a cartomancia as adivinhações, praticas bíblicas e outros tipos de artimanhas era elaborados o tempo todo para tentar descobrir uma resposta para as aflições terrenas, a ponto da magia se tornar corriqueira entre os bizantinos, mesmo a igreja sendo contra e impondo punições contra isso que poderia ser até a morte. 


As rivalidades começavam tomar forma entre as sés episcopais do Oriente onde Roma teria o arbítrio, porém negaria a autoridade do papa para tal decisão, em Constantinopla as idéias orientais ganhavam cada vez mais força a ponto de passar adiante as rivais de Alexandria, Antioquia e Jerusalém que por sua vez se colocara de frente com a igreja romana na disputa pela liderança dos fies pelo mundo. Assim cada heresia, doutrina, dogma ou rejeição através da igreja e dos concílios ganhavam novas dimensões políticas. 


Uma dessas correntes foi o monofisismo instalado pelo patriarca Nestorio onde ele defendia a doutrina da natureza de cristo ser separada da divina e sua encarnação seria totalmente humana, daí não se aceitava a idéia de chamar sua mãe de virgem, a sé de Alexandria era contra que por sua vez defendia a idéia de união total dessas duas idéias, pela qual negaria o caráter humano de Cristo, enxergando-o apenas como natureza. 


Zenão
Nesse ínterim, o nestorianismo foi condenado como herético, depois o monofisismo sofreria o mesmo tipo de acusação. Zenão um imperador bizantino tentou encontrar uma maneira de diminuir essas desavenças e tentou concilia-las com medidas conciliadoras,  mas só piorou o que já estava ruim, Egito e Síria não quiseram negar o monofisismo e 150 anos depois abriram suas portas para o islamismo, os nestorianos acharam abrigo na Pérsia, China onde trabalharam com os mongóis nas missões dessas régios fronteiriças. 


O papa por sua vez também estava descontente com a decisão do imperador se intrometer em assuntos religiosos e como não poderia puni-lo excomungou-o como patriarca de Constantinopla, criando assim o primeiro cisma entre Roma e Bizâncio. Nessas disputas pelo poder como forma de rechação, foi instituído a iconoclastia, onde negaria a adoração a imagens, ícones ou pintura de Cristo, da Virgem e de todos os santos, na verdade essas imagens eram mais do que simples objetos cultuados, eram verdadeiras obras que eternizariam o tempo, “comprovando” a encarnação de Deus na terra. 


Leão III
Por motivos políticos em 726, Leão III ordenou toda e completa destruição das imagens, isso fez as pessoas expressassem um pensamento incompatível com a essência da espiritualidade do cristianismo em adorar imagens que materializavam o sagrado em forma de pedra, pano ou madeira, mas ao fazer isso, Leão III despertou a ira dos adores que veneravam essas imagens, principalmente as que se encontravam nos mosteiros que era sinal de prestígios e riqueza, essa adoração fazia os jovens se vestirem iguais aos seus representantes divinos e por causa disso desfalcavam em números as outras esferas da sociedade como a marinha, a mão de obra agrícola, o exército e principalmente a redução de impostos, sua intenção era frear o poder monástico que crescia perigosamente. 


Ásia Menor
Os fiéis reagiram violentamente a esse sacrilégio contra a ordem imperial, o fato era que o exercito estava dividido, pois era formado por integrantes oriundos da Ásia Menor e pelos rigores do puritanismo religioso, essa mistura de pós e contras se tornaria perigosa a cada dia a ponto de uma guerra civil estar em iminência; as discórdias aumentavam a todo o momento a ponto da rainha Irene em 787 autorizar novamente a adoração as imagens a para tal cegou o próprio filho, foi destronada e o sucessor também não obteve êxito, até que em 843 com um novo sínodo, convocado pelo poder imperial foi restabelecido o culto as imagens. 


Reino germânico franco
O império bizantino começava apresentar sinais de desgastes e num primeiro momento o poder imperial se viu fraco para impor seu ponto de vista, por esse fato a igreja de Roma sai fortalecida, num segundo momento a oposição de Roma a iconoclastia levou o papado a pedir ajuda aos reinos germânicos dos francos e não a Bizâncio para enfrentar os lombardos, por causa disso o imperador em 768 não poderia mais pedir a ratificação da eleição de cada novo papa, cuja escolha agora era comunicada ao rei dos francos, por causa disso muitos territórios italianos foram perdidos abrindo caminho para Carlos Magno no futuro ser coroado como “imperador dos romanos”; com isso o império oriental perderia poder sobre o ocidente. 


Cisma de Fócio
A situação se agravaria com a cisma de Fócio, onde ocorrera o rompimento das relações dessas duas igrejas, chegando ao ponto de que em 1054 haver a separação total, ou seja, a quebra definitiva da unidade cristã com a igreja católica romana encabeçada pelo papa ortodoxo grego chefiado pelo patriarca. Começaram então as disputas, saques com toda violência imaginável entre as duas partes a ponto de se tentar uma aproximação novamente nos séculos XIII e XV, porém sem sucesso, pois sempre esbarravam na forte  oposição da população bizantina, esse fato só demonstrava o temor do comando bizantino face ao perigo próximo da queda do império, que aconteceria não muito tempo depois, tendo seu desejo expresso na vontade de ver sua bela capital usando um turbando islã do que ter que se curvar perante um chapéu cardinálico.